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Empresa de genro de Dinamite já recebeu R$ 615 mil do Vasco


Segunda-feira, 09/05/2011 - 11:07

No Vasco, os laços entre o presidente Roberto Dinamite e Gerson Oliveira de Almeida Junior vão além dos familiares. Casado com Tatiana, uma das filhas do cartola, Gerson é um dos sócios da empresa Locaflat Agência de Viagens e Turismo, que, entre julho de 2008 e dezembro de 2010 — de acordo com os balancetes analíticos do clube — recebeu R$ 615.273,99 mil de comissionamento por efetuar a logística de viagens referentes aos 20% que lhe cabe, conforme contrato, do valor de R$ 3.076.366,93.

— Não acho nada (ético ou não a relação com o genro). Somente na segunda-feira (hoje) posso falar sobre isso. O Vasco tem inúmeros contratos e preciso ver — disse o vice-presidente de finanças do Vasco, Nélson Rocha.

Firmado em 21 de julho de 2008, 20 dias após a posse do presidente, e autenticado no 15 Ofício de Notas da Barra da Tijuca, somente no dia 11 de março de 2010, com assinatura do escrevente Marcelo Mathias, o contrato com a Locaflat prevê, na cláusula quarta, exclusividade nas operações de logística — viagens, hospedagens, traslados etc. — até o dia 20 de julho de 2011.

Ainda de acordo com o contrato, no artigo 5.1, a Locaflat quitará as notas fiscais emitidas em face do Vasco e que, assim, lhe será devido 20% sobre o valor total. No Brasil, vários clubes usam funcionários do departamento de futebol para executar a função, atualmente terceirizada em São Januário. Consultadas pelo EXTRA, empresas que fazem logística de futebol cobram, em média, 10%.

Além dos 20%, o contrato estabelece que a Locaflat receba R$ 2,5 mil pelo fechamento de cada voo — leia-se despachar a delegação — a quantia de R$ 2,5 mil, "independente do valor da assessoria devida por partida". A comitiva de dirigentes, convidados e até de torcedores em projetos de viagens oficiais ficam sob a responsabilidade da empresa.

Da celebração da parceria até o final de dezembro, os gastos com logísticas cresceram no Vasco: em 2008, foram R$ 324.397,65; em 2009, R$ 1.261.135,21; em 2010, R$ 2.032.905,69.

O presidente Roberto Dinamite, através da assessoria, informou que não falaria sobre o assunto, movido por ódio político.

Atribuições

A empresa presta serviço de agência de viagens, consultoria e assessoria, aérea e terrestre, hospedagens nacional e internacional para todos os setores do Vasco. Isso inclui o time de futebol, a comitiva de dirigentes e convidados. Exemplo: a empresa reserva passagens e hotéis e recebe 20% sobre todo o valor gasto na estada. Tem outras atribuições, como promover traslados, providenciar escolta... Tudo, posteriormente, pago pelo clube com o comissionamento. A empresa pode ter até sala em São Januário.

Competições

No contrato, há o cuidado em especificar as competições a que tem direito de promover a logística e cita, na celebração em 2008, a Série B. A previsão de cuidar de tudo em caso de participação no Mundial Interclubes. No contrato, está estabelecido que as partes podem rescindir o contrato. E que se três notas fiscais atrasarem a empresa pode encerrar o vínculo, que vai até julho de 2011.

Quitação garantida

O fiel relacionamento entre Vasco e Locaflat é constatado no balancete analítico ao qual o Jogo Extra teve acesso. Mesmo com passivo na casa de R$ 300 milhões, o clube fechou o ano de 2010 sem dever um centavo à empresa. Enquanto só na mesma folha do documento, credores com valores inferiores continuam na fila.

No contrato, o parágrafo terceiro da cláusula quinta impõe que, em notas fiscais ou boletos bancários, o repasse do Vasco para a Locaflat seja feito a cada 15 dias. No parágrafo seguinte, a menção de que o atraso da quitação e três notas fiscais é passível de rompimento.

Parceira do Vasco, como estampa em seu site, a Locaflat tem em sua relação de atribuições, além de providenciar locais para realização de preleções e palestras com equipamentos multimídia — mediante ressarcimento, se for cobrado —, promover até a adequação no cardápio alimentar, sugerindo mudanças nas refeições. Em viagens, não é costume dos clubes que os nutricionistas sigam juntos.

Sem conselheiros

Regido pelo Código Civil, contratos de prestação de serviços não precisam necessariamente ser submetido à análise dos conselheiros do Vasco.




Fonte: Extra online