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Nelson Rocha: 'É uma luta diária, é vender a janta para pagar o almoço'


Segunda-feira, 20/12/2010 - 14:14

O Vasco vem sofrendo com a falta de dinheiro para contratar reforços. Muito disso se deve ao baixo fluxo de caixa no Vasco.

Em entrevista ao repórter Gustavo Penna, da Super Rádio Brasil, Nelson Rocha, vice-presidente de finanças do Gigante da Colina, comenta as dificuldades e o que vem sendo feito tanto para contratar jogadores quanto para pagar os salários em dia:

- Obviamente o que o Rodrigo [Caetano, que teria exigido o pagamento de salários do departamento de futebol em dia] coloca é o que todos nós também queremos, não atrasar salários. Mas o Rodrigo sabe das dificuldades que o clube vivencia e que não é de hoje. Aliás, quando entrei na vice-presidência de finanças, falei, dei entrevistas a vários meios de comunicação falando das dificuldades que teríamos e que não se recuperava o clube em um ou dois anos. No mínimo, nós precisaríamos de cinco anos para começar a respirar, mas conseguimos passar 2010 a partir da criação de novas receitas, à criatividade, que foi um marco de 2010, para que a gente pudesse honrar os nossos compromissos até outubro. Estamos com os salários atrasados. Hoje mesmo, temos uma reunião para tentar uma operação financeira, a fim de regularizar a situação, mas não é fácil. Não é fácil para o Vasco, não é fácil para todos os clubes brasileiros. Os clubes se endividaram demais e a gente não consegue resolver isso do dia para a noite. Estamos trabalhando firmemente. Essa questão dos salários, a gente espera resolver antes do fim do mês, agora, através de uma operação financeira, mas todos sabem como é difícil. Sempre digo que o Vasco, do ponto de vista econômico, ele é superavitário, ou seja, hoje, as nossas receitas, e a gente ainda vai ampliar mais para 2011, ela é superior às nossas despesas. Entretanto, do ponto de vista de caixa, de entrada efetiva de dinheiro, isso não ocorre. Não ocorre porque estamos pagando a conta. Você se endivida, uma dívida de mais de 300 milhões. Aí, é ação toda hora, bloqueando a entrada de receita, é antecipação que foi feita, empréstimos. Estamos pagando a conta de tudo isso. O superávit que temos é muito pouco para quitar essa dívida de 300 milhões rapidamente. É uma luta diária, é vender a janta para pagar o almoço. Mas vamos superar isso. No nosso planejamento estratégico, já definimos uma meta para que em cinco anos, a gente tenha isso tudo regularizado.

De que forma o Vasco planeja melhorar suas receitas de patrocínio?

- Claro que a gente tem em vista o patrocínio da manga, mas em vista das tratativas serem em caráter restrito, não vou poder estar divulgando aqui. Mas temos o encaminhamento disso. O patrocínio master, apesar da nossa dificuldade de receber por conta exclusiva nossa de não termos as certidões negativas, por conta disso tudo que eu respondi anteriormente, estamos satisfeitos com a Eletrobrás. A Eletrobrás é um grande parceiro nosso. Nosso objetivo é tratar os parceiros com a deferência que eles merecem. A Eletrobrás tem sido de forma irrestrita o nosso parceiro. É claro que essa dificuldade pesa. O processo de patrocínio é um processo dinâmico. Conseguimos ampliar com a ALE, no ombro e temos outros patrocínios em vista já para o ano que vem. Mas nosso patrocinador master, a gente queria aproveitar a oportunidade para agradecer ao trabalho que a Eletrobrás vem fazendo. Essa nossa parceria é uma parceria bastante forte e que tem trazido resultados positivos para a Eletrobrás.

Qual a importância do marketing para ajudar a resolver os problemas financeiros do Vasco?

- O que a gente busca são formas alternativas de criação de receitas. Esse ano, tivemos a questão da relação nossa com a AMBEV, que não é na camisa, mas são outras ações paralelas. Nós estamos buscando uma parceria para o ano que vem bastante interessante. Vai estar relacionado com um espaço na camisa, com outra companhia, de um outro segmento. Esse ano, conseguimos fechar o contrato das franquias. Nossa expectativa são 100 franquias em cinco anos. A loja, que vai ser aberta agora em 2011, a grande loja que é do Vasco. Vamos ter o apoio da Penalty, mas é do Vasco, a grande loja de São Januário. A gente está sempre criando alternativas e ainda tem possibilidade de crescimento. Nesse ano de 2011 tem a renovação do contrato de transmissão de TV. Isso também é um momento importante, porque a TV hoje tem um papel importante no quadro de recitas do clube. A gente está com bastante esperança de ter um resultado muito interessante. Gustavo [Penna, repórter da Super Rádio Brasil], vou te dar em primeira mão: Nosso orçamento, esse ano, passou a barreira dos 100 milhões em receita. O Vasco vem crescendo. Nosso objetivo é, em três anos, chegar a 180 milhões. Mas esses 100 milhões é no ponto de vista econômico, porque no de fluxo de caixa, vamos continuar enfrentando problemas. Temos uma necessidade de financiamento bastante elevada para o ano que vem em função isso tudo. Só para que os ouvintes possam compreender, eu tenho 100 milhões previstos de receita, do ponto de vista econômico, mas tenho uma necessidade de financiamento de 60 milhões. Significa que dos 100 previstos de receita, 60 eu já não vou ter. Por que isso? Porque tem tudo para pagar para trás. Já começa 20% lá para o TRT, que é o ato que nós temos. Aí vão 20 milhões. Assim, vamos perdendo cada dia, por conta de tudo o que estamos pagando de conta até hoje no clube.

Fonte: Supervasco