Não só o resultado, mas também o que aconteceu durante o jogo aumentam ainda mais a crise na Colina. Substituído ainda no primeiro tempo, Felipe deixou o gramado sem olhar para o técnico PC Gusmão. Os dois têm uma boa relação, mas o episódio não agradou o meia, que vinha sendo o principal alvo da ira da torcida.
A torcida também não está feliz com o técnico. No fim da partida, os gritos de “Adeus, PC” se fizeram ouvir com força. O treinador, que está a perigo no cargo, retribuiu ironicamente com palmas.
As duas equipes voltam a campo no próximo domingo. Às 17h (horário de Brasília), o Boavista encara o Americano, em Campos. Já o Vasco enfrenta seu maior rival no Engenhão, às 19h30m.
O jogo ainda nem havia começado e os jogadores já sentiam a pressão da torcida. Na apresentação da escalação do time, os torcedores ficaram em silêncio. Palmas apenas para o ídolo Dedé, que fez seu primeiro jogo no Campeonato Carioca. Contudo, assim que o jogo começou, Felipe virou o alvo das vaias.
A postura ofensiva do Vasco diminuiu a insatisfação das arquibancadas. E quase que o time conseguiu o apoio da torcida. Lembrando seus melhores momentos no Brasileiro do ano passado, Eder Luis e Fagner fizeram uma linda tabela na direita. O atacante cruzou na área e Carlos Alberto tentou de letra, mas errou. Rômulo também tentou em chute de longa distância, mas a bola passou longe.
Nos primeiros minutos, o Boavista se limitou a marcar o Vasco e a estudar o adversário. Mas logo percebeu que as principais jogadas do rival eram armadas pelos lados dos campo e que poderia se aproveitar disso no contra-ataque. E foi assim que o time de Saquarema chegou ao primeiro gol.
Em jogada rápida pela esquerda, Thiaguinho foi derrubado por Dedé. Tony cobrou para a área, a defesa cruzmaltina deu bobeira e a bola entrou direto no canto do goleiro Fernando Prass. Foi o que bastou para a torcida extravasar sua decepção com os resultados mais recentes. “Time sem vergonha”, gritaram. E a equipe sentiu.
Eder Luis teve duas chances sozinho na cara do gol. Irreconhecível, o atacante deixou que o goleiro adversário se antecipasse em ambas. “Queremos jogador”, pediam os torcedores, para logo em seguida baterem palmas...para o Boavista. Frontini aproveitou uma bola mal cortada pela zaga vascaína para encobrir o goleiro Fernando Prass e fazer o segundo.
Sem saber o que fazer para alterar os rumos da partida, o técnico PC Gusmão decidiu acatar o que a torcida pedia. Tirou Felipe e colocou Jeferson. Felipe saiu muito vaiado, mas o treinador não conseguiu aliviar sua barra. Das arquibancadas, ecoaram xingamentos para o comandante cruzmaltino. E o meia também deixou claro que não gostou nem um pouco da decisão. O jogador foi para o banco de reservas sem olhar para o treinador. O Boavista, que nada tem a ver com os problemas do Vasco, se aproveitou para fazer o tempo passar e levar um bom resultado para o intervalo.
Desesperado, o Vasco voltou para o segundo tempo pressionando o Boavista. Mas o time cruzmaltino esbarrava na falta de inspiração de seus jogadores de criação. Carlos Alberto, inclusive, passou a ser o mais perseguido pelos torcedores. Para demonstrar toda sua insatisfação, a torcida passou a gritar “olé” a cada passe do adversário.
A pressão só diminuiu um pouco quando Dedé apareceu no meio de campo. Já que os armadores não criavam, o zagueiro criou. De longe, cruzou para Marcel que subiu mais que a defesa rival e descontou. A torcida passou a apoiar e ainda lembrou que o Vasco é conhecido como “time da virada”. Sem sucesso.
Após o gol vascaíno, o jogo ficou aberto. O Boavista quase marcou logo em seguida ao tento de Marcel. Frontini, na área, chutou para fora. Enrico, que entrou no lugar de Eder Luis, respondeu com um chute de longe. A bola passou ao lado da trave. Marcel ainda reclamou de um pênalti, após cruzmanto de Fagner. O juiz nada marcou.
O Boavista voltou a ficar muito perto do terceiro gol. Com categoria, Tony cobrou falta no ângulo, mas a bola acertou o travessão. A torcida do Fluminense, que já entrava no Engenhão para assistir ao jogo do Tricolor contra o Macaé, lamentou a chance desperdiçada.
Os vascaínos não responderam à provocação. A essa altura, os torcedores só aplaudiam Dedé em tudo que ele fazia e vaiavam o resto do time. Quando o zagueiro errou um cruzamanto, teve seu nome gritado, em uma demonstração curiosa de idolatria. Mas a cota do zagueiro já havia esgotado. E a do resto do time parecia que também. Tanto, que um dos raros lances ofensivos do time no fim do jogo veio em uma jogada de Eduardo Costa. O volante invadiu a área, foi derrubado, mas o juiz marcou a falta na entrada da área, em mais uma decisão que revoltou os vascaínos.
Com tranquilidade, o Boavista trocava passes e tentava chegar ao ataque apenas com segurança. Mas havia espaço para a malandragem. André Luis recebeu no meio campo e olhou para a frente, vendo dois marcadores. Mas o meia também viu o goleiro Fernando Prass adiantado e tentou o chute de muito longe. A bola passou tirando tinta da trave.
Se de longe o meia não conseguiu, de perto não perdoou. Após falha de Max, André Luis recebeu dentro da área e bateu na saída de Fernando Prass, dando números finais ao encontro.
- Adeus, PC - gritavam os vascaínos.
- Fica, PC – ironizavam os tricolores que já estavam no Engenhão.
Na saída de campo, o treinador, irônico, bateu palmas na direção da torcida cruzmaltina.
BOAVISTA 3 x 1 VASCO
Local: Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: João Batista de Arruda (RJ)
Gols: Tony (16'/1ºT), Frontini (27'/1ºT), Marcel (12/2ºT) e André Luís (43/2ºT)
Cartões Amarelos: Carlos Alberto (Vasco) e Roberto Lopes, Pessanha e André Luis (Boavista)
VASCO: Fernando Prass; Fagner, Dedé, Anderson Martins e Ramon (Maxs 38'/1ºT); Eduardo Costa, Rômulo, Felipe ( Jeferson 36'/1ºT) e Carlos Alberto; Éder Luís (Enrico 14'/2ºT) e Marcel. Técnico: PC Gusmão.
BOAVISTA: Thiago, Joílson, Gustavo, Santiago e Edu Pina (Pessanha 28'/2ºT); Roberto Lopes (Julio Cesar 26'/2ºT), Thiaguinho, Erick Flores ( Fábio Fidélis 11'/2ºT) e André Luis; Tony e Frontini. Técnico: Alfredo Sampaio.
Estatísticas de Boavista 3x1 Vasco | Estatísticas de Boavista 3x1 Vasco | Estatísticas de Boavista 3x1 Vasco |
Col. | Jogador | Média | Col. no ano | Média no ano |
1º | Dedé | 5.0388 | * | 5.0388 |
2º | Jéferson | 4.9569 | * | 4.8550 |
3º | Marcel | 4.1830 | * | 3.6639 |
4º | Fernando Prass | 4.1553 | * | 5.7237 |
5º | Eduardo Costa | 4.0370 | * | 4.0370 |
6º | Anderson Martins | 3.9840 | * | 3.9840 |
7º | Fagner | 3.8688 | * | 5.0105 |
8º | Max | 3.1060 | * | 3.1060 |
9º | Enrico | 2.7144 | * | 3.5213 |
10º | Ramon | 2.6426 | * | 4.1278 |
11º | Romulo | 2.4941 | * | 3.4770 |
12º | Éder Luís | 2.4855 | * | 3.7041 |
13º | Carlos Alberto | 2.4030 | * | 3.5660 |
14º | Felipe | 1.1017 | * | 3.0828 |