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Dívida na década aumenta, mas números causam divergências


Quinta-feira, 23/12/2010 - 19:51

A pior década da história do Vasco teve como causa e consequência problemas financeiros. No ano 2000, o clube rompeu o contrato de patrocínio com o Bank of America, investidor que possibilitou a formação das grandes equipes das temporadas anteriores. Sem a verba milionária do antigo parceiro e sem conseguir arranjar outro contrato nos mesmos moldes, a diretoria passou a acumular dívidas. Com isso, faltou verba para montar bons times.

Sem bons times, sem resultados em campo. E sem resultados em campo, diminuíram as vendas de bilheteria, de camisas, produtos licenciados... A consequência de tudo isso foi um rombo nos cofres cruzmaltinos.

Ao sair do clube em 2008, o então presidente Eurico Miranda garante ter deixado um clube equacionado. Em linguagem popular, com menos dívidas do que posses - o que inclui todo o patrimônio, desde as sedes ao valor de mercado dos jogadores, passando pela verba em caixa. Segundo o relatório, o Vasco devia R$ 190 milhões. Porém, assim que entrou na presidência, o atual mandatário Roberto Dinamite contratou uma empresa para refazer as contas da Colina. E, usando outra metodologia, chegou ao número de quase R$ 378 milhões.

- Eu deixei o Vasco com a dívida fiscal equacionada, com a dívida trabalhista equacionada. Por isso eu dizia que o Vasco não deve nada. Não deve porque estava equacionada. E tudo sendo cumprido rigorosamente. As pessoas têm que analisar os balanços de maneira correta - afirma Eurico Miranda.

José Henrique Coelho, um dos responsáveis pela decisão de fazer uma auditoria nas contas do clube após a posse de Roberto Dinamite, rebate a opinião de Eurico.

- Havia muitas dívidas que eram ocultadas para que o rombo não ficasse tão grande. Após refazermos as contas, ficou nítido que o problema era muito maior - afirmou o ex-vice de marketing, que deixou a diretoria por discordar de decisões do atual presidente.

Balanços mostram despesas superando receitas

Independentemente da maneira de fazer as contas, o fato é que quase todos os balanços publicados a partir de 2003 (ano em que a divulgação passou a ser obrigatória) mostram que as despesas anuais foram maiores do que as receitas. As exceções ficam pelos anos de 2005 e 2009 (veja no quadro abaixo).

Apesar de relutante, Eurico admite que o clube aumentou sua dívida durante a década. Segundo ele, o problema estava na conta do quadro social e dos esportes olímpicos.

- Não havia problema algum nos balanços, rapaz. Isso foi coisa que inventaram. Os meus funcionários recebiam rigorosamente em dia. Todos as dívidas que eu tinha estavam equacionadas. Todos os balanços do Vasco tinham uma coisa pela qual se mede se uma empresa é viável ou não, que é quando o que você tem dá para pagar o que deve e sobra algum. O Vasco sempre teve essa conta assim. Tinha despesa? O futebol do Vasco comigo sempre foi superavitário, mas tinha que arcar com outras coisas. Se você levar para isso, sim, pode considerar que houve aumento de despesa.

Com Roberto na presidência a partir da metade de 2008, o Vasco teve prejuízo nesse ano e um pequeno ganho em 2009, sobretudo por conta da venda de alguns atletas e da grande bilheteria na Série B. Ainda assim, a receita do Vasco no ano passado (R$ 84.817.000) foi apenas a oitava maior do futebol brasileiro, menos da metade do líder Corinthians (R$ 181.042.000).

Já em endividamento, o Vasco está bem colocado no ranking dos clubes, atrás apenas do Fluminense.




Fonte: GloboEsporte.com