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Médico do Vasco comenta dependência de antiinflamatórios no futebol


Sexta-feira, 11/02/2011 - 08:15

O médico ortopedista Alexandre Campello, com quase 30 anos de militância no futebol, adverte: os jogadores estão ano após ano mais dependentes dos antiinflamatórios. Por isso, ele não se surpreendeu com o caso do ex-volante Zé Elias, relatado na coluna de alguns dias atrás, que encerrou a carreira aos 32 anos, em 2008, com complicações renais causadas pelo uso abusivo dos remédios. Pelo contrário, o tomou para a luta contra o uso indiscriminado de medicamentos que forjam a sensação de alívio e bem estar após os treinos e jogos. “É comum o atleta solicitar o uso injetável dos antiinflamatórios, alegando estar acostumado à ingestão da droga. Eles dizem: mas eu sempre fiz isso no meu clube, doutor”, explica o médico do Vasco, crítico feroz do modelo comercial hoje aplicado ao futebol. “Na busca da superação dos limites, os atletas de futebol estão sofrendo uma exigência cada vez maior. São cobrados para estarem aptos a suportar cargas de treinos e jogos cada vez mais estafantes. Basta ver os treinamentos físicos: fizeram do jogador de futebol um animal de tração. E o corpo humano não aguenta, principalmente com o curto tempo de recuperação entre os jogos. Os técnicos, pressionados, não respeitam o tempo de recuperação e de readaptação física, e os jogadores, acuados, acabam fazendo uso de substâncias que, num primeiro momento, trazem a sensação do bem-estar, depois a dependência e, com o passar do tempo, as agressões hepáticas”, conclui. O tema me impressiona. Principalmente, por conta da ignorância e do lado desumano daqueles que elaboram o calendário anual. “Em se tratando de futebol brasileiro, será que algum destes homens se preocupou em conhecer o porquê de tantas lesões na temporada passada?”, indaga Campello. Reforço o coro: será?

Fonte: Coluna Futebol, Coisa & Tal... - Extra