Ano passado uma operação da polícia do Rio de Janeiro conseguiu expulsar os traficantes e pacificar o temido Complexo do Alemão. Para quem vai hoje ao local e se depara com a tranquilidade, não sabe o que os moradores do local passaram ao longo do período em que estiveram à mercê da violência e do tráfico.
Luciano, jovem jogador dos juniores do Vasco e morador do Complexo, passou grande parte de sua vida convivendo nesse tipo de ambiente. Se engana quem pensa que o garoto tem vergonha do local, muito pelo contrário, quem conhece 'Naninho' sabe do amor que ele sente pelo bairro onde cresceu no Rio de Janeiro.
Com o exclusividade para o Blog O Sentimento Não Para, o meia-atacante fala sobre sua relação com o Complexo do Alemão e revela alguns detalhes de sua vida:
Como é sua relação com o Complexo do Alemão? Você passou por momentos de dificuldade durante a operação da polícia?
Morei e continuo convivendo lá. Realmente não foi fácil. Nesse período de operação, não estava tendo culto na minha igreja, eu ficava na casa da minha namorada pedindo a Deus pra livrar pessoas que não mereciam a morte, pois por erros de outras poderia morrer algum inocente. Minha relação com esse lugar é a melhor possível. Amo estar lá, pois tudo que sei aprendi, mas nem por isso faço coisas erradas. Lá também tem coisas boas, pessoas boas, só que por mostrarem só as partes ruins desse lugar, fica uma má influência.
Muitos meninos que cresceram ao seu lado devem ter seguido um caminho diferente de você. O que te deu forças para se tornar o que és hoje? Algum fato curioso que pode nos revelar?
Foi Deus que ele me livrou de muitas coisas naquele local. Uma vez estava em casa sozinho e começou um tiroteio e eu não sabia o que fazer. Fui dormir pensando que se acontecesse algo eu ja estaria dormindo mesmo (risos). Minha mãe chegou do trabalho me sacudindo e dizendo: ‘você tá maluco? Tiroteio lá fora e você dormindo?’. Na hora fiquei com medo, mas hoje em dia começo a rir quando lembro. É por essas coisas que digo que sou um escolhido de Deus.
Qual o momento mais difícil que você passou na sua vida e quem tem ajudou a superar?
Foi a forma que perdi meu Pai, assim meio que do nada. Estava na casa da minha namorada quando minha irmã me ligou pra dizer que meu pai tinha morrido. Eu não esperava ouvir aquilo naquele momento, mas a maravilhosa família da minha namorada me acalmou naquele momento, pois foi como um tiro no coração.
Como você reagiu a essa perda? Como você cresceu e quem esteve sempre ao teu lado?
Esse foi o momento mais difícil, mas que seja feita a vontade de Deus. Se ele levou meu pai é porque foi necessário, ele sabe o que faz. Agradeço a ele por ter preenchido esse espaço que falta de Pai na minha vida, através de abraços de pessoas em um culto da família na minha igreja. Meus dois tios servem como pai para mim, pois sempre buscam as coisas, sempre me ajudam para que eu tenha o melhor. Por isso que eu tenho que trabalhar muito porque tem tanta gente que me ajuda. A pessoa que mais me deixa feliz é minha mãe, que levo como exemplo pra mim. Uma mulher que luta mesmo sem ter forças e me alegro toda vez que a vejo, pois moro com meu tio e minha tia desde os seis anos. Tem a minha irmã e o meu irmão também, que me ajudaram também. Meu irmão é o meu ídolo. Foi ele que me ensinou a jogar bola. Para mim ele é o melhor jogador do mundo, nem chego nem as unhas dele (risos).
Qual seu objetivo daqui para frente?
Eu pertenço a Jesus, pois se não fosse ele não sei nem se estaria vivo. Por conta disso, meu objetivo é passar para as pessoas que Deus é o Deus do impossível. Ele pode fazer tudo que pedimos, basta buscar primeiro o reino dele e a sua justiça. O mais importante para mim é que meus títulos não me façam perder esse foco.
Fonte: Blog O Sentimento Não Para