O dia 9 de março de 2011 é mais do que uma data especial para Joinville. Além de comemorar 160 anos, a cidade também vai festejar os 35 anos do primeiro jogo do JEC. Fazia sol às 15h30min do dia 9 de março de 1976, quando o JEC entrava no estádio Ernesto Schlemm Sobrinho pela primeira vez para jogar para um público de cerca de 15 mil pessoas em um amistoso. Do outro lado do campo, estava o respeitado Vasco, campeão brasileiro de 1974, que na época tinha como seu principal jogador o atual presidente do clube, Roberto Dinamite.
Para animar ainda mais esta torcida, o caderno "Anexo D" do jornal A Notícia veiculou, neste domingo, dia 6, um especial sobre esse fato que ficou marcado na história de Joinville. Nas páginas estão, entre outras histórias, a emoção do primeiro gol, feito por Antônio Martes da Luz, o Tonho, que morreu há dez anos e ajudou a dar o título de 1976 para o Joinville.
Além de textos e fotos, a reportagem dos 35 anos do Tricolor apresenta uma infografia que reconstitui o primeiro gol do JEC e personagens como o primeiro mascote e torcedores especiais.
Fonte: clicRBS
O NASCIMENTO DE UM CAMPEÃO
Da esquerda para a direita: o Vasco, com Marco Antônio, Zanata, Luiz Carlos, Roberto Dinamite, Mazaropi, Fumanchu, Jair Pereira, Zé Mário, Toninho, Abel e Renê. O trio de arbitragem. O JEC, com Fontan, Piava, Zequinha, Ditão, Pompeu, Djalma, Linha, Chico Samara, Tonho, Silvinho e Renato. A foto é do arquivo pessoal de Chico Samara
O JEC entrou em campo pela primeira vez há 35 anos. Partida é lembrada por quem participou daquele jogo
Djalma tem parte da sua história guardada na carteira. São dois recortes de jornal rasgados a mão com muito cuidado. Num deles está a foto do América, campeão catarinense de futebol profissional em 1971. Djalma está lá, em pé, de braços cruzados. O outro é o da primeira formação do JEC, o time que empatou com o Vasco em 1 a 1 há 35 anos. Djalma está lá de novo, os mesmos braços cruzados, como todo bom lateral.
Djalma é um dos 11 caras que vestiram a camisa do JEC pela primeira vez num campo de futebol. Eram 15h30 de 9 de março de 1976, dia de sol, “uma brisa”, lembra o colunista Maceió, mais de 15 mil pessoas no Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho. “Tinha muita gente. Não existiam ainda as arquibancadas de madeira, e cadeiras foram colocadas em volta do campo para o pessoal poder assistir ao jogo. Eu mesmo vi o jogo dali”, diz Alcino Simas, técnico campeão com o JEC já em 1976, sentado no sofá da sua sala, a foto do time pendurada na parede.
Chico Samara não tem a camisa do jogo contra o Vasco, levaram embora. Mas ele lembra dela. “Joguei uma bola na frente, e o Renê, zagueiro do Vasco, segurou minha camisa. Ela rasgou aqui”, diz, apontando para o peito. “Todo mundo dizia que ia ser goleada, que o Vasco era isso e aquilo, mas perto do fim do jogo os caras já estavam se xingando de raiva.”
É, o Vasco que enfrentou o Joinville em 1976 era um time respeitado. Campeão brasileiro de 1974, tinha se reforçado com Zé Mário, Abel e um campeão mundial de 1970, o lateral-esquerdo Marco Antônio. Havia também Roberto Dinamite. Artilheiro do Campeonato Brasileiro em 1974, o atual presidente vascaíno foi o autor do gol de empate no amistoso.
Osni Fontan era meia-armador do Caxias e foi o primeiro camisa 10 do JEC. Pega uma caixa de papelão no armário e mais recortes de jornal contam a história. “Nessa foto, estão eu e o Tonho.”
Chico Samara também tem fotos do Tonho. “Ele abaixou a cabeça nessa aqui...” Tonho foi o autor do primeiro gol do JEC, ali pelas 4 da tarde daquele 9 de março.
É fato o carinho com que aqueles jogadores, hoje senhores, falam uns dos outros. “Apesar da rivalidade em campo, nós éramos amigos, a gente sempre se via por aí, então não teve problema nenhum na união”, lembra Fontan.
Caxias e América abandonaram o futebol profissional no início de 1976 e seus departamentos de futebol se uniram para formar o JEC. Estas 30 pessoas que estão na lista ao lado, os citados neste texto incluídos, fizeram o JEC nascer campeão.
Esta e as próximas páginas, além de conter detalhes do primeiro jogo do Joinville, são uma homenagem a estes esportistas. Mas é bom dizer que a importância deles para a história da cidade é bem maior do que pedaços de jornal.
Guardando os recortes na carteira com muito cuidado, Djalma fala: “Se a gente não tivesse ganhado o campeonato já em 1976, a fusão não teria dado certo.”
É mesmo, Djalma?
Acho que não.
Fonte: A Notícia