1ª Pergunta: Quando o Sr. pretende manifestar-se oficialmente sobre a sua candidatura ?
Em primeiro lugar gostaria de agradecer o convite, me sinto muito honrado pela oportunidade. Em seguida, gostaria de dizer que tenho pensado e refletido muito sobre minha candidatura e no dia 21 de Março tornarei pública minha decisão. Como temos acompanhado nas últimas semanas, várias candidaturas foram lançadas e desde então tenho conversado com muitas pessoas sobre qual seria a melhor opção para o Vasco. No meu entendimento, já passou da hora de colocarmos o Vasco acima das vaidades e interesses pessoais. Aquelas pessoas que possuem disponibilidade para contribuir precisam se unir para virarmos mais este jogo e voltarmos a dar as ordens no futebol nacional e internacional. Posso afirmar que a vontade de participar deste processo eleitoral é grande, me sinto preparado para assumir esta responsabilidade e me vejo como uma pessoa capaz de agregar pessoas de várias correntes em torno do objetivo comum de termos um Vasco forte. Porém, política muda a toda hora e se entender que existe uma candidatura melhor que a minha para este momento, posso rever minha decisão. Temos aproximadamente mais 10 dias pela frente para que eu consolide minha decisão.
2ª Pergunta: O Vasco viveu na última década uma das maiores crises (se não tiver sido a maior) tanto no âmbito esportivo, como no administrativo. O que leva ao senhor a querer ser presidente do Vasco? Qual será o seu diferencial em relação aos outros candidatos?
Infelizmente foi uma década perdida realmente, porém acho que o foco não deve ser mais o passado, este não temos mais como mudar. A minha vontade de me tornar presidente do Vasco nasceu em função da insatisfação com os resultados das últimas gestões. No meu entendimento, tivemos uma evolução na gestão da situação em alguns pontos, porém ainda está muito distante do que se esperava desta gestão no início de seu mandato e esse é um dos fatores que motivam minha candidatura. Em relação ao meu diferencial, acredito ter conhecimento, disponibilidade, independência financeira e capacidade para fazer um bom mandato. Venho de uma família com um longo histórico de colaboração com o nosso Vasco e por esta razão tenho relacionamento e bom trânsito com todos no clube e também acho este fator importante para tentarmos atrair pessoas competentes para nossa administração.
3ª Pergunta: O Sr. não está vinculado à Chapa da Situação, mas também não está vinculado a Chapa ligada ao ex-presidente Eurico Miranda. É público e notório que a principal chapa ligada ao Eurico (Casaca) tenta fazer oposição de todas as formas possíveis, muita das vezes com intuito de atrapalhar a gestão da atual situação. Caso o Sr. venha a ser eleito, de que forma pretende lidar com a política no Vasco? Acha ser possível uma “trégua” entre os principais grupos de Oposição e a chapa composta pelo Sr., caso seja eleito?
Realmente não sou ligado a nenhum dos 2 grupos citados e, na verdade, a forma de fazer política em nosso clube nos últimos 10/15 anos está muito distante daquilo que considero salutar para o clube. Acho de extrema importância a existência de um grupo de oposição, mas ela precisa ser feita de uma forma construtiva. Infelizmente, uma série de erros dos 2 lados nos levaram a esta situação política de hoje. Como já citei, tenho excelente relacionamento com pessoas do clube como um todo, e através do diálogo e de uma mudança de mentalidade, acredito ser capaz de melhorar o ambiente político do clube, e para início de tudo, precisamos olhar para frente.
4ª Pergunta: O Presidente Roberto Dinamite, na época de sua candidatura, disse que caso fosse eleito o Vasco teria uma fila de investidores. Contudo, após a sua eleição, O Vasco teve uma melhora na captação de patrocínios, mas sofre muitas vezes justamente por falta de investimento. De que maneira acha que é possível atrair investidores para o Vasco?
Em um período de eleição, infelizmente, esta prática de promessas é muito comum e isso de fato aconteceu no último pleito. Como não temos tido resultados positivos nos últimos anos, a torcida está muito carente e precisa de uma resposta rápida. Precisamos sair do discurso da eleição e partirmos para a execução o mais rápido possível. Em relação aos investimentos, realmente, já tivemos uma melhora grande na captação de recursos, mas ainda assim ficamos muito longe do que podemos atingir se tivermos uma gestão organizada. Como exemplos disso, posso citar o nosso plano de sócios e nossa área marketing, onde tivemos evoluções, mas é unânime que os resultados obtidos poderiam ter sido melhores se tivéssemos tido mais foco e planejamento.
5ª Pergunta: Ainda sobre os patrocínios, O Vasco mantém como patrocínio master a Eletrobrás, onde recebe aproximadamente 14 milhões de reais. Contudo, o clube sofre sempre na hora de receber os valores, uma vez que precisa de Certidões Negativas de Débito, Certidões estas que sempre demoram muito para se conseguir. Após a obtenção das certidões, o clube recebe os valores já reduzidos em virtude das constantes penhoras judiciais. Como o Sr. vê esse patrocínio estatal? Acha que seria mais adequado fazer um remanejamento deste contrato, trazendo um patrocínio master privado?
Embora político, o patrocínio da Eletrobrás é muito importante. A atual administração já sabia que sem as certidões a obtenção dos valores do patrocínio ficaria difícil e uma situação como essa exige planejamento. Até o momento, a maioria das cotas recebidas só foi conseguida na justiça para pagamento dos empregados e, inclusive, alguns valores já estavam penhorados. O ideal, no meu entendimento, é que tenhamos um equilíbrio, aumentando os valores recebidos pelos patrocinadores privados através de outras ações ou utilização de outros espaços.
6ª Pergunta: Todos os torcedores e sócios concordam que a administração do clube precisa de mudanças e mais ousadia. Quais as principais propostas de mudança administrativa e estrutural do clube a sua possível candidatura pretende apresentar?
Como você mesmo já disse na pergunta, precisamos de ousadia e de muita ação. Hoje no clube, temos muitas sugestões e idéias, porém tudo demora muito para ser executado. Nosso clube precisa de um choque gestão, precisamos acelerar a execução dessas oportunidades que aparecem e também termos mais ousadia para construção de projetos e obtenção de novos parceiros. Para que isso saia do papel, precisamos de pessoas com foco e metas bem definidas, e de cobranças, é claro. Essa é a minha visão.
7ª Pergunta: - A atual administração e a anterior apresentaram diversos problemas com setores que sempre foram excepcionais no clube, que são o departamento jurídico e o departamento médico do Vasco. Caso seja eleito presidente, como o senhor pretende recolocar o clube novamente como referência na área jurídica e no tratamento médico de atletas? Além disso, como pretende reduzir o número de penhoras que o clube vem sofrendo?
Não é novidade que o Vasco hoje tem problemas em vários departamentos, mas a situação no departamento jurídico é realmente muito preocupante em virtude do clube hoje ter em torno de 500 processos em todas áreas. Devido a esta situação e termos em nosso quadro de associados brilhantes advogados, pretendo montar um grupo de profissionais para traçarmos um plano de trabalho sério e eficaz para fazermos um acompanhamento das ações que temos e tentarmos minimizar o impacto destas ações no caixa do clube.
Em relação ao departamento médico, esse é um assunto um pouco mais delicado porque envolve saúde e comprometimento de atletas. Posso assegurar que teremos médicos competentes e precisamos dar estrutura e equipamentos para que todos os profissionais tenham condição de recuperar um atleta o mais rápido possível e para evitarmos também que as lesões se repitam com frequência.
8ª Pergunta: O Vasco, através do seu departamento de Marketing, elaborou um projeto que parecia ser grandioso para captação de sócios, o programa “O Vasco é Meu”. Embora o número de sócios tenha crescido consideravelmente, o programa sofre com o número de inadimplentes. De que forma o Sr. acha ser possível atrair os torcedores novamente, inclusive os ainda não sócios, e fazendo com que eles sejam adimplentes?
Essa pergunta é muito oportuna. Essa questão do número de sócios está diretamente ligada a qualidade do plano oferecido. Precisamos que o plano ofereça facilidades e benefícios atraentes para o torcedor para que tenhamos fidelidade. Infelizmente, o nosso plano deixou a desejar em vários pontos, apesar de já ter tido alguma melhora em relação a data de lançamento, como facilidades de pagamento, plano de benefícios, prêmios por fidelidade, entre outras. É lógico que a adimplência varia de acordo com os resultados do futebol e é exatamente para evitarmos que essa variação seja grande que precisamos de ações e planejamento.
9ª Pergunta: - Os esportes paraolímpicos vêm crescendo no país. Como o senhor pretende tornar o Vasco uma referência e exemplo nesses esportes?
Em relação aos esportes olímpicos e paraolímpicos, até mesmo pela atual situação econômica do clube, entendo que devemos focar em um trabalho social forte para os jovens e em projetos para obtenção de recursos dos programas governamentais e também alguma ajuda da iniciativa privada. Acredito que desta forma podemos identificar alguns jovens com maior aptidão para o esporte, seja ele individual ou coletivo, e a partir daí nos tornarmos referência na formação destes atletas.
10ª Pergunta: A torcida vem reclamando da falta de um jogador “de peso” na equipe. Hoje é comum em qualquer clube de futebol a falta de identificação do jogador com a instituição, onde estes sempre pensam só nos próprios bolsos. O Sr. vê alguma forma de fazer com que o Vasco consiga ter jogadores comprometidos com o clube? Caso visualize, de que forma acha que é possível criar este laço?
Na verdade são dois desafios. Primeiro, viabilizar a contratação de um jogador de referência para o clube, o que pode ser feito de diversas formas. Uma delas é a individualização do patrocínio, vista recentemente em alguns clubes, atraindo grupos empresariais que tenham interesse em atrelar sua imagem aos atletas. A segunda questão é o comprometimento desse atleta com o clube. Essa questão é mais complicada e atinge o mundo todo, não é uma questão específica do Vasco ou do futebol nacional e creio que esteja relacionada com alguns fatores fora do nosso controle, como por exemplo, momento na carreira, índole, temperamento, etc. O importante, porém, é fazer um relacionamento que seja proveitoso para ambas as partes, ainda que cada um tenha seus interesses individuais. Contudo, volto a ressaltar que as duas questões acima passam pela necessidade de vitórias e conquistas, que estimulem o interesse dos profissionais por fazer parte do nosso Vasco, como víamos nos grandes e inesquecíveis tempo de vitórias e glórias. Isso que reforça o comprometimento.
11ª Pergunta: Muito se fala na possibilidade da saída do Dedé no meio do ano. Ao que parece, Dedé sairia do Vasco por valores muito baixos (cerca de 05 milhões de euros). O Santos, em situação semelhante, conseguiu segurar as suas principais estrelas (Neymar e Ganso). Como o Sr. analisa esta saída do zagueiro? Caso não concorde com sua saída, de que forma pensa que o clube poderia tratar para a manutenção do jogador?
Acredito que uma das melhores maneiras de resolver a situação financeira e de falta de títulos do clube é investindo em revelações, sejam elas formadas no clube, como o Philippe Coutinho, Souza, Alex Texeira ou contratadas, como o Dedé. O Dedé foi uma grande surpresa para toda a nação vascaína e a permanência dele em nosso clube é muito importante pela identificação que ele obteve com nossa torcida. Contudo, ainda que seja difícil reter novos talentos no Brasil, é preciso evitar a precipitação na venda de revelações, que possam vir a se tornar grandes referências para o futebol brasileiro e trazer grandes conquistas para nosso clube. A precipitação, além de poder levar à perda de talentos, com certeza sempre levará à perda do valor potencial do jogador em uma negociação futura. Como vimos nos exemplos recentes de Neymar e Ganso, é possível mobilizarmos empresários e atrairmos recursos para viabilizarmos a permanência desses craques por mais tempo no Brasil.
12ª Pergunta: Hoje temos grande necessidade de ter um CT apropriado para um clube do tamanho do Vasco. Se eleito presidente, como pretende conseguir viabilizar a construção de um CT bem estruturado e equipado para o clube?
Esta necessidade já existe há algum tempo e já foi utilizada como promessa em várias campanhas. Como disse antes, a formação de talentos é, sem dúvida, a maneira mais eficiente para o sucesso de um clube, tanto na conquista de títulos como no saneamento das finanças e esta questão de termos um CT é importantíssima para que tenhamos condições de atrair e receber jovens com qualidade e aumentarmos o número de craques revelados para o futebol profissional. Acredito que com o número de empresários e políticos vascaínos em evidência, precisamos de um projeto, um pouco de articulação política e como disse anteriormente, muita ação, para que este projeto saia do papel o mais rápido possível.
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Família vascaína, para administrar o Club de Regatas Vasco da Gama é preciso compromisso, habilidade, capacidade, audácia e tempo para reconduzir nossa caravela e nosso amado clube para o caminho das vitórias e títulos. Tenho muita fé e esperança que esta década que se inicia nos trará muitas felicidades. Conto com o apoio de todos e peço que participem cada vez mais da vida de nosso clube.
Avante vascaínos, com o sinal de fé, e a Cruz de Cristo de nossa camisa.
Jayme Lisboa Alves
Jayme Lisboa Alves
Fonte: Blog O Sentimento Não Para