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Felipe relembra grandes momentos da carreira e amigos comentam


Quarta-feira, 27/04/2011 - 10:09

O dia 27 de abril de 2011 entrará na história do Vasco e de um dos jogadores mais talentosos já criados em São Januário. O estádio acenderá seus refletores na noite desta quarta-feira para iluminar o jogo de número 300 de Felipe com a camisa do Gigante da Colina. Aos 33 anos, ele conquistou seus maiores títulos defendendo as cores de um clube que o viu crescer em suas dependências e que apostou em seu futebol após passar cinco anos no Qatar. Mais que tudo isso, no clube que aprendeu a amar desde pequeno.

Filho de Jorge Loureiro, Felipe foi criado no Vasco. Aos seis anos ele chegou ao clube para jogar futsal. A escolha de São Januário tem fatores como a proximidade com Higienópolis, bairro onde foi criado. Mas o motivo principal era a paixão pelo Vasco, que foi passada de pai para filho. A grande concorrência por vezes o deixou desanimado. Mas a habilidade que ia mostrando, aliada ao apoio incondicional do pai, fez com que Felipe fosse vencendo cada etapa.

Feliz com o reconhecimento e pela marca expressiva no Vasco, Felipe diz que o momento o faz relembrar de muita gente que presenciou sua vida em São Januário. Por isso, ele sabe de sua importância dentro do clube.

- Passa um filme pela cabeça. Lembro das pessoas que me viram crescer aqui, e isso faz com que eu valorize ainda mais minha posição hoje. Foi um começo difícil. Muitas crianças como eu queriam chegar aos profissionais, mas muitos ficaram pelo caminho. Tenho que agradecer ao meu pai por ter insistido comigo e me sinto feliz de ter realizado esse sonho. Agradeço também ao futsal, que me deu base para desempenhar bom futebol. Naquela época, treinava à noite e assistia aos jogos de dia. O presidente Roberto Dinamite era a maior referência, e hoje eu vejo que sou para muitos o que ele foi - afirmou.

Seu primeiro jogo pelo Vasco foi em 3 de novembro de 1996, na vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo. Na ocasião, Antônio Lopes o utilizou após receber as dicas de seu filho, que havia observado os jogos de Felipe nas categorias de base. Desde então, ele vem marcando seu nome na história do clube. Bicampeão brasileiro (1997/2000), campeão da Libertadores (1998), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1999), campeão da Mercosul (2000) e um título estadual (1998). As alegrias foram inúmeras. Mas o curioso é que, ao lembrar o jogo mais marcante dos 299 já disputados até o momento, o que vem em sua cabeça é uma derrota: a do Mundial de 1998, contra o Real Madrid.

- O jogo que mais marcou foi a final contra o Real Madrid. O Vasco não venceu, mas fomos superiores. Eu joguei bem, fiz boas jogadas que não terminaram em gol. Mas futebol tem dessas coisas. Uma pena - explicou Felipe, para depois escolher qual dos 24 gols pelo Vasco foi o mais marcante.

- Não foram muitos, não é? Mas até pela importância e pelo momento foi aquele de empate com o Flamengo em 2000, na final da Taça Guanabara. Acabamos ganhando de 5 a 1 e a torcida fez uma bela festa.

Em 1996, o futebol de Felipe primava pelas arrancadas e dribles curtos que deixavam os adversários com o cabelo em pé. Hoje em dia, aos 33 anos, ele diz compensar a falta de explosão com inteligência e visão de jogo. Ele sabe que a cada ano vai ficar mais difícil de acompanhar o ritmo acelerado do futebol, mas diz que não pensa em parar ainda.

Neste momento, o camisa 6 tem apenas duas certezas na cabeça. A primeira é que poderia ter feito muito mais do que 300 jogos pelo Vasco caso tivesse permanecido mais tempo no futebol brasileiro. A segunda é não querer colocar em risco a bonita história que construiu no clube de coração querendo ampliar a marca histórica.

- Não tenho data para parar de jogar bola, mas se não mantiver o alto nível serei o primeiro a parar. Tenho uma historia legal, de sucesso, e não vale manchar tudo isso por mais seis meses ou um ano. Tenho contrato até o fim de 2012, mas não vou forçar - explicou.

Amigos falam com carinho do momento de Felipe

Conhecido como o grande amigo de Felipe dentro do futebol. Pedrinho divide a alegria com o companheiro na noite tão importante na carreira. Para o ex-jogador, o Vasco faz com que o camisa 6 sinta uma felicidade constante.

- Estou feliz por ele ser meu amigo. É uma marca expressiva e difícil de ser alcançada. E ele ainda passou cinco anos fora. Isso só serve para identificar ainda mais sua imagem com o clube. A gente inclusive comentou que, se ele não tivesse passado tanto tempo no Qatar, a marca poderia ser muito maior. O Felipe está muito feliz. No início, ele mesmo estava se sentindo mal. A readaptação não foi fácil, e ele sabia que o retorno seria complicado. Era necessário ter paciência. Ele e o Vasco tiveram. Hoje tudo voltou ao normal. O Felipe está jogando muito, o clube está chegando nas finais, e isso não tem preço. A oportunidade de conquistar novos títulos pelo Vasco faz com que ele sinta uma felicidade constante. Bate uma saudade grande de jogar pelo clube quando eu o vejo em campo. E ainda tem o Juninho Pernambucano, que está próximo de voltar. Infelizmente, tive de parar cedo, estava ficando inconveniente, eram muitas lesões. Mas a gente nem fala muito de idade, até porque eu sou mais velho (risos).

Outro jogador que marcou seu nome no Vasco e lembra muito bem do início de Felipe no clube é Luizinho Quintanilha. O ex-volante diz que o meia sempre teve muita habilidade e que a experiência pode ajudar muito o Vasco nas finais do estadual.

- Felipe sempre teve muita personalidade, habilidade. O convívio com os profissionais sempre foi muito bom. É um jogador que tem identificação com o clube, e é legal atingir uma marca expressiva. Ele vem jogando muito bem até hoje. Tem tudo para desequilibrar nas finais também, é o cérebro do time - afirmou Luizinho, lembrando que na época em que Felipe subiu para os profissionais essa habilidade chamou a atenção de muita gente.

- Quando o jogo ficava difícil, a gente dava a bola nele. O Felipe pendia a bola e recebia faltas. Assim o tempo passava. O engraçado é que deveria ser o contrário. Ele era lateral e tinha obrigações de marcar. Mas a habilidade era tanta que quem corria atrás eram os outros.


Felipe levanta um trofeu nos tempo de futsal. Modalidade o ajudou a driblar melhor


Contagem oficial exclui dois jogos

Nas últimas semanas, criou-se uma polêmica em relação ao número exato de jogos disputados. Para alguns historiadores, Felipe já teria disputado 301 jogos. No entanto, ao saber da discussão, o apoiador fez a recontagem junto com o clube e excluiu dois amistosos disputados em 1997 durante o Torneio Bortolotti. O motivo foi que os dois jogos não tiveram 90 minutos e foram disputados no mesmo dia: um empate sem gols contra o Padova e uma vitória por 2 a 1 sobre o Atalanta. As duas partidas foram disputadas no dia 9 de agosto de 1997 e tiveram a duração de 45 minutos cada.

Excluindo os jogos amistosos, Felipe chega ao número de 299 jogos com 164 vitórias, 71 empates e 64 derrotas. Foram 24 gols marcados.

Fonte: GloboEsporte.com