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Sorato relembra título brasileiro de 1989 em cima do São Paulo


Domingo, 24/10/2010 - 07:43

Se na primeira parte do encontro entre Sorato e Nunes, publicado no UOL Esporte, os “artilheiros das decisões” de campeonatos brasileiros chegaram à conclusão de que Vasco e Flamengo “sofrem” na competição deste ano pela ausência de um homem de referência em cada equipe.

Neste domingo, a segunda parte do encontro realizado em um restaurante da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, aborda a questão das categorias de base dos rivais, que se enfrentam, às 18h30 (horário de Brasília), no Engenhão, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Desde que parou de atuar, Nunes já trabalhou como auxiliar-técnico no próprio Flamengo e nutre a ideia de se tornar um gerente de futebol em breve. Frequentemente recebe convites de clubes do Nordeste, mas ainda estuda a melhor oportunidade.

Formado no Flamengo, o “João Danado” é sócio proprietário do clube. Na Gávea diariamente, construiu a ideia de que os ídolos precisam ser aproveitados para ajudar na melhor formação das categorias de base.

“Não tenho nada para reclamar em termos de reconhecimento. Só acho que os clubes têm de aproveitar mais os ídolos. Temos de ser mais usados nas categorias de base, passar aos mais jovens as experiências que vivemos. Isso sem falar da parte técnica, onde vejo muitos erros de finalização, posicionamento, e outros problemas que poderiam ser corrigidos por nós. Isso é a única coisa que reclamo”, disse, acrescentando.

“Tem muito técnico de base por aí que é formado, mas não na “faculdade das quatro linhas”. Eles acham que sabem mais do que a gente, e os clubes não nos dão oportunidade. Essa é a realidade. Como existe o treinador de goleiros, tem de existir o treinador de atacantes”, analisou.

“O próprio Vanderlei Luxemburgo defende a ideia dos ex-jogadores no comando das categorias de base. Eles precisam aprender com os ídolos. Eu, por exemplo, cansei de ficar na arquibancada de São Januário vendo o Roberto (Dinamite) treinar”, complementou Sorato, que foi técnico do Tigres no último Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, e está momentaneamente sem clube. O ex-atacante recebeu algumas sondagens, mas ainda espera um convite oficial para voltar a trabalhar.

Como não podia ser diferente, o encontro com os dois jogadores foi encerrado com histórias curiosas dos gols históricos marcados em finais de campeonatos brasileiros. Como balançou a rede em 1980 e 1982, mas considera a emocionante decisão contra o Atlético-MG, em 80, como o ponta-pé inicial, Nunes recordou.

“Após perdermos o primeiro jogo, contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte, sabia que a chance não poderia passar aqui no Rio. Tínhamos que ganhar esse título diante da nossa torcida. O campeonato foi muito difícil. Vasco, Atlético-MG, Internacional, Corinthians... Todos tinham grandes times, mas nossa equipe era maravilhosa. Bastava um olhar para o outro e já sabia o que o companheiro queria, uma sintonia perfeita. Considero essa final contra o Atlético-MG mais importante do que a decisão do Mundial de 1981, contra o Liverpool. No dia do jogo, o Francisco Horta, então presidente do Fluminense, pessoa muito querida pelo nosso time, estava conosco no ônibus, sentou ao meu lado, bateu na minha perna e disse que havia sonhado que eu faria dois gols. Horta ainda garantiu que o Zico faria um gol”, revelou Nunes, acrescentando.

“Foi exatamente isso o que aconteceu. Um jogo muito difícil, mas eu já estava acostumado com decisões em outros clubes e consegui marcar aqueles gols que ficaram para sempre na memória do torcedor rubro-negro. Independentemente do que aconteça, enquanto existir o Flamengo, meu nome vai estar para sempre na história do clube como o “artilheiro das grandes decisões”. Eu fiz os gols mais importantes da história do Flamengo e falo isso com o maior orgulho”, comemorou.

Já o sereno Sorato, comemora o reconhecimento do torcedor cruzmaltino até hoje. Ele não se importa em ser conhecido como o “Sorato do gol de 1989”, quando o Vasco derrotou o São Paulo na decisão do Brasileiro.

“A nossa equipe vinha embalada, atropelando os adversários, jogando muito bem e existia uma preocupação grande com a minha entrada no time, pois era muito jovem. Era muita pressão, todos conversando comigo, mas qualquer um que entrasse ali jogaria bem, tamanho a qualidade daquela equipe. Era fácil jogar com Bebeto, Bismarck, Marco Antonio Boiadeiro e companhia. Estava com uma expectativa muito grande, não conseguia nem dormir na véspera. Mas na hora que a bola rolou, esqueci tudo. Era um jogo duro, truncado, e aproveitei a única chance que tive”, lembrou, emendando.

“Muita gente falava à época, mas eu não tinha noção do feito. Saímos de lá, fomos recebidos como heróis no aeroporto, mas só fui ter a verdadeira dimensão da importância daquele gol anos mais tarde. Hoje, por onde passo, sou reconhecido pela torcida vascaína como o “Sorato do gol de 1989”. Isso é muito gratificante”, comentou.

Enquanto esperam novas oportunidades de trabalho, Sorato e Nunes continuam assistindo e analisando o futebol. Ao término do encontro, os dois apertaram as mãos calorosamente na esperança de assistir a um bom clássico neste domingo e de que o futuro possa ser tão brilhante fora dos gramados quanto foi dentro das quatro linhas.






Fonte: UOL