Trabalhar no Goiás foi traumático para o treinador Émerson Leão. Quando foi demitido, em agosto de 2010, o time estava na última colocação (e ainda está na zona do rebaixamento). Um mês antes, havia se envolvido em brigas e discussões com jornalistas da Bahia durante confronto contra o Vitória. Leão chegou a ser indiciado criminalmente e foi punido pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com três jogos de suspensão. Para completar, teve que entrar contra a equipe goiana na Justiça para cobrar uma dívida de salários atrasados e multa rescisória.
“Estou chateado com o futebol’, disse. “Tenho 47 anos no mundo da bola. Pensei em parar agora. Mas quero parar quando completar 50 anos de trabalho. É um número bom.”
Leão quer voltar a treinar em 2011. Já recebeu algumas consultas. “E só consultas! Porque tem treinador que recebe consulta e diz que foi convidado. Tem muita mentira por aí...”
Durante o atual período de repouso, organizou o casamento de uma de suas filhas e observou o futebol à distância. Nesta entrevista exclusiva, o treinador reflete sobre o passado, reconhece excessos, mas segue letal com os adversários.
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Você acha parecido os problemas de relacionamento que Neymar e Dorival Júnior tiveram no Santos com os que você teve com Carlos Alberto no Corinthians, em 2006? Vocês também discutiram em jogo um contra o Lanús pela Copa Sul-Americana.
Quer saber? Eu não briguei com o Carlos Alberto. Eu o tirei de um jogo, e ele se revoltou. Só que eu o tirei de campo para o bem dele. Na época, ele não teve cabeça para perceber isso. Ele fez umas cenas obscenas em campo. O quarto árbitro viu e chamou o árbitro para expulsá-lo. Eu o substituí rapidamente e ele não percebeu minha intenção. Mas há algum tempo, eu estava indo à praia com a minha mulher e o celular tocou: ‘Professor, é o Carlos Alberto’. ‘Qual deles? Eu conheço um monte’, respondi. E antes que ele começasse a falar, dei os parabéns porque ele tinha acabado de ser campeão da Série B pelo Vasco. E ele disse: ‘Estou ligando para pedir desculpas. Naquele tempo eu estava com a cabeça diferente. Agora, tô legal’. ‘Tudo bem, esquece isso’, eu disse. ‘Os mais velhos estão aqui para entender os erros dos mais novos’. Quer coisa melhor que isso? O Carlos Alberto viu que sempre dá tempo para melhorar. Então, não tem nada a ver com o Neymar. Se tivesse, seria mais fácil.
Você dirigiu os quatro grandes times de São Paulo, os dois maiores do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, mas nunca comandou um time do Rio de Janeiro. Por que não? Teria vontade?
A rivalidade entre São Paulo e Rio era mais acirrada antigamente. Pouquíssimas vezes um treinador de São Paulo era convidado para trabalhar em times do Rio. Mas as coisas estão mudando. Eu mesmo já fui convidado. Nos últimos tempos, estive conversando com diretor do Flamengo. Pelo Fluminense, o presidente da Unimed já esteve em casa. Também já fui procurado pelo (Carlos Augusto) Montenegro, quando era presidente do Botafogo. Pode perguntar para eles. Mas eu estava empregado naquele tempo. Não dava para largar. Fiquei feliz quando o Bob assumiu o Vasco. Bob era como chamávamos o Roberto Dinamite quando jogávamos juntos na seleção e no Vasco. Eu gostaria muito de trabalhar no Rio. Minha mulher é carioca e tenho amizades por lá. Qualquer hora pode acontecer.
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Fonte: UOL