(Nota da NETVASCO: O episódio da perda dos pontos ocorreu, na verdade, no Estadual de 2009.)
Roberto Dinamite: Foi uma interpretação na época do nosso jurídico, que entendeu que não teria problema. Era uma questão trabalhista, e isso nos prejudicou, nos tirou de uma situação privilegiada. São erros que não podem acontecer, mas aconteceram e temos de seguir em frente. Não erramos muito, mas houve erros decisivos como essa situação. Acredito realmente no trabalho e no amor que essas pessoas têm pelo clube. Mesmo tendo pessoas contra, que não desejam o sucesso do clube, apesar de se dizerem vascaínas, vamos vencer isso também.
iG: O senhor está se referindo às tais "forças ocultas", das quais muito se falou naquela época?
Roberto Dinamite: Foi um fato um pouco anormal. Acho que o importante nisso tudo é errar menos ou não errar para as coisas acontecerem com tranquilidade. Demos uma oportunidade e as pessoas aproveitaram. A coisa ficou um pouco difícil em função de ter pessoas que a gente sabe que não querem o sucesso do clube, especialmente da nossa gestão. Peço aos nossos diretores para fazerem o dever de casa para essas coisas não voltarem a acontecer.
iG: O que o senhor pode falar sobre a passagem do Carlos Alberto pelo Vasco e do desentendimento que levou à sua saída?
Roberto Dinamite: Não discuto a qualidade do Carlos Alberto, foi muito importante na Série B. Tem condições de jogar em qualquer grande clube. Eu fui um profissional e, com todo o respeito, um ídolo tanto quanto ele, e sempre procurei trilhar o caminho do respeito à instituição e às pessoas. Houve um desentendimento, acho que o presidente tem o direito de reunir os atletas e cobrar, não diminuindo os jogadores. Ele achou que não era importante ouvir ou participar. O Vasco então entendeu que naquele momento o melhor era liberar o jogador. Foi uma situação bem parecida com a do Felipe, só que ele voltou, conversou, acertamos. Voltou para ajudar o Vasco. O Carlos Alberto não quis conversar, não quis o diálogo, é um direito do jogador, mas é um direito do clube também. Isso gerou esse clima. O grande jogador só vai se destacar inserido dentro de um contexto. Somar, sempre somar, e não dividir. É o que espero que aconteça daqui para frente.
iG: Como o senhor avalia esse racha coletivo com o Clube dos 13 e a união dos quatro grandes do Rio na tomada de uma posição?
Roberto Dinamite: Foi a primeira vez que Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense sentaram à mesa, não uma vez, mas várias esse ano. Estamos trabalhando por uma valorização, muito se fala que um vai receber mais do que outro, mas hoje o Vasco está em um mesmo patamar de outros quatro grandes clubes, Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras. O que difere é o Pay-per-view. Se o torcedor do Vasco comprar mais, a receita será maior. O Vasco hoje tem (com a Globo) o seu melhor contrato de televisão em todos os tempos.
iG: O que o senhor espera dessa eleição no clube? Há comentários sobre a lista de sócios aptos a votar...
Roberto Dinamite: Espero que seja o mais transparente possível. Estamos fazendo essa listagem de quem pode ou não votar da forma mais clara possível, antes a gente não tinha muita noção de quem poderia ou não votar. A gente tinha mil ou duas mil pessoas, hoje teremos mais de dez mil com direito a voto, e isso é ótimo, é o processo democrático que estávamos buscando. Será urna eletrônica, é o caminho mais eficiente.
iG: O senhor fica preocupado de perder?
Roberto Dinamite: Preocupado? Não me candidatei para ser eterno no Vasco. A proposta é uma eleição e no máximo uma reeleição. A minha preocupação hoje não é ser reeleito, é ser campeão carioca e da Copa do Brasil. Vamos conquistar? Não sei. Mas o que posso dizer é que o próximo presidente terá uma condição muito melhor de planejar e proporcionar alegrias ao torcedor, e eu quero fazer isso. Sou muito grato a tudo que o Vasco me proporcionou. Não me fiz ídolo, o torcedor que me fez, enxergou isso.
iG: O senhor só tem 18,2% de faltas na Alerj desde que assumiu o Vasco, passou por momentos difíceis e estaria até tomando alguns remédios para conseguir dormir direito e aguentar o ritmo. É verdade?
Roberto Dinamite: O que descompensou um pouco foi aquela fase do rebaixamento, hoje infelizmente tenho de estar tomando meus remédios de forma regular. Espero ir diminuindo aos poucos, mas o importante é que quando você começa a ter tranquilidade, ter as pessoas ao seu lado, passa a ter mais tempo para tocar as coisas. A parte política é muito legal, são duas coisas muito parecidas, você mexe com o povo, com a população de um modo geral.
iG: O senhor teve uma grande quantidade de projetos de lei propostos em 2009, mas em 2010 não teve nenhum. O que houve para ocorrer essa disparidade?
Roberto Dinamite: Em um primeiro momento tive uma situação que poderia estar mais presente, a questão da assessoria é importante nesse processo. Nesse ano de 2010 estive mais focado no Vasco. Tinha de estar cedo no tribunal por uma causa que não era minha, mas era minha porque sou presidente do Vasco, aí de tarde ia para o TRT ouvir a declaração de um juiz sobre um ex-atleta reivindicando os seus direitos, tem isso, faz parte. É um grande jogo, aprendi, gosto do que faço e acredito que com mais tranquilidade a gente vai poder equilibrar essas coisas.
Fonte: iG Esportes