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Rubro-negro é acusado de tentar matar autor do funk 'Trem-Bala da Colina'


Domingo, 08/05/2011 - 06:32

Além da acusação de balear nove pessoas numa briga entre torcedores do Vasco e do Flamengo, no domingo passado, no Barreto, em Niterói, Marlon Cesar Soares de Alvarenga, o Touchê, de 34 anos, é suspeito de envolvimento numa tentativa de assassinato: a de Charles Rodrigues de Oliveira, de 37. Ele é autor do funk "Bonde do Trem Bala", uma espécie de hino do Vasco. Por esse crime, Touchê teve a prisão temporária por 30 dias pedida pelo delegado-titular da 72ª DP (Mutuá), Geraldo Assed, e decretada pela 4Vara Criminal de São Gonçalo.

Segundo as investigações da 72ª DP, onde a tentativa de homicídio foi registrada, MC Charles — como é conhecido — caminhava sozinho pela Praça da Trindade, em São Gonçalo, na tarde de sábado, dia 30, véspera da decisão da Taça Rio. O funkeiro foi cercado por três homens: um deles seria Touchê e os outros dois foram identificados como Grilo e Teco. Eles interceptaram Charles e o agrediram com barras de ferro.

A maioria das pancadas foi na cabeça e o funkeiro ficou internado por quase uma semana no Pronto-Socorro de São Gonçalo, com traumatismo craniano. Charles teve também perda de memória. Ele já foi ouvido pela equipe da 72ª DP e disse não ter visto os agressores. Os policiais já estão com as imagens de câmeras próximas ao local do ataque para analisá-las.

O motivo do crime, ainda de acordo com os agentes da 72ª DP, seria o fato de Charles ter sido investigado por suposta participação na morte de um homem conhecido como Pelé, em 2000. Pelé era integrante do 8º Pelotão (São Gonçalo) da Fla Jovem, grupo do qual Touchê é chefe de torcida. O funkeiro foi inocentado pela Justiça, mas ainda assim amigos de Pelé teriam continuado a persegui-lo.

Touchê consta como acusado também num registro de ocorrência de violência doméstica da 74ª DP (Alcântara), feito no dia 14 de fevereiro de 2007. Segundo o delegado Jorge Luiz da Silva Veloso, ele foi denunciado por agressão pela esposa. Mas a queixa não foi à frente.

Dois dias até se entregar

Touchê, tornou-se conhecido do noticiário policial nesta semana, depois de ter a prisão temporária decretada pela 3ª Vara Criminal de São Gonçalo. Ele é apontado pela 78ª DP (Fonseca) como o homem que atirou em nove pessoas, ferindo-as. Na mesma confusão, duas pessoas foram agredidas e outras 101, detidas.

Marlon ficou foragido por dois dias e entregou-se na delegacia na última quinta-feira. Em depoimento, negou que tenha atirado, mas admitiu que estava no local da briga. De acordo com os policiais da 78ª DP, durante todo o tempo em que foi ouvido, Touchê aparentou tranquilidade. O acusado está preso na Polinter de Neves.

Outros dois suspeitos de participação no tumulto, Raphael de Souza Silva, presidente do 8º Pelotão da Fla Jovem, e Rafael Coutinho Agarate foram presos anteontem. Raphael de Souza é acusado de ter ameaçado um motorista com uma pistola para que ele levasse Rafael Coutinho, baleado, até um hospital.

“Xerifinho da Rua da Feira”

Mãe de Touchê, a vendedora ambulante Ailza Cardoso Gomes, de 61 anos, estava ao lado do filho quando ele apresentou-se na 78ª DP. E diz que permanecerá ao lado dele sempre. Ailza nega que o filho tenha armas e diz que seu único pecado é o amor desmedido pelo Flamengo:

— Quando ele era pequeno, prendia em casa para não deixá-lo andar com esses torcedores. Mas depois que ele cresceu, não deu mais — contou ela.

Segundo Ailza, Touchê sempre teve temperamento forte. Foi na época da escola que ganhou o apelido pelo qual todos o conhecem: é uma alusão ao desenho animado da tartaruga espadachim Touché, que costumava chamar todos para briga.

— Ele fazia isso com os coleguinhas. Mas era só de boca. Na hora em que alguém ia bater nele, saía correndo. Não gosta de brigas — contou a ambulante.

Na Rua da Feira, porém, onde mãe filho trabalham — segundo Ailza, Touchê também é camelô — as pessoas descrevem o rapaz de maneira bem diferente.

— Ele é briguento. Na semana passada mesmo, parou o carro no meio da rua. Um homem que vinha atrás buzinou pedindo passagem e o Touchê arrumou uma confusão danada — contou um camelô, que não quis se identificar.

Segundo ele, o jeito de andar sempre sem camisa e descalço, falando alto e procurando briga já rendeu a Touchê outro apelido: "Xerifinho da Rua da Feira".


MC Charles, autor do funk 'Trem-Bala da Colina'


Fonte: Extra Online