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Carlos Leite comenta sobre sua relação com o Vasco
Domingo, 02/01/2011 - 22:51
Em entrevista exclusiva ao repórter Rafael Araújo, da Rádio Globo, o empresário vascaíno Carlos Leite comentou, entre outras coisas, sua relação com o Vasco da Gama e como trouxe o meia Carlos Alberto para São Januário no início de 2009.
Confira o bate-papo abaixo na íntegra:
Qual o papel do investidor no futebol brasileiro?
- Na verdade, esse papel do investidor só está acontecendo, na minha opinião, devido às administrações que os clubes tiveram ao longo dos anos, em que foram criadas dívidas quase que impagáveis. Então, na minha opinião, só aconteceu esse crescimento dos investidores por esse motivo. E hoje é inevitável o clube ter ao seu lado um investidor para que ele possa trazer bons jogadores, e com isso, estar competindo de igual para igual. Se você olhar no Brasil inteiro, hoje, o que tem ocorrido é isso. Não vou dizer se é certo, se não é certo, se é melhor ou não. Mas hoje é inevitável.
É possível, hoje, um clube trabalhar no futebol brasileiro sem um investidor ao lado?
- É o que eu estou dizendo. Eu acho que hoje é muito difícil um clube não ter um investidor ao seu lado, para fazer a aquisição e a manutenção de grandes jogadores. Eu acho muito difícil. Acredito eu que, com o passar do tempo, com as receitas que estão entrando no futebol, que aumentam a cada dia, e com administrações profissionais, o investidor vai ter uma queda dentro do clube e sua atuação diminuida. Eu não acho que seja o melhor para o futebol brasileiro, mas hoje os investidores são inevitáveis.
É fácil trabalhar com os jogadores? Como funciona a relação?
- Facil não é. Mas quando você faz com prazer, e eu faço, as dificuldades ficam em segundo plano. Não é uma tarefa fácil pois envolve uma série de coisas, como o gerenciamento da carreira profissional, os lados pessoal e familiar. Enfim, é uma série de coisas com as quais temos que nos preocupar para que o jogador esteja somente com a cabeça voltada para jogar futebol. E isso requer um cuidado especial, mas que dá bastante prazer quando dá resultado.
Sobre Léo Lima, seu primeiro atleta agenciado, onde começou sua carreira ...
- Meu primeiro jogador foi o Léo Lima, em 2003, no Vasco da Gama. Eu era um mero espectador, um torcedor, e me tornei amigo dele. Ali surgiu a oportunidade de entrar no mundo do futebol, que era uma grande paixão, mas apenas no lado torcedor, e hoje passou a ser meu meio de vida. Enfim, é uma coisa que eu gosto muito de estar fazendo.
É mais fácil trabalhar com jogadores jovens ou experientes?
- Eu prefiro trabalhar com o jogador já pronto, não que eu deixe de trabalhar com as jovens promessas, mas é muito mais complicado. Hoje em dia, é um mercado muito competitivo, o dinheiro fala mais alto em muitos momentos. Quando se pega um menino para trabalhar, daqui a pouco vem outro investidor querendo pagar cifras para obter uma procuração, coisa que eu não faço. Eu trabalho sem isso, acho que a confiança tem que ser conquistada e não comprada. Quando você pega um jovem, geralmente ele vem de uma camada muito baixa, e fica mais fácil de ele ser manipulado. Então trabalhar com jogador feito, nesse momento, fica mais fácil.
Como é para você separar a paixão pelo Vasco do lado profissional?
- Muito difícil. Em muitos momentos, você acaba misturando isso. Na verdade, eu me aproximei do Vasco novamente, como profissional, somente agora. Quando eu trabalhei com o Léo Lima foi bem no meu início, então meu contato profissional com o clube quase não existiu. Depois disso, fui tocando a minha vida. E agora, quando ocorreu a queda do Vasco para a Série B, eu me aproximei realmente do clube para tentar ajudar, na medida do possível, com um pouco da minha experiência devido ao que tinha ocorrido tanto com o Grêmio quanto com o Corinthians. E a partir daquele momento realmente os lados se estreitaram, e a gente procura fazer o melhor pelo clube. Não só pelo Vasco, fiz também por Grêmio e Corinthians. Mas com o Vasco teve um significado especial e diferente por ser o clube que eu torci bastante durante a minha infância.
Como o Carlos Leite se avalia dentro do processo diário do Vasco da Gama?
- Hoje a situação é bem mais tranquila e parecida com a dos outros clubes, não tem diferença. Tem afinidade, tem a relação, tem a credibilidade que foi adquirida pelo período de trabalho. Então não é diferente de outros clubes. Hoje permance assim, temos o diretor executivo do clube, com muito conhecimento na sua área. Então a relação é igual a qualquer outro clube, não vejo diferença.
Como você convenceu o Carlos Alberto a atuar pelo Vasco na Série B em 2009?
- O Carlos Alberto necessitava de um porto seguro, e eu enxergava o Vasco como esse porto seguro para ele. Então, em um primeiro momento, ele não aceitou, com não aceitou jogar a Série B pelo Corinthians, pois eu havia tentado um ano atrás. Aí eu tive que convencê-lo, claro que estou brincando aqui, mas meio que enganando: 'Carlos Alberto, são só seis meses, coisa rápida, depois do meio do ano você vai voltar para a Europa.' Mas eu sabia que, a partir do momento que ele entrasse no clube, recebendo todo o carinho, se sentindo importante dentro do processo, ele teria aquele porto seguro para voltar a ser o grande jogador que todos sabem que ele é. E foi assim que que eu consegui convencê-lo.
Sobre o apagado 2010 e o próximo 2011 de Carlos Alberto ...
- Na verdade, o Carlos Alberto teve um ano de 2009 muito bom. Em 2010, realmente, ele viveu com uma série de contusões. Contusões essas que muitas vezes se agravaram pelo excesso de vontade dele em jogar. Então, no momento em que talvez ele tinha que ter parado, para se recuperar de uma lesão, ele não parou, a vontade de jogar foi maior. Eu falo isso com tranquilidade porque eu participei ativamente ao lado dele nesse processo. Aí realmente as lesões foram se agravando e 2010 acabou sendo um ano difícil para ele. Mas depois de todo ano difícil para o Carlos Alberto, vem outro muito bom. Então a esperança é de que ele tenha um ano muito bom, de que ele possa voltar a jogar, a fazer o que ele mais gosta e dar alegrias ao torcedor vascaíno.
Mas é o coração do torcedor que está falando?
- Não, não (risos). Está falando o profissional que trabalha com ele e acompanha sua carreira desde 2005, quando ele foi para o Porto. O Carlos Alberto é campeão da Champions League, campeão do mundo, campeão português, campeão brasileiro, campeão da Copa do Brasil, enfim, ele tem inúmeros títulos. E no Vasco ele vai ter um bom ano para, com certeza, também conquistar títulos.
Algum grande nome para o Vasco em 2011?
- Olha, nesse momento, eu acho que o time do Vasco já está completo. Pelo que eu tenho conversado tanto com o Presidente, quanto com o Rodrigo Caetano, quanto com o Mandarino, eu acho que está fechado. Claro, se aparecer um grande nome, os clubes estão sempre na expectativa. Mas eu acho que nesse momento não vai aparecer o grande nome. Até porque, os números do futebol brasileiro são preocupantes. É algo que tem que se pensar muito, para que as dívidas dos clubes não aumentem cada vez mais.
Fonte: Supervasco