Do lado alvinegro, a derrota nem tirou o time da liderança do Grupo B, também com 9 pontos. Mas deixou o Olaria encostado na tabela, com a mesma pontuação, e reabriu feridas. Como a da torcida com o técnico Joel Santana. Irritado com a postura defensiva do time, passou a vaiar o treinador e xingá-lo de "burro". Ainda por cima, quando o treinador discutia com o árbitro, pediu a sua expulsão. Joel saiu de campo aborrecido e discutindo com alguns torcedores. E, na saída do campo, o atacante Loco Abreu, que já teve problemas com o comandante, disse que não queria comentar o esquema tático, para evitar mais aborrecimento.
Vasco e Botafogo voltam a campo no próximo fim de semana, pela quinta rodada da Taça Rio. O Glorioso encara o Macaé, no Moacyrzão, no sábado. No dia seguinte, o Gigante da Colina enfrenta o Fluminense, em mais um clássico.
O primeiro tempo mostrou uma superioridade vascaína traduzida de cara pela postura tática da equipe desde o início. Não que o Botafogo não tenha assustado. Mas Ricardo Gomes deixou claro que manteria o esquema ofensivo que vem dando certo nos últimos jogos. E o torcedor que foi ao Engenhão não teve motivos para reclamar: viu bonitos lances. E o goleiro Jefferson inspirado, ainda que tenha falhado em duas saídas de gol.
Sem Fágner, suspenso, o técnico Ricardo Gomes escalou o meia Allan improvisado na lateral direita. Com isso, Rômulo seguiu no meio-campo. E Diego Souza estreou na vaga de Elton. Do lado do Botafogo, Joel Santana manteve Márcio Azevedo na lateral esquerda e Somália na meia cancha. Era bom esperar com um bom bloqueio o que fico nítido desde o início da partida: o Vasco com a iniciativa do ataque. E logo aos dois minutos, o time cruz-maltino deu o primeiro susto num centro pela direita. Jefferson, nornalmente seguro nas saídas, dessa vez foi mal e espalmou a bola na cabeça de Eder Luis, que não esperava a sobra e mandou mal, para fora.
Se o primeiro lance de perigo do Vasco ocorreu mais pela falha do goleiro alvinegro, o segundo mostrou que o time queria incomodar com meio-campo mais arrumado e bom toque de bola, puxado sempre por Felipe. Era a saída para furar o forte bloqueio alvinegro. Foi assim no primeiro lance bonito da partida, quando Bernardo, a sensação vascaína das últimas partidas, lançou nas costas da marcação adversária para Eder Luis avançar rumo ao gol. Dessa vez, o atacante encontrou o Jefferson habitual, muralha. Saiu bem e salvou o Alvinegro com boa defesa.
Com o estreante Diego Souza mostrando mais vontade do que a costumeira técnica, o Vasco dava as cartas nos primeiros dez minutos. O Botafogo vinha com a costumeira tática da prancheta de Joel: time compactado, marcando bem, à espera da hora certa de dar o bote. Por pouco Arévalo conseguiu aos 11, ao matar e bater de fora da área um rebote de Dedé. A bola raspou a meta de Fernando Prass, que se esticou, mas não chegaria na bola. O lance de perigo deu um gás a mais à equipe. Outro bom lance agitou a torcida alvinegra: Herrera recuou para dar um toque por cima para Loco Abreu. O uruguaio pegou como a bola veio, de prima, mas bateu por cima.
Do lado cruz-maltino, Diego Souza começava a se soltar mais. Mexia-se melhor pelos lados do campo. E foi num desses deslocamentos que, por uma fração de segundo, poderia ter aberto o placar para o Vasco. Eduardo Costa dominou pela meia direita e chutou bola rasteira cruzada na área para o camisa 10, que ainda se esticou de carrinho para bater de perna direita. Mas a bola saiu.
Àquela altura, o Vasco já recuperava o domínio da partida. O Botafogo tentava surpreender nos contra-ataques contando com inspiração do solitário Everton na armação. Em uma jogada de ataque do time, Dedé levou vantagem, matou a bola no peito e ela tocou na mão. O árbitro interpretou como toque involuntário. Loco Abreu reclamou e levou cartão amarelo.
A partir dos 30 minutos, o domínio do Vasco ficou mais evidente. O time explorava melhor as laterais. Principalmente com Ramon, que lançou Eder Luis. Mais uma vez, Jefferson fez defesa sensacional. Ali, o goleiro já era o destaque da partida. Voltou a brilhar logo na jogada seguinte, na cobrança de escanteio, quando Anderson Martins subiu melhor e testou firme, para nova defesa difícil, à queima-roupa.
O jogo cresceu em emoção. O Botafogo, com pouca criação no meio, procurava reagir no talento da dupla que tem na frente. E numa disputa de bola aérea, Loco Abreu levou a melhor para tocar na medida para Herrera. O atacante girou com categoria e mandou a bola para as redes, mas a arbitragem marcou impedimento duvidoso, aos 37 minutos.
A partida manteve o ritmo pegado até o fim do primeiro tempo. Ramon, bem pela esquerda, ainda arriscou de fora da área, com perigo, e Diego Souza, visivelmente sem ritmo de jogo, cabeceou para fora um centro da direita de Eder Luis, destaque do time. Na saída de campo, o camisa 7 reclamava de pênalti sofrido e de xingamento de um dos auxiliares da partida.
No segundo tempo, houve uma inversão. Joel tentou soltar mais o Botafogo. Com menos de dez minutos, o tímido Lucas e o vaiado Somália já haviam arriscado de fora da área - tudo bem que para fácil defesa de Fernando Prass. O time forçava mais o ataque, ainda que, pelo lado esquerdo, contava com um Márcio Azevedo muito inseguro para subir. O Vasco, mais recuado, agora fazia o papel de malandro à espera do momento para dar a tacada final. Sempre puxado por um inspirado Felipe.
O camisa 6 vinha de trás driblando. Numa de suas jogadas, serviu Ramon na esquerda. O lateral chutou com violência, a bola desviou na defesa e encobriu Jefferson, que rezou. Teve sorte. Raspou a trave. Mas, três minutos depois, não houve jeito. O estreante Diego Souza levou a melhor. Após lançamento de Bernardo pela direita, o novo camisa 10 vascaíno aproveitou-se da indecisão de Márcio Rosário e João Filipe para levar vantagem sobre os dois zagueiros, dominar a bola, cortar para o meio e bater sem defesa, rasteiro, à esquerda de Jefferson, que saiu mas nada pôde fazer. Na comemoração, os jogadores ainda deram cambalhotas.
O Trem-Bala vascaíno tinha o domínio total. Desesperado, Joel fez duas mexidas de uma vez só: trocou os laterais Lucas e Márcio Azevedo por Marcelo Mattos e Caio - Somália acabou deslocado para a lateral esquerda. Não deu certo. O Vasco sobrava tanto que ainda teve direito a golaço. Aos 25, após cobrança de escanteio de Bernardo, Dedé escorou de cabeça. A bola sobrou na esquerda para Eder Luis, que, numa meia-bicicleta, mandou para as redes, sem defesa para Jefferson. Na comemoração, o Trem-Bala e as cambalhotas enlouqueceram a torcida vascaína.
No banco, Joel também enlouqueceu do lado alvinegro. Sacou Everton, único que tentava criar, para pôr Alex. A torcida não perdoou. Aos gritos de "burro!", mostrou a desaprovação com a mudança. E tinha razão. Sem criação, não adiantava ter Caio, Herrera e Loco Abreu na frente.
Do lado vascaíno, Ricardo Gomes tirou Eder Luis, destaque do time, mas cansado, para pôr Leandro. Com o Botafogo mais aberto, sobrava espaço para ampliar o placar. E Bernardo podia ter sacramentado a vitória, não fosse fominha na jogada em que bateu para defesa de Jefferson. Pouco depois, acabou punido com a substituição - entrou Felipe Bastos.
O tempo passava, e Joel Santana ficava mais desesperado. Ao reclamar de marcação da arbitragem, acabou expulso. E saiu vaiado pela torcida, que fazia coro pedindo sua expulsão.
VASCO 2 X 0 BOTAFOGO
Competição: Campeonato Estadual - 2º turno (Taça Rio) - 1ª fase - 4ª rodada
Local: Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 20 de março de 2011 (Domingo)
Horário: 18h30min (de Brasília)
Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez (RJ)
Assistente nº 1: Jackson Lourenço Massara dos Santos (RJ)
Assistente nº 2: Wagner de Almeida Santos (RJ)
4º Árbitro: Marco Aurélio Correia Reges (RJ)
Público: 26.520 pagantes; 31.267 presentes
Renda: R$ 724.360,00
Cartões amarelos:
Eduardo Costa (Vasco) - 7' - Primeiro tempo
Diego Souza (Vasco) - 40' - Primeiro tempo
Bernardo (Vasco) - 33' - Segundo tempo
Ramon (Vasco) - 36' - Segundo tempo
Leandro (Vasco) - 40' - Segundo tempo
Sebastián Abreu (Botafogo) - 28' - Primeiro tempo
Rodrigo Mancha (Botafogo) - 15' - Segundo tempo
Everton (Botafogo) - 17' - Segundo tempo
João Filipe (Botafogo) - 17' - Segundo tempo
Herrera (Botafogo) - 31' - Segundo tempo
GOLS: VASCO - Diego Souza, aos 14, e Éder Luis, aos 25 minutos do segundo tempo
VASCO: Fernando Prass; Allan, Dedé, Anderson Martins e Ramon; Romulo, Eduardo Costa, Felipe e Diego Souza (Élton 47/2º); Bernardo (Fellipe Bastos 37/2º) e Eder Luis (Leandro 29/2º). Técnico: Ricardo Gomes
BOTAFOGO: Jefferson; Lucas (Caio 16/2º), João Filipe, Márcio Rosário e Márcio Azevedo (Marcelo Mattos 16/2º); Arévalo, Rodrigo Mancha, Somália e Everton (Alex 29/2º); Herrera e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana
Estatísticas de Vasco 2x0 Botafogo | Estatísticas de Vasco 2x0 Botafogo | Estatísticas de Vasco 2x0 Botafogo |
Col. | Jogador | Média | Col. no ano | Média no ano |
1º | Diego Souza | 8.9473 | * | 8.9473 |
2º | Éder Luís | 8.6038 | 5º | 5.7237 |
3º | Dedé | 8.4132 | 1º | 7.2511 |
4º | Felipe | 8.2873 | 3º | 6.2102 |
5º | Anderson Martins | 7.5915 | * | 6.1458 |
6º | Fernando Prass | 7.5007 | 2º | 6.3620 |
7º | Eduardo Costa | 7.3677 | * | 5.9687 |
8º | Ramon | 7.2581 | 6º | 5.2514 |
9º | Bernardo | 7.2334 | * | 7.7206 |
10º | Romulo | 6.9863 | 7º | 5.2381 |
11º | Allan | 6.6070 | * | 4.5067 |
12º | Leandro | 6.5027 | * | 5.9698 |
13º | Fellipe Bastos | 6.4859 | * | 7.1970 |
14º | Elton | 5.6033 | * | 6.3307 |
Fonte: GloboEsporte.com (texto, vídeo), NETVASCO (ficha), O Globo online (fotos), Fotocom (fotos), Site oficial do Vasco (fotos), ESPN.com.br (estatísticas)