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Juninho espera ser apresentado no Vasco no dia 11 de junho, sem festa


Sexta-feira, 29/04/2011 - 07:24

Foi Juninho quem gentilmente retornou a ligação do MARCA BRASIL, assumindo portanto o ônus do interurbano. Um prejuízo e tanto para quem ganhará um salário de apenas R$ 600 no Vasco e ainda terá gastos com viagens a Recife, onde moram seus pais. “Não tem problema. Vou comprar as passagens pela Internet porque é mais barato”, respondeu, ironizando o futuro que escolheu, aos 36 anos.

O contrato, até dezembro, prevê ganhos extras caso o Vasco se classifique para a Libertadores ou seja campeão da Copa Sul-Americana. Mas, enquanto a estreia, em agosto, não chega, Juninho vai se esforçando para sair da melhor forma possível do Al-Gharafa. Hoje, às 13h (de Brasília), o Reizinho enfrenta o Al-Arabi, de Péricles Chamusca, pela final da Copa do Príncipe. “É um jogo importantíssimo. No ano passado, fomos campeões”, diz, num de seus último sonhos árabes.

MARCA BRASIL: O que mudou no Juninho Pernambucano de hoje em relação ao de 10 anos atrás?

JUNINHO: Mais velho, a gente vai aprendendo. Pensa mais antes de tomar atitudes. Prefiro dizer que melhorei, embora muita gente imagine que não aguento o ritmo. Como pessoa, continuo o mesmo cara que saiu do Brasil para vencer na vida e fazer uma história.

Foi importante essa passagem pelo Catar?

Esses dois anos passados aqui me fizeram recuperar a vontade de jogar. Minha saída da França foi conturbada. Eu fui muito visado. Depois de ter sido sete vezes campeão pelo Lyon, ficamos em terceiro lugar, e acharam que era o fim do meu ciclo.

Por que vai voltar ao Vasco por um salário de apenas R$ 600?

Porque vou dormir tranquilo se as coisas saírem mal. Eu não saberia fazer um projeto para jogar pelo Vasco. Não sou arquiteto nem engenheiro para fazer projetos. Não tenho contrato com a Penalty nem com nenhuma empresa de marketing. Se eu não jogar merda nenhuma, o Ricardo pode ficar à vontade para me barrar. Agora, se o Vasco usar meu nome para fechar algum contrato, nada mais justo que eu ganhe alguma coisa, né?

Como está repercutindo a sua saída do Catar?

Pergunta isso pro Roberto (Dinamite). Ele teve uma reunião longa hoje (ontem) com o presidente do Al-Gharafa, que tentou convencê-lo a me deixar aqui por mais dois anos.

Você está trocando dois anos de um bom contrato por alguns meses de salário mínimo?

Estão olhando pra mim como se eu fosse mentiroso. Eu talvez também duvidasse, se não fosse comigo. Acontece que quando eu deveria ter ganho dinheiro pra caramba no Vasco, eu não ganhei. O meu contrato nunca foi nem mesmo o quinto melhor do time. Eu me preparei para parar aos 34, 35 anos. Então, estou no lucro. Não sou o Ronaldo, mas me preparei. Tenho algumas possibilidades para o futuro: voltar para o Lyon, continuar no Vasco, sair do futebol. Não sei o que vou fazer. E quero lembrar que não prometi parar no Vasco. Prometi voltar, e estou voltando. Posso renovar o contrato ou jogar em outro time.

Há alguma chance de você jogar pelo Sport?

Foi bom você ter tocado nesse assunto. Sou torcedor do Sport, mas não posso prometer que vou voltar a jogar lá. Eles também me procuraram em janeiro, mas achei que o melhor para mim e minha família seria voltar para o Rio. Vi muitas vezes o pai do Bernardo, o Hélio Doido, jogar. Ele fazia gol pra caramba, era guerreiro, dava a vida. Eu tinha 16 anos e jogava nos juniores do Sport.

Ganhava um salário mínimo (risos)?

No meu primeiro contrato profissional, em 1994, eu ganhava no Sport 700 URVs. Acho que isso valia muito mais do que os R$ 600 de hoje. E ainda ganhei um carro como luva. Estou ganhando menos do que quando comecei (risos).

Esse baixo salário te dá o direito de não jogar duas vezes por semana ou não se concentrar?

Espero estar pronto para todos os jogos, mas isso vai depender da análise da comissão técnica. Agora, não acho justo ficar dois dias na concentração para disputar um jogo. Vou conversar com o Ricardo sobre isso. Não tenho condição de chegar ao Rio numa segunda-feira, depois de um jogo fora, e me concentrar para a partida da quarta-feira. Há muito tempo não me concentro tanto. Sou sincero. Se for para sair do aeroporto direto para a concentração, vai ficar muito difícil para eu aguentar. Se bem que são só quatro meses, né?

Já tem data para se apresentar ao Vasco? Como vai ser a festa?

A previsão é de que eu seja apresentado em São Januário no dia 11 de junho, antes do jogo contra o Figueirense. E não vai ter festa. Isso foi uma exigência minha. Festa é para quando se ganha.

Tem acompanhado os jogos do Vasco?

Consigo ver alguns. Conversei com o Roberto sobre o Eder Luis, o Fellipe Bastos e o Dedé. Eu gostaria muito de jogar nesse time que está aí hoje. Gosto do Felipe, do Bernardo...

Qual é o seu palpite para a final da Taça Rio?

Não gosto de dar palpite. Será um jogo difícil. Acho que o Thiago Neves é um dos melhores do Brasil, e o Willians também está jogando muito. Eles são a base do Flamengo. O Vasco está com um meio-campo equilibrado e o Bernardo é uma boa arma. Os dois goleiros são excelentes. Será muito bom se antes da minha estreia o Vasco tiver sido campeão do Estadual ou da Copa do Brasil.

Suas três filhas estudam numa escola francesa e estão vindo com você para o Brasil. A tragédia na escola de Realengo mexeu com a sua família? Vocês temem a violência?

Sinceramente, fiquei sem palavras. Já sabia que havia acontecido isso nos Estados Unidos e foi difícil ver um massacre semelhante com crianças brasileiras. Fiquei chocado. Não tenho noção do que é essa dor. Deu medo. Peço a Deus que isso não aconteça de novo e que aquelas crianças hoje estejam ao lado dele. Sempre senti muita falta do Brasil. Gosto de uma vida tranquila. Não, não vamos pensar nisso. Vamos voltar sem pensar nisso.

Fonte: Marca Brasil