Após bater com 48s72 na prova dos 100m livre, Bruno Fratus olhou para o placar. Viu que além de vencer César Cielo no maior campeonato de natação do Brasil, o Troféu Maria Lenk, havia conquistado o índice para nadar o Mundial de Xangai que ocorre em julho. Fratus ficou alguns segundos paralisado. Olhou para o público, apoiou os óculos na testa, e só então jogou os dois braços para fora d¿água soltando um berro. Escalou o bloco de largada e comemorou o que logo classificou como o dia mais feliz de sua carreira.
"Fiquei um tempo sem saber o que fazer. Não entrava na minha cabeça. Eu queria muito ganhar, mas não esperava", lembra o atleta. Em três semanas de competição e buscas de índice - Fratus participou da tentativa para o Mundial, também realizada no Parque Aquático Júlio Delamare -, essa foi a primeira reação eufórica do nadador ao deixar a água.
Fratus, que vem em plena ascensão, normalmente saía das provas resmungando consigo mesmo. Até quando terminou as eliminatórias para os 100 m na frente de Cielo, o que ocorreu um dia antes, ele reclamou. Disse que havia feito tempo de início de temporada e que deveria melhorar. "Sou perfeccionista o tempo todo. Nas competições e no treino. Me cobro muito", define.
Não é a primeira vez que Fratus aparece. Ele surgiu para a natação internacional em 2008, aos 19 anos, quando obteve índice para nadar o Mundial de Roma nos 50 m livre. No Pan-Pacífico, em agosto de 2010, o atleta conseguiu um quarto lugar com o tempo de 21s93. Na sexta-feira (6), ele repetiu a prata que havia conquistado ano passado no Maria Lenk, ficando apenas atrás de Cielo. Para Xangai, ele está classificado para as duas provas, 50 m e 100 m livres.
Com apenas 21 anos (faz 22 em junho), Fratus não vê limites para seu rendimento. O tempo de 48s72 nos 100 m, obtido na final de sábado, foi o melhor de sua carreira. A meta é se preparar para já baixar o tempo no Mundial. "Se eu achar que não vou melhorar, é melhor eu nem ir", afirma.
Produto 100% brasileiro
Uma das consequências da consolidação de Fratus é que ele passa a ser peça-chave nos revezamentos da equipe brasileira junto com Cielo. "Uma vantagem do Brasil é que a gente chega para peitar, dar a cara a tapa, sem medo de perder", avalia. Criado nas piscinas do Vasco, onde nadou dos 11 aos 17 anos, Fratus aprimorou sua forma no Pinheiros, clube que representa hoje. Ele considera completa a preparação que recebeu no Brasil. "A natação brasileira está no topo. É só você olhar a quantidade de pessoas que estão envolvidas nela e os resultados que estamos apresentando", avalia.
Cielo, ídolo ou rival?
Para Fratus, o resultado nos 100 m livre do Troféu Maria Lenk foi uma surpresa. A prova em que se considera especialista é os 50 m livre. "Foi algo a mais. Foi ganhar de um ídolo. O César é uma dos maiores nadadores do mundo, se não for o melhor de todos os tempos. Nado ao lado de um ídolo. Para mim é uma honra e um estímulo", afirmou. Ainda assim, ele deixa claro que sua meta é chegar aonde Cielo, que tem o recorde mundial dos 50m livre, está. "Eu nado para vencer. Sou um esportista. Meu objetivo é a vitória.
Fonte: Jornal do Brasil