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PC animado com opções de jogadas pelas duas laterais durante treino


Sexta-feira, 22/10/2010 - 10:35

O sol quente e as entradas duras esquentaram o primeiro treino coletivo do Vasco antes do clássico com o Flamengo, domingo, no Engenhão.

Depois de serem preservados devido ao excesso de partidas, os jogadores não foram poupados.

Nem o técnico PC Gusmão, recuperado de uma virose. Ele berrou, gesticulou e andou de um lado a outro do campo para orientar o time. Deu atenção especial ao jovem Diogo, de 18 anos, que foi testado na lateral esquerda, no lugar de Ernani. A disputa, e a dúvida, entre um e outro, deverá acabar hoje, no segundo coletivo.

Certeza, apenas uma: o Vasco treinou para não deixar o Flamengo jogar e sair rápido em contra-ataque.

Apesar da pouca idade e peso, o franzino Diogo não parecia assustado e encantou PC Gusmão ao iniciar a jogada de um dos gols: “Foi a roubada de bola do garoto que começou tudo. Foi o Diogo, que depois passou pelo Jonathan e tocou na frente. Boa, muito boa”, disse PC para os integrantes da comissão técnica.

A chance de uma vida

Com Fágner de volta à lateral direita, saindo para o jogo em velocidade, e Diogo fazendo o mesmo do outro lado do campo, o Vasco ficou equilibrado e com mais opções de jogada. PC, àquela altura, estava exultante.

— Temos saída pelos dois lados, não é Jorge? — perguntava PC ao seu auxiliar técnico, Jorge Luiz, para, logo em seguida, emendar: — Sai Diogo, pode sair. Vai garoto, toca, toca a bola. Isso...

Diogo, nascido em Terra Nova do Norte (MT) foi contratado junto ao Vila Nova-GO, em setembro, e inscrito na CBF no mesmo mês, antes de o prazo terminar. Ele assinou com o clube até 2011 e, ontem, falou com o site oficial.

— Esta é a chance da minha vida — disse o lateral.

Enquanto cobrava de seus volantes e zagueiros mais cobertura para os laterais, PC ficou irritado com erros de posicionamento, principalmente de Dedé.

— Já errou, já errou, Dedé.

Olha o que o atacante está fazendo, meu filho. Você tem que antecipar, adivinhar, não pode chegar atrasado. A marcação tem que ser pegada, forte.

Não pode passar ouviu? — gritou PC Gusmão.

Em certo momento, Fágner comentou com Fellipe Bastos sobre a importância de segurar a bola no ataque.

— Estamos perdendo muitas jogadas à vera (para valer) — afirmou o lateral-direito.

Os jogadores atenderam ao pedido do treinador e apertaram a marcação. Os reservas quase não chegavam perto do gol dos titulares. Jonathan bem que tentou, mas se chocou com os zagueiros.

— Machucou, Jonathan? — perguntou PC, que continuou depois que o jogador disse que não: — Então, vamos...

E ele foi. Afinal, ninguém quer ficar de fora de um dos jogos mais importantes do ano, mas também não há como ganhar a vaga no grito. Nunes bem que tentou. Quando o primeiro tempo chegou ao fim, o centroavante desabafou: — Se o Eder não sair, não tem como eu jogar. Não tem! Ele se referia ao atacante Eder Luis, que, assim como nos últimos jogos do Brasileiro, teve boa atuação no coletivo ao lado de Zé Roberto. O Ex-rubro-negro, campeão brasileiro em 2009, que foi poupado dos últimos treinos, já enfrentou o Flamengo no Brasileiro e sabe da importância de vencer o clássico. Ainda mais para o Vasco, que não conseguiu derrotar os rivais cariocas nos quatro clássicos que fez na competição.

— Vencer satisfaz os egos do jogador e do torcedor. Ganhar nos dará força para brigar por alguma coisa — disse Zé Rober to, que explicou porque era poupado e comentou como PC quer que o Vasco jogue: — Uma hora eu sabia que sentiria dores musculares. É normal. No clássico, temos que ter muita pegada, marcação, e também voltar muito. E eu não gosto de me poupar, porque quero ganhar sempre.

Antes de chegar ao Vasco, Zé Roberto experimentou o lado rubro-negro do clássico.

Segundo ele, a sede de vitória é igual para todos, dentro e fora de campo.

— A torcida cobra e você tem que vencer. É a mesma coisa lá — disse.

Ajuda dos mais experientes

Talvez seja por isso que PC Gusmão ainda relute em confirmar de início o jovem lateral Diogo. Se isto acontecer, ou até mesmo se ele entrar no decorrer da partida, será uma estreia e tanto.

— Diogo mostrou muita personalidade no treino e é um jovem promissor, de qualidade. A sua idade não importa, mas um Vasco e Flamengo mexe muito com a cabeça de todos e caberá a nós, que somos jogadores mais experientes, dar a confiança necessária para ele jogar bem — declarou Zé Roberto.

Logo em sua estreia no Vasco, depois que voltou da Alemanha, Zé Roberto enfrentou o Flamengo, no primeiro turno, em agosto. O empate sem gols marcou também a estreia de Felipe. Naquele momento, os nervos ainda estavam à flor da pele, o Vasco fazia um campeonato de recuperação e Fernando Prass foi o nome do jogo, ao impedir o gol no fim com três defesas em sequência.

O resultado não foi tão ruim. Mas, apesar de Zé Roberto dizer que a cobrança é igual nos dois times, a torcida não ficou totalmente insatisfeita.

Prova de que nem tudo é igual para os dois lados.

— As pessoas são mais tranquilas aqui no Vasco. São mais reservadas e o nosso ambiente é muito mais tranquilo — comparou Zé Roberto.

Fonte: O Globo