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Preparador físico do Vasco comenta situação de Felipe


Domingo, 05/09/2010 - 12:14

Parreira já notou e o técnico da seleção, Mano Menezes, também: os jogos no Campeonato Brasileiro estão sendo, em sua maioria, disputados num ritmo bem mais forte do que nos acostumamos a ver nas partidas locais. E os jogadores estão sentindo esta diferença dentro de campo. Principalmente os que vieram de fora.

Quando ainda era técnico do Corinthians, Mano teve uma conversa com o argentino Defederico, que até hoje não conseguiu repetir no Brasil as atuações que o levaram a ser considerado uma das grandes promessas do futebol argentino. Queria saber o que estava acontecendo. O meia foi franco com o chefe: — O futebol aqui é muito diferente do que se joga no meu país. Aqui eu driblo um jogador e logo aparece outro na marcação. Não dá para pensar direito. Lá na Argentina não é assim — justificou.

Por isso, jogador que não está bem preparado vem encontrando muitas dificuldades. E quem mais tem sofrido são os que estavam atuando no mundo árabe. Lá, seja no Qatar, nos Emirados Árabes ou na Arábia Saudita, o futebol é semiprofissional.

Não há competitividade e os treinos são realizados uma vez ao dia, normalmente no fim da noite, para fugir do calor.

Valdívia (Palmeiras), Renato Abreu (Flamengo) e Felipe (Vasco) são alguns exemplos clássicos. Ficaram anos no futebol árabe e não estão conseguindo acompanhar o ritmo dos jogos no Brasileiro.

— É natural. Felipe ficou cinco anos jogando num lugar que se treina e se joga bem menos. Quando chegou aqui, teve que encarar uma sequência de jogos às quartas e domingo. E não podíamos forçar muito. Acabou sentindo — explica o preparador físico do Vasco, Jorge Sotter.

Comentarista da TV Globo, Júnior, que jogou na Itália e só parou aos 40 anos, é outro que já percebeu uma mudança no ritmo dos jogos disputados na Série A do Brasileiro.

— Principalmente entre as duas intermediárias. O jogo está mais pegado, com marcação forte e muita velocidade. Hoje, um volante lento, que só marca, não tem mais vaga. A vez agora é dos jogadores mais dinâmicos. Nem precisa ter muita técnica — afirma.

Ex-preparador físico do Flamengo, Toninho Oliveira não tem dúvidas de que os jogos estão mais velozes. Ele conta que elaborou uma programação para Renato Abreu cumprir quando ainda estava nos Emirados Árabes, esperando o sim para voltar à Gávea. Devido ao calor, que nesta época beira os 50 graus na região, o jogador não conseguiu trabalhar em dois períodos. Chegou ao Brasil acima do peso e totalmente fora de forma.

— Como a situação do Flamengo não era das melhores, Renato teve que jogar três dias depois de chegar. Não tinha condições. O certo era ele ter estreado contra o Guarani — afirma Toninho.

Até os “europeus” sentem Mas não são apenas os jogadores que estavam no futebol árabe que estão sentindo dificuldades de se readaptar ao futebol brasileiro. Quem estava na Europa também. Deco, que estava no Chelsea, do disputado futebol inglês, se surpreendeu com a carga de treinamentos que lhe foi ministrada antes de estrear no Fluminense. Belletti estreou antes da hora e o músculo da coxa estourou.

— Isso é uma realidade. Hoje, quem não estiver bem preparado não aguenta o ritmo do futebol brasileiro — garante Ronaldo Torres, preparador físico do Fluminense.

Fonte: O Globo