Entre os jogadores ele é extremamente respeitado. Ricardo Gomes não toma qualquer decisão sem antes debater com ele. Rodrigo Caetano, diretor executivo de futebol, o exaltava nos tempos em que jogava bola e hoje continua o tratando como um ídolo, uma referência. A pessoa em questão é Cristóvão Borges. O auxiliar técnico do Vasco e braço direito do treinador, o ex-jogador que teve passagens por Fluminense e Grêmio entre outros clubes, com seu estilo calmo e sereno conquistou todos no clube e é parte fundamental da engrenagem vascaína.
A voz mansa e pausada constrastava com o estilo em campo. Apoiador habilidoso, Cristóvão foi ídolo por onde passou e fez parte do grupo campeão da Copa América de 1989 com a Seleção Brasileira. Neste ano, já tinha uma amizade com o então zagueiro Ricardo Gomes da época em que defenderam o Fluminense. Mas, vestindo a camisa do Grêmio, ele chamou a atenção de uma jovem promessa das categorias de base do sul: o hoje dirigente, Rodrigo Caetano.
Engana-se quem acha que Cristóvão não é bem-humorado. Muito brincalhão, disse que jogava muita bola. Mas depois, falando sério, o auxiliar lembra que Rodrigo acompanhou de perto sua melhor fase na carreira. E agora, os dois estão juntos fora de campo. Só que quem pensa que ele não usa mais a habilidade do gramado está enganado. Ela agora serve para driblar o outro lado de Rodrigo Caetano: o estressado. Cristóvão explica.
- Quando jogamos fora de casa fico ao seu lado no camarote. E chega a ser engraçado, porque ele é o oposto de mim. O Rodrigo se envolve tanto, se estressa tanto, que me obriga a estar esperto toda hora e driblar seus acessos de fúria. Eu já o vi chutar cadeira e socar vidro de tão irritado. Chega a ser divertido (risos). Existe uma cartilha: não pode gritar gol antes, mastigar chiclete... E eu não posso me envolver porque tenho de passar todo o relatório do jogo para o Ricardo no intervalo.
A amizade com Ricardo Gomes, por sinal, extrapola as quatro linhas. Eles se conheceram na década de 80 e trabalham juntos há seis anos. A ideia surgiu durante um seminário organizado por Carlos Alberto Parreira. E lá foi a dupla assumir o comando técnico do Vitória em 1999 e dos outros clubes nos anos seguintes. Quando Ricardo foi trabalhar na França, não teve como levar o amigo. Mas a dupla foi se reencontrar no São Paulo e não se separou mais.
O desafio de aceitar o Vasco em crise foi muito discutido. Havia a imagem de que o trabalho não conseguiria ser desenvolvido, um medo de encontrar um clube em que muitas vozes apitavam e poucas comandavam. Mas, assim como o próprio Cristóvão, Ricardo Gomes possui um estilo bem centrado sem se alterar. E o trabalho conquistou os jogadores chegando até o bom momento vivido pelo clube hoje.
- Foi uma surpresa maravilhosa. Tivemos muita liberdade para trabalhar e o ambiente é maravilhoso. Tanto eu como o Ricardo temos a linha de não gritar. A gente acha que não precisa disso para ser respeitado. Basta se fazer entender. E nós estamos aqui há apenas três meses, mas a adaptação foi tão boa que já parecem cinco anos - disse Cristóvão, explicando que na metodologia de trabalho da dupla, tudo é dividido.
Felipe rasga elogios ao trabalho da comissão técnica
A mudança comentada por Cristóvão encontra respaldo justamente nos jogadores. Segundo Felipe, um dos líderes do elenco, não há comparação em relação à época em que PC Gusmão estava no comando. E o camisa 6 aponta a dupla Ricardo Gomes/Cristóvão Borges como responsável.
- O Vasco readquiriu a alegria com o trabalho do Ricardo e do Cristóvão.
Para o auxiliar, o jeito sincero e o fato de ter jogado bola facilita muito a comunicação com o grupo.
- Sei o que eles querem, o que passa pela cabeça. Procuro sempre falar com sinceridade e fazer essa ponte com o Ricardo. Sou claro e direto sempre. E não é só carinho não, se tiver de criticar eu critico. Isso é fundamental.
Fonte: GloboEsporte.com