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Grupo de empresários trabalha pelo crescimento do rúgbi no Brasil
Sábado, 25/12/2010 - 08:13
Eduardo é empresário do ramo do fundo de investimentos. Werner, advogado. Assim como Sami. Jean-Marc é executivo de um dos maiores bancos brasileiros.
Eles fazem parte da associação que tirou do limbo absoluto o rúgbi brasileiro.
Criado em março de 2009, o Grab (Grupo de Apoio ao Rúgbi Brasileiro), é composto por profissionais bem sucedidos em suas áreas de atuação e que, de alguma maneira, tiveram alguma ligação com a modalidade.
"A função do grupo é dar a vara para ensinar o rúgbi do Brasil a pescar", raciocina Eduardo Mufarej, fundador e presidente do Grab.
Eles agregaram seus conhecimentos em gestão empresarial à administração de uma entidade esportiva, neste caso a CBRu (Confederação Brasileira de Rúgbi). E até agora tiveram sucesso.
Foi o grupo que angariou parceiros como a Topper para a confederação nacional.
A empresa fornecerá o material esportivo a todas as seleções brasileiras até o final de 2013 e, para isso, promove uma campanha de publicidade bem humorada em horário nobre na TV.
No dia em que recebeu a Folha em seu escritório, situado no 23º andar de um prédio em uma das esquinas mais caras da região da Faria Lima, Mufarej foi contatado por executivos de uma fabricante de cervejas importadas, com tradição de patrocínio no rúgbi internacional.
"Mais um interessado em nos apoiar", vibra o empresário. "Eles [fabricante de cervejas] souberam do nosso trabalho pela Topper e vamos conversar nas próximas semanas", afirma.
Há dois anos, o orçamento do rúgbi era de R$ 30 mil, relata Mufarej. Os números saltaram para atuais R$ 900 mil, sendo R$ 150 mil do Grab, além de pagamento dos clubes, verba da IRB (sigla em inglês para Associação Internacional de Rúgbi) e recursos da Lei Piva -em 2011 a modalidade foi contemplada com R$ 500 mil.
O grupo conta com aproximadamente 15 pessoas, todos empresários. "Alguns ajudam com dinheiro, outros com ideias ou algum outro tipo de esforço", diz Mufarej.
A pergunta inevitável é: quanto os membros do Grab, empresários bem sucedidos, receberão em troca para azeitar a engrenagem administrativa da modalidade?
"Nada", informa Mufarej. "Sem querer ser arrogante, mas você acha que nós precisamos dividir R$ 60 mil para 10 ou 15 pessoas?"
"Pensar que estamos nessa empreitada visando retorno financeiro sem aceitar que se possa fazer uma doação é algo bem brasileiro", acrescenta Mufarej, que jogou rúgbi, como atleta amador, na Argentina e nos EUA.
"Perco tempo livre com a minha família, posso até estar perdendo dinheiro na minha profissão, mas o prazer de ajudar a levantar o esporte que eu amo é impagável", reforça Sami Arap.
Ele é presidente da CBRu, entidade criada há pouco mais de um ano em substituição à extinta ABR (Associação Brasileira de Rúgbi).
Ex-jogador, provavelmente um dos mais conhecidos entre os adeptos da modalidade nas duas últimas décadas, é advogado da área de projetos de infraestrutura.
Arap promete alto. "Nossa meta é colocar o rúgbi brasileiro no nível do vôlei."
Olimpíada faz veterano lutar por sobrevida
Veteranos da seleção brasileira, eles começaram a praticar rúgbi quando o esporte nem sonhava em ser "grande" no Brasil.
Agora que o rúgbi obteve status olímpico, eles sonham em competir na Rio-2016 e disputam vaga com uma nova geração.
Fernando Portugal e João Luiz da Ros, o Ige, até jogaram no exterior em busca de aprimoramento.
Capitão da seleção, Portugal, 29, jogou na Itália e atualmente consegue viver de rúgbi, mas não só como jogador: produz um site, coordena projetos e é comentarista da modalidade na televisão.
"O Pan-Americano [em Guadalajara-2011] é algo mais real para mim", afirma Portugal. "A Olimpíada seria mais um sonho."
Ige, 28, que jogou na França e foi um dos fundadores do Desterro, tradicional clube de Florianópolis, é mais firme sobre seu "sonho de criança".
"Eu vou disputar um lugar. Não vou pedir para sair", diz o agrônomo.
Daniel Gregg, 30, também diz estar treinando para isso e enxerga um lado positivo no aumento da concorrência na seleção.
"Um tempo atrás, a gente não conseguia reunir 20 jogadores bons e o treino ficava desnivelado."
O técnico da seleção, Maurício Coelho, diz que a escolha da formação de sete jogadores e não de 15 para os Jogos Olímpicos torna ainda mais difícil os veteranos jogarem no Rio.
"Será necessário uma vida mais regrada", diz.
Fonte: Folha de São Paulo