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Ex-companheiros contam histórias curiosas sobre Juninho Pernambucano


Quarta-feira, 13/04/2011 - 13:14

O futebol de Juninho Pernambucano é indiscutível, e todos sabem muito bem as características. É um exímio cobrador de faltas - Ken Bray, um físico inglês, chegou a fazer um estudo e o considerou o maior do mundo neste quesito - e tem ainda um ótimo passe, visão de jogo e chuta bem com a bola rolando. Mas poucos conhecem Antônio Augusto Ribeiro Reis Júnior fora dos campos. Por isso, o GLOBOESPORTE.COM conversou com velhos companheiros e amigos do jogador.

O cuidado com a carreira, a desconfiança com tudo, a vontade de comer sem parar, a disciplina na concentração, o lado solidário, o carinho pela família e, principalmente, o amor pelo Vasco. Tudo isso faz parte da vida de quem é um dos grandes ídolos do clube e esteve presente em conquistas históricas como o Brasileiro de 1997 e de 2000, a Libertadores de 1998 e a Mercosul também em 2000. Confira abaixo muitas histórias, desde o início na base do Sport até os treinamentos que faz nas férias.

Estômago de avestruz

Desde criança, Juninho sempre teve um apetite incrível. Companheiro desde as categorias de base, o ex-zagueiro Sandro, que jogou pelo Botafogo, relembrou com direito a muitas risadas a primeira viagem que fez com o amigo. Era para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Foram três dias de viagem de ônibus, e uma das paradas para comer foi em uma churrascaria rodízio. Sem estar acostumado com o sistema, Juninho comeu tudo o que podia. Mas o resultado não foi bom, não.

- Rapaz, ele comeu muito, mas não parava. Chegou até a ligar para a mãe do orelhão de tão feliz que estava com aquela comida. Mas foi só o ônibus começar a andar, que ele teve um revertério. Passou quase dez horas no banheiro vomitando. E a gente ria demais - relembrou Sandro.

Ele garante que hoje o apetite continua, mas os hábitos são outros.

- Ele agora sabe o que comer, né? Chega à churrascaria e come um prato gigante de salada antes das carnes. É por isso que ele continua tão em forma - explicou.

Sem barulho na concentração

Qualquer um que fale sobre Juninho exalta sua seriedade e profissionalismo. Mas o lado obsessivo era demais. Chiquinho que o diga. O ex-jogador dividia quarto com Juninho na época do Sport e se recorda do dia em que não pôde fazer nada para não incomodar o companheiro, que queria dormir na véspera do jogo.

- Não era fácil. Liguei a televisão e, quando deu 22h, ele mandou desligar. Disse que o barulho estava incomodando. E eu sem sono. Resolvi então pegar meu discman. Mas até mesmo o barulho do fone no meu ouvido incomodou. Ele levantou gritando. Era muito cheio de manias mesmo - recorda.

Religioso com os horários

Nos dias de jogo, o café da manhã na concentração é opcional. Se o jogador preferir dormir até mais tarde, tem esta opção. Mas com Juninho o café era regra. E quem sofria com isso era novamente o companheiro de quarto Chiquinho. Ele recorda que o amigo simplesmente não o deixava ficar na cama.

- Eu tinha dificuldade para acordar cedo. E ele sempre falava que o café era o que dava energia para o resto do dia. Por um lado era bom, aprendi muito com esse profissionalismo dele. Era um exemplo mesmo, desde o início da carreira. Por isso chegou aonde chegou. Mas por outro lado eu queria mesmo era dormir um pouco mais (risos).

Desconfiança até nos negócios com os amigos

Um lado que poucos conhecem de Juninho é o da desconfiança. Ele simplesmente se cerca de todos os lados e desconfia de tudo e de todos quando está para fechar um negócio. Sandro relembra que tinha um amigo que era corretor de apartamentos e fez uma proposta para investir em imóveis. Eram 12 apartamentos, e Sandro só podia comprar seis. Ofereceu a outra metade para Juninho. O tiro era certo, mas ele saiu de Lyon para conferir de perto o projeto antes de assinar.

- Ele dizia para mim: "Cocão (apelido que colocou em Sandro), isso vale a pena mesmo? Não é furada?". E eu explicava tudo, mas ele viajou até aqui. Cada apartamento custou R$ 48 mil, e hoje estão avaliados em R$ 190 mil. Olha o lucro que ele teve! Eu sabia disso, mas ele não confiava. E no fim das contas não me deu nem um obrigado (risos).

Não descansa nem nas férias

Juninho Pernambucano costuma passar as férias em Recife, com a família e os amigos. Ele não gosta de desgrudar deles nos dias em que está de folga. Mas isso não significa que não trabalhe. Chiquinho brinca que ele anda com suplemento e vitaminas para onde quer que vá. Nas últimas férias, por exemplo, Juninho ligou para o gerente de futebol do Sport, Adelson Wanderley, o Coronel, e pediu para utilizar os campos do clube que o revelou.

- Ele treinou aqui religiosamente todos os dias. Em alguns, a sua família vinha junto para assistir, mas férias para ele não significa descanso. É um fora de série mesmo - recorda Coronel, que é pai de Patrícia, amiga de Juninho desde os tempos em que ele jogava futebol de salão pelo clube.

Vasco: respeito, amor e o receio de voltar ao clube que o idolatra

O sentimento de Juninho Pernambucano pelo Vasco é mesmo sincero. Não há uma pessoa ao seu redor que questione isso. E é esse amor todo que por tantas vezes fez com que seu retorno fosse adiado. Justamente por ser tão desconfiado com tudo, Juninho tinha o receio de não render o que tanto se espera. Por isso, só aceitou voltar após a apresentação de um projeto que envolvia muito mais do que o dinheiro em si, como é a proposta atual, na qual Juninho segue no clube após encerrar a carreira.

- Na primeira vez que o Vasco o procurou, ele me ligou com aquele jeito arredio dele e disse que a proposta era maravilhosa, mas que ele não queria se sentir roubando o Vasco. Tinha medo mesmo. Mas agora fizeram um plano de carreira, e ele quer mesmo parar no clube que ama. Ele se preparou ainda mais para isso. É certeza de que vai dar certo - afirmou Sandro.

- É importante para o futebol brasileiro o retorno de grandes ídolos. Ele superou o medo que tinha pelo amor ao Vasco - completou Chiquinho.

Fonte: GloboEsporte.com