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Ricardo Gomes: 'A bagagem está vazia. Temos que encher esse baú'


Domingo, 01/05/2011 - 07:10

Ex-técnico do São Paulo e da seleção brasileira que fracassou no Pré-Olímpico de Atenas, em 2004, Ricardo Gomes chegou ao Vasco em fevereiro, quando o clube vivia o pior início de Campeonato Carioca de sua história. Ele promoveu mudança radical no time em pouquíssimo tempo. Os resultados vieram ainda no fim da Taça Guanabara. Agora, a equipe fez boa campanha na Taça Rio e segue firme na Copa do Brasil, com apresentações convincentes e futebol competitivo.

Ao Estado, Ricardo Gomes, zagueiro titular da seleção no Mundial de 1990, conta como se deu a mudança no clube e analisa a diferença de se comandar uma equipe que vinha de uma série de conquistas, caso do São Paulo, seu trabalho anterior, com uma que sofre há quase uma década sem ganhar nenhum título: "Aqui a fome é maior. A bagagem está vazia. Temos que encher esse baú".

O que o motivou a aceitar o desafio de ser técnico do Vasco?

Quando estava no São Paulo e comentávamos sobre futebol de maneira geral, dizíamos que o Vasco é um grande clube que passava por uma fase ruim. O que o Vasco está precisando é de um título, de uma boa campanha no Brasileiro. O Vasco sempre foi o Vasco. Quando eu recebi o convite, foi simples (aceitar). É muito mais fácil recuperar um grande time, com história, do que um time que não tem nada.

Como foi o processo de reestruturação do elenco, a busca por reforços?

Observamos jogadores como o Alecsandro e o Diego Souza, que não eram titulares em seus respectivos clubes, mas que reconhecidamente são jogadores de qualidade. O foco foi em jogadores experientes, pois não havia espaço para apostas. Se você tirar esses dois mais o Felipe, talvez tenhamos o time com menor média de idade.

Como, em poucos meses, o Vasco conseguiu virar a má fase? Você foi o grande responsável pela reviravolta?

Eu dei minha contribuição, mas o Vasco era muito maior do que o tamanho da crise. Minha parcela foi pequena. É claro que você tem que fazer o trabalho direito, corretamente. Talvez eu tenha conseguido fazer isso em um espaço mais curto de tempo, mas (a recuperação) iria acontecer naturalmente. Eu só acelerei esse processo.

Como está trabalhando o emocional deste grupo para a final com o Flamengo? O grupo é novo no clube, mas sente essa pressão extra?

Não, o grupo é outro. Pressão sempre tem. Contra o Olaria, pela semifinal da Taça Rio, por exemplo, a pressão existia porque a responsabilidade era toda nossa. Sempre tem uma história por trás que faz você ter que ganhar. Time grande é assim.

No seu último trabalho, no São Paulo, você comandava um clube acostumado com conquistas. No Vasco, já são anos de fracassos. A pressão é diferente?

Aqui o nível de exigência é o mesmo. Não há diferença nenhuma. O que ocorre é que aqui a fome é maior, a angústia é maior. A torcida está querendo, a bagagem está vazia. Temos de encher esse baú. Lá no São Paulo a bagagem estava cheia, a cobrança da torcida é tão intensa quanto, as razões é que são diferentes.

Aonde esse time pode chegar na Copa do Brasil? No Brasileiro, a meta é uma classificação para a Libertadores ou dá para disputar o título?

Na Copa do Brasil eu estou acreditando, acho que vão cruzar Vasco e São Paulo (nas semifinais), mas temos de passar pelo Atlético-PR primeiro, que não vai ser nada fácil. Nosso foco ainda está muito voltado para o Campeonato Carioca e para a Copa do Brasil. Não crio expectativa quando ao Campeonato Brasileiro. A gente está se preparando, vamos cuidar a cabeça depois e temos a perspectiva de fazer um bom campeonato também.

Fonte: Estadão