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Em e-mail a blog, Coelho critica 'polarização' nas eleições do Vasco


Sábado, 12/03/2011 - 22:50

Recebo de José Henrique Coelho, anos a fio, presidente do MUV, e candidato à presidência do Vasco, nas próximas eleições, um e-mail que vale a pena ser lido. Ei-lo:

"Caro Renato,

Como sempre leio a tua coluna, desde o domingo 27 de fevereiro fiquei refletindo sobre o teu comentário sobre as eleições que se aproximam no Vasco, previstas por hora para última semana de maio.

A impressão que você me deixou foi de uma polarização eleitoral , na verdade inexistente.

Tenho a absoluta confiança de que o quadro social que vai para esta eleição, cerca de 10 mil sócios - 5 mil novos e 5 mil antigos - não quer a volta do grupo do ex-presidente, mas também está muito insatisfeito com a administração atual, da qual fui o primeiro a sair antevendo o que iria acontecer, pelos descaminhos que o nosso presidente tomava.

A queda da ditadura do ex-presidente rompeu com algumas práticas e trouxe novos participantes para a polítca do clube , criando agora uma nova divisão entre as antigas correntes como a do Calçada, do Eurico e a dos Riquinhos e as novas correntes agora com três novos grupos, sendo uma da situação Robertista, uma do verdadeiro MUV que continuo a representar e uma outra ainda mais nova criada por ex-dirigentes do segundo escalão do ex-presidente que anteriormente não tinham voz mas que se "libertaram".

Posso até apostar contigo um bacalhau em qualquer lugar que você escolha, que o ex-presidente, agora travestido de Pedro Valente, não conseguirá 25% dos votos válidos.

Com isto quero te dizer que sobram 75% dos votos em disputa e que se a campanha correr bem, pretendo ganhar a eleição e deixar para um outro grupo a posição de oposição, de forma a deixarmos até mesmo fora do Conselho Deliberativo o grupo do ex-presidente, pois pelo nosso estatuto só as duas primeiras chapas tem assento no Conselho eleito.

A polarização interessa aos Robertistas, pois eles querem posar agora como que foram eles que tiraram o ex-presidente, quando na verdade depois da posse eles não quiseram sequer levar adiante a apuração administrativa .das inumeras irregularidades que no MUV já tinhamos levantado. Esta estratégia afasta da mídia a minha chapa o que interessa aos "Robertistas", pois é desta fatia que pretendo tomar os votos.

Por outro lado a polarização também interessa ao ex-presidente pois numa disputa polarizada, apenas o seu grupo "disputaria" e assim ficaria com o segundo lugar no Conselho, afastando do Conselho qualquer vestígio de renovação no clube, até mesmo seus ex-seguidores do novo grupo.

Aproveito para te encaminhar , com exclusividade, a última versão de uma carta aos vascaínos que irei apresentar na segunda feira pela internet e para o mailing dos sócios que disponho, para seu conhecimento".

"Carta aos Vascaínos Apaixonados, esperançosos e desiludidos
Durante os últimos meses, tenho me deslocado para conversar com vários vascaínos, ouvi-los e apresentar propostas em resposta às suas questões e dúvidas sobre o futuro de nosso clube
Na apresentação da campanha da Chapa Seremos Campeões fui o primeiro a reafirmar que ”O Vasco sempre foi um GIGANTE” e não depende de manifestos da direção que deveria ter respeitado a instituição e seu estatuto durante o mandato e não o fez.
Fui também o primeiro a discutir propostas de gestão para o clube durante os cinco anos em que presidi o movimento de oposição. Durante os sete meses em que servi ao clube, amadureci junto com as propostas que apresento, assim como em cada conversa que tenho com sócios e torcedores e quando vejo as experiências positivas de outros clubes.
Toda eleição é um momento oportuno de se avaliar e julgar o resultado da gestão que se encerra, relembrar as promessas e avaliar as suas realizações. Refletir se os resultados daquela gestão é o que queremos para os próximos três anos.
Eu deixei de acreditar no atual Presidente Carlos Roberto Dinamite a cada dia, dos sete meses em que convivi com as suas práticas internas, abaixo enumeradas. Muitas delas, repetições de práticas criticadas na administração anterior que acabávamos de derrotar, de forma legítima, nas urnas com o apoio da maioria dos vascaínos por todo o Brasil:
1- Empregou parentes e amigos, com altos salários, sem levar em consideração a competência profissional e os salários de mercado.
2 – Inflacionou a Folha de Pagamentos do clube para a ordem de R$2,6 milhões/mês, líquidos, com 530 funcionários. Quando realizou um "corte de pessoal", o fez sem critérios e manteve os parentes e amigos do presidente;
3- Assinou contratos favorecendo seu genro e amigos (Estilo Carioca, Torcedor Afinidade, Escritório de Advocacia da filha do V.P. Jurídico...) em detrimento do clube;
4- Usou o Colégio Vasco da Gama com fins eleitorais recebendo alunos que sequer praticam esportes pelo clube, mas que ajudam nas eleições fora do clube;
5- Usou de ingressos do clube na campanha eleitoral de sua irmã para vereadora em Caxias em 2008;
6 - Usou de mais de 1.200 ingressos por jogo para distribuição e “negócios” com as torcidas organizadas;
7- Realizou nebulosas operações com o “Mecanismo de Solidariedade” com o pagamento de comissões indevidas (Caso Geder) e recebimento por terceiros de numerário do clube (Caso Souza), em conta fora do Brasil;
8- Mantém uma operação “Caixa Preta” no que se refere à contratação e liberação de atletas e “doação” a empresários de direitos sobre jovens atletas da base, com a “assessoria” do sobrinho do presidente;
9- Permitiu a participação do filho do “novo V.P. de Futebol” em reuniões para a negociação com empresários de futebol, como antigamente;
10- Concedeu um “monopólio” a um empresário em troca deste financiar o futebol;
11- Se omitiu diante dos repetidos desvios e furtos de material esportivo do clube encontrados a venda no “camelódromo” no centro da cidade;
12 - Rompeu contratos levando o clube à justiça (Habib’s – R$ 2,3 milhões, Quadran – R$400 mil, SVI – valor ainda indeterminado);
13- Repetiu a “Irresponsabilidade Social” pelo contínuo não recolhimento de FGTS dos empregados desde agosto de 2008 criando um prejuízo ainda maior para o futuro com o ônus de multas e ações trabalhistas;
14- Desrespeitou o Estatuto do Clube em questões importantes como no descumprimento dos prazos de apresentação dos documentos contábeis ao Conselho Fiscal nos balanços de 2008 e 2009, este último que sequer foi aprovado até esta data. Depois passou a não mais apresentar os documentos contábeis ao Conselho. Apresentou Orçamentos “de mentirinha” em 2009, 2010 que foram sempre descumpridos e ainda não respeitou os procedimentos de cessão do nosso Estádio, assunto de nosso maior interesse.
Estas práticas só são compatíveis com um presidente que se acha dono do clube. O atual e o anterior presidente pensam e agem assim.
Podemos registrar a incapacidade de o Presidente negociar uma solução para a importante questão do Centro de Treinamento, pois mesmo já passados 14 meses da perda da antiga infra-estrutura por inadimplência, até hoje nada conseguiu.
Encontrar no manifesto da atual diretoria uma linha sobre o resgate da credibilidade do clube e em equilíbrio financeiro, só se não soubéssemos de nada do que escrevi aqui.
Se alguns avanços foram conseguidos, como a reabertura do clube a participação dos vascaínos e a recuperação das receitas de patrocínio, sua gestão não foi tão bem sucedida.
A reabertura chegou a ser confundida com anarquia pela total falta de regras da administração no acesso ao clube, visto na invasão de campo por torcedores durante alguns treinos, ameaça a integridade física de jogadores na área dos vestiários após outro treino, invasão do C.T. Vasco-Barra, briga de facções de uma torcida organizada no interior do clube entre alguns exemplos.
A conquista de novas verbas de patrocinadores, Eletrobrás, Penalty, Ale e BMG foi importante passo para pagar muitas das contas herdadas, ainda que sempre por penhoras, pois a política do calote foi mantida, sem qualquer negociação com os credores ou fornecedores.
A falta de planejamento financeiro e a não priorização da regularidade fiscal, mediante os recolhimentos regulares dos tributos, trouxe, como conseqüência, a inviabilidade do recebimento normal das parcelas do contrato com a Eletrobrás. Uma boa iniciativa de marketing, foi desperdiçada pela absoluta falta de planejamento financeiro.
Por outro lado, o rebaixamento do clube à segunda divisão ficará para sempre como uma marca da administração Carlos Roberto Dinamite.
Naquele momento dois fatores principais levaram ao péssimo resultado esportivo:
- uma “herança maldita”, que inicialmente congelara as ações do clube financeiramente, mas que depois por não receber o tratamento devido e pela incompetência do Presidente virou desculpa para todos os seus erros;
- a completa confusão que o Presidente causou pelo seu desconhecimento do funcionamento do departamento de futebol, contratando e dispensando de forma equivocada, técnicos e jogadores, sem saber como reestruturar o futebol do clube.
Após a posse o presidente também não se interessou em apurar as irregularidades administrativas que tinham sido denunciadas durante a campanha. Este erro foi apoiado por um pensamento conservador que ressurgiu e que para fugir do confronto com a corrente recém derrotada na eleição, optou por “deixar prá lá” as “irregularidades anteriores” pensando apenas nos discursos, mas que ficaram vazios diante das promessas não cumpridas e dos maus resultados.
Por tudo isto, quando decidi apresentar a minha candidatura, assumi uma missão e quatro compromissos:
Como missão cuidar do desenvolvimento de novos quadros dirigentes para o clube, qualificando e rejuvenescendo a administração, após os longos mandatos sem alternância do poder entre 1986 e 2008.
Como compromissos:
- Títulos: assumir a postura de SERMOS CAMPEÕES. Esta postura deve estar presente nas contratações, nas decisões da diretoria, nas reuniões dos Conselhos e na gestão do orçamento;
- Gestão: precisamos administrar o clube com princípios claros de Governança, onde as decisões da diretoria visem apenas o favorecimento do Clube e de seus sócios na sua totalidade;
- Força: o Presidente do Vasco precisa ter uma postura forte diante de outros interesses que não os do clube. Postura de acordo com a que sempre tive a frente do movimento de oposição diante das perseguições que sofri da antiga diretoria, por suspensões e expulsões do quadro social e até mesmo por mais de quinze processos que respondi e ainda respondo para obter a vitória nas eleições de 2008;
- União: O processo de união das diferentes correntes de pensamento de um clube só costuma ocorrer durante o processo eleitoral através das conversações entre as partes. Após o pleito, o processo só pode ser conduzido pelo presidente eleito, num gesto de diálogo, participação e co-responsabilidades onde o objetivo deve ser a união de todas as correntes do clube, em prol da instituição.
Não pode ser vista de forma séria a proposta de “pacificação” apresentada pela corrente minoritária, recentemente afastada do poder pelo voto e com o respaldo de decisões judiciais, anunciando que o seu candidato, ex-vice-presidente no mandato anterior, “vai para a Rinha” e que será ele que irá “enfrentar” o candidato da situação? É para pacificar ou para assistirmos uma briga no galinheiro? Logo ele, participante dos processos de suspensão e eliminação de sócios enquanto era situação?
Por que não pensou em “pacificação” quando era situação?
A polarização entre a atual e a antiga situação é um “esqueminha” que só interessa a estas duas correntes, muitas vezes parecidas nas suas ações durante o mandato e enquanto oposição.
A tentativa de polarizar é a forma de afastar a imprescindível renovação que o clube hoje tanto necessita, para avançar em direção a uma administração focada em resultados esportivos e administrativos, com força e união. Não podemos abrir mão da conquista de um clube novamente democrático, valor que sempre defendi.
É por acreditar que a maioria dos vascaínos não quer em hipótese alguma a volta daqueles que foram varridos pelo voto em 2008 e tampouco querem continuar a ver; os maus resultados, as velhas desculpas e o desrespeito com que o clube vem sendo tratado diante de um presidente fraco, é que sou candidato e vou apresentar a todos os vascaínos durante a campanha este caminho para acreditar que SEREMOS CAMPEÕES.
José Henrique Coelho


Fonte: Blog do Renato Maurício Prado - Globo Online