Tamanho da letra:
|

Confira mais trechos da participação de Eurico no 'Casaca no Rádio'


Domingo, 23/01/2011 - 07:25


Eurico Miranda fala sobre o patrimônio do clube

"O que eu quero dizer pra vocês, quando nós fizemos essa regularização, na época, ao mesmo tempo que a gente fazia isso, a gente tinha que se lembrar de cuidar daquilo que sempre foi o diferencial do Vasco para os outros que é o seu patrimônio. O diferencial do Vasco desde 1927, por imposição – o Vasco saiu da liga no futebol e então veio uma imposição. OK, o Vasco tem uma legião de torcedores, já participa da liga, mas o Vasco tem que ter um estádio. Eles tinham aqueles arremedos de estádios, um era General Severiano, outro era a Gávea e outra a Álvaro Chaves e Campos Sales. Mas impuseram isso para o Vasco e o que o Vasco fez? Tudo com a contribuição popular, construiu o maior estádio de futebol da América na época. O que existia no EUA não era para futebol – isso passou a ser o diferencial desde aquela época.

É preciso conserva-lo, engrandecê-lo. O Vasco teve o período áureo até 1950 foram 23 anos, mas depois tivemos o Maracanã que confrontava com São Januário, isso no Rio de Janeiro. E começou aquele processo de abandono do nosso estádio. Logo que nós entramos, paralelamente com essa confissão de dívida, tivemos que fazer a recuparação patrimonial, com problemas estruturais. Começou-se a fazer um trabalho muito forte neste sentido. Daí vieram as cadeiras como nós falamos há pouco, mas começaram a ser feitas obras que não se veem. E fizemos essas obras agora pouco também, já no periodo de asfixia, não deixei de cuidar disso. Ao cuidar do patrimônio, dávamos ao Vasco… no futebol tem um negócio, no mundo inteiro, existe o chamado fator casa, o mando de campo, é uma vantagem que é muito difícil se colocar um percentual… ora, como o Vasco tinha a oportunidade de ter o mando de campo. Qual foi a campanha que fez essa nossa mídia adorável? São Januário era um problema, era um problema para o próprio Vasco, inventaram que ele passou a não ter sorte em São Januário… inventaram o sapo Arubinha, uma série de coisas, além de chegar e levar para o lado que o Vasco existiam influências outras externas que favoreciam enfim, alguns vascaínos embarcavam nessa canoa. Eu ouvi muitos que diziam e dizem até hoje que Vasco não devia jogar em São Januário.

Então esses vascaínos Zona Sul, para eles jogar em São Januário é crime. Eles querem chegar lá todos almofadinhas no Maracanã, botar o seu carro. De preferência com ingresso de graça que é o que dá status. Eu sempre combati esse negócio, sempre quis fortalecer o nosso estádio por causa do mando de campo. Lá a gente fez muito investimento, foi muita coisa. No período áureo na época daquele patrocínio, fizemos investimentos maciços, para acontecerem coisas como aconteceu em São Januário que foi uma decisão da Libertadores. Dessa forma, nós ressurgimos São Januário. No passado, o estádio recebia finais de Copas Sulamericanas e foi palco de grandes desafios, ressurgiu ali com condições de pelo menos o Vasco participar. Porque o Vasco tinha e tem um campo de futebol que está jogado, em termos do que ele efetivamente representa, ele está relegado a segundo plano. Hoje você ouve falar no Engenhão e o Vasco concordar em jogar no Engenhão quando ele tem o seu estádio, um estádio internacional. O Vasco jogou em seu estádio com reconhecimento das entidades internadcionais, no meu período.

O que nós tivemos que fazer? Nós nos preocupamos em aumentar nossa área. Os mais novos, também os mais velhos, mas que tem problema de desvio de conduta que não querem verificar isso dizem que nós fizemos pouco na área do patrimônio. Como se não tivéssemos feito nada. Ora, nós compramos uma rua inteira. O Vasco não tinha acesso pela Rua São Januário, era conhecido como estádio de São Januário, mas não tinha acesso por essa rua. Foram compados 45 imóveis. E o Vasco fechou o seu quarteirão. O Vasco não ocupava seu quarteirão. O quarteirão que abrangia a Rua São Januário e a Rua Dom Carlos era interrompido, nós adquirimos toda aquela área, já com a intenção de fazer num futuro próximo, a expansão do estádio mantendo as características. Mas não tinha que ser nada igual ao Maracanã. Tinhamos um projeto já estudado e aprovado para se colocar em prática para ter 45 mil lugares. Hoje cai n… as pessoas conhecem muito pouco ali. Cai esse aguaceiro, isso é normal aqui no Rio. Quem conhece São Januário sabe que nosso campo está abaixo, não só por causa dos morros que cercam. Quando aquela água toda desce era para aquilo virar uma lagoa, mas ninguém sabe o que foi feito ali em baixo. Foram colocadas manilhas que passam carro, para que isso não aconteça. Da mesma forma, a chamada telecomunicações, ali em baixo, todos aqueles tubos necessários foram colocados para se passar a fiação e não ter problemas. Foram obras necessárias. Da mesma maneira a casa de força. Ali em baixo, para se ter uma casa de força como o Vasco tem por causa da iluminação nos dias de jogos, mas também para atender a demanda de toda energia que precisa para atender aquele complexo todo.

São Januário não é um simples estádio de futebol, essas coisa eram feitas paralelamente… eu já sem descuidar, todos sabem o que aconteceu com a asfixia financeira. Eu sabia que não podia deixar de continuar fazendo."

Para acessar o áudio da entrevista completa de Eurico Miranda, sobre esse e outros assuntos, clique aqui.

Fonte: Casaca


Eurico Miranda fala sobre Eletrobrás e pagamento de impostos

"Aconteceu uma coisa que mesmo com todo descalabro, falta de conhecimento da administração, que culminou a levar o Vasco para a 2ª divisão… Aconteceu a situação que poderia equilibrar. Foi o contrato com a Eletrobrás.

Tudo bem, mas havia um problema que não tinha como se resolver, porque não se tinha certidões. E por que?

Desde aquele período que eles assumiram, não pagaram um centavo. Mais uma vez a gente entrou no circuito, ajudou conseguiu-se algo como uma suspensão, que é um reparcelamento e conseguiu-se resolver o problema da Eletrobrás.

Era uma coisa elementar, dali pra frente, como aquilo era uma receita assegurada e só necessitava de se apresentar uma certidão a cada seis meses, quando fosse fazer o recebimento das contas, só tinha que ter os compromissos de natureza fiscal pagos.

Mas não, eles não pagaram um centavo. Mas a questão não é só não pagar, a questão é que eles se apropriam. O que o clube paga, aquilo que ele desconta de seus funcionários, aquilo se recolhe, então deixam de fazer… Ai se faz folhas mirabolantes, dentro do planejamento que foi feito, aí você faz uma folha, por exemplo, de 4 milhões, mas dentro dela você tem um 300 mil de imposto de renda, você desconta – falo números aleatórios – tem o INSS 50 ou 100 mil, você desconta. Na verdade você não paga os 4 milhões. Deduzindo isso, você paga 3 milhões e 600. É simples. Você recolhe, aquilo que você descontou. Pura e simplesmente não recolhiam nada.

Coisa que eu já tinha feito dentro da programação quando eu ingressei na Timemania, a partir do momento que eu entrei na Timemania, que foi em novembro de 2007. Aquele período, eu já descontava automaticamente da folha, até porque eu tava temeroso do que podia acontecer dali pra frente com a Timemania. Uma das obrigações do ingresso na Timemania é ter os impostos em dia parcelados e em dia dali para frente. Só que eles deixaram de fazer. Consequência: quando foram receber a outra parcela, não há como conseguir as certidões.

Isso tudo, aí é que entra o grande problema que não tem conserto, o grande problema dessa administração. Para tentar justificar todas as coisas que aconteciam, eles vinham com a chamada herança maldita, como tentam colocar até hoje, que o passado é o responsável pelo presente do Vasco, o que não é verdade. Eu tenho que dizer. Todos sabem porque eu administrei o Vasco da forma como eu administrei. Independente do problema da imagem do Vasco, da representatividade que o Vasco devia ter no cenário nacional e internacional, evidente que as coisas deviam ser tocadas. Com recursos…

Eu vou lá atrás, em 1980. Quando eu cheguei no Vasco em 1980 com poder de administração, a primeira coisa que eu fiz, lá chegando, foi consolidar… primeiro restabelecer o crédito. Porque crédito nada mais é você pagar suas obrigações em dia. Se eu compro hoje algo, devo pagar. Vem outra conta, eu pago. Posso ter um crédito de 5, passo a ser um pagador religioso. Meu crédito vai aumentar para 10, enfim, crédito é isso, você pagar em dia suas obrigações, aí você passa a ter crédito.

Quando eu cheguei no Vasco em 1980, chegamos numa situação semelhante ao que eles estão jogando agora, com uma quantidade de títulos protestados, impostos, nem falo, porque na época, o Vasco devia impostos desde 1960.

Eu tive o cuidado, ao restabelecer esse crédito, de consolidar o débito do Vasco. Com as ações que já existiam naquela época, consolidá-las todas através de uma confissão de dívida. Consolidei, fiz um parcelamento junto ao INSS, da mesma forma procedendo junto à Receita Federal. Não consegui fazer junto ao fundo de garantia, porque não tinha como. E o que aconteceu? Pasmem, isso é uma caracteristica de certas pessoas que não veem a entidade. Eu deixei o Vasco em 1983 dessa forma organizada, tinha uns inteligentes que logo que assumiram que chamaram o INSS para dizer que não era bem isso e não pagaram mais nada. Aí quando eu voltei em 86 e assumi o futebol, começando todo um processo de regularização e o que levou… porque você começou a pagar o que era do passado. Não se fez uma linha, pago daqui pra frente. Se esses caras fizessem uma linha e pagassem daqui pra frente… O caso deles é muito pior. Tem clube que fez isso, tinha um que criou uma companhia, daqui pra frente ela é zerada, coisa que a tradição do nosso clube não permitiria. Mas eles fizeram muito pior. Traçaram uma linha isso tudo é herança maldita, tem tantas dívidas aqui detrás, só que eu não vou pagar mais nada daqui pra frente também. Quer dizer: “não pago pra trás porque é herança maldita, mas não pago daqui pra frente também” Essa é na verdade a administração que tem hoje no Vasco e que eles tentam consertar. Mas isso é igual cocô de criança, quanto mais se tenta limpar, mas suja."

Para acessar o áudio da entrevista completa de Eurico Miranda, sobre esse e outros assuntos, clique aqui.

Fonte: Casaca


Eurico fala sobre as ações da atual “diretoria” ao assumir o clube em 2008

"…Mas como eles vinham movidos inicialmente e não são esses os que estão lá hoje atualmente não. Foram aqueles que iniciaram esse processo de destruição, mas contribuíram para isso, porque alertados permitiram que as coisas acontecessem.

Quem tomou a frente para efetivamente trabalhar, fazer… Então eles botaram na parte jurídica para resolver toda aquela situação que tínhamos no Vasco, inclusive na área esportiva. Não quero entrar no mérito da capacidade dele, mas um advogado que não tinha a prática para poder cuidar disso e começou a buscar como ele faria isso. Primeiro, se auto remunerando. E buscando escritórios que pudessem vir a buscar isso. Isso na parte jurídica.

Outro que veio com muita atividade, aparentando o poder que teria fruto da campanha política que foi feita, que foi o José Henrique Coelho. Eles vieram movidos com um negócio chamado caça às bruxas. “Vamos descobrir, vamos provar quem são aqueles que… aqueles que estavam roubando o Vasco, como é que o Eurico estava se beneficiando?” Em vez de procurar uma maneira de administrar. Como fazem: “os funcionários do Vasco, não eram funcionários do Vasco, eles deviam ser funcionários do Eurico”. É como se eles fossem meus cúmplices, os comparsas. Isso na cabeça deles. E foram afastando.

Um clube que não pode parar, que tem um dia a dia e com os problemas do dia a dia, não teve a solução dos problemas. E as coisas começaram a acontecer, acontecer, acontecer e o pessoal entrou naquele desespero. Qual a primeira constatação do desespero: “hoje eu tenho a conta do supermercado e está vencendo amanhã. É a conta da água e tenho que pagar, depois é a conta da luz. E as coisas… os compromissos estão vindo. Como a gente resolve isso?” Pensava eu… Infelizmente no Vasco eu conheço esses homens… Tenho uma conta simples. Vou fazer um adiantamento hoje de 5 mil, amanhã de 10 mil. Quando a receita chegar ela chega sempre por volta do dia 20, depois ocorre o ressarcimento deste adiantamento. Mas não, ninguém era capaz de lançar mão em 5 mil, ou em 10 mil para fazer um adiantamento para pagar uma conta e as coisas começaram a se avolumar. Vem o primeiro mês, não se paga os funcionários, vem o segundo, não se paga os funcionários, até que eles chegam a conclusão que não tinham outra alternativa e começaram a trabalhar com os recebíveis. Mas as coisas estavam se avolumando e ficaram piores. Porque a coisa se soma de jeito que passa a não ter conserto…"

Para acessar o áudio da entrevista completa de Eurico Miranda, sobre esse e outros assuntos, clique aqui.

Fonte: Casaca


Nota da NETVASCO: Depoimentos colhidos no programa "Casaca no Rádio" de 17/01/2011.