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Carlos Alberto: 'O ambiente no Vasco sempre foi ótimo'
Domingo, 22/08/2010 - 14:08
Carlos Alberto é um dos primeiros jogadores a chegar a São Januário para a atividade do dia. Essa cena é comum no clube desde a contratação do camisa 19, em janeiro do ano passado. Ao fim do treinamento, o carro do capitão é também um dos últimos a deixar o estacionamento da Colina. Ele demora a sair do vestiário. Mas o esforço vem sendo ofuscado pelas lesões nesta temporada. Dos 44 jogos do Vasco em 2010, o meia só participou de 15. Um drama que vem incomodando o capitão cruzmaltino.
- Eu sofro muito se eu não estiver trabalhando. Preciso trabalhar isso na minha cabeça porque eu não consigo. Fiquei muito tempo sem jogar. Ano passado, participei da maioria dos jogos. Esse ano, eu voltava de uma lesão e tinha outra - disse Carlos Alberto.
Na terceira parte da entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, Carlos Alberto fala sobre os momentos que vêm vivendo no Vasco. Devido ao vasto currículo, poucos torcedores se lembram que o capitão ainda é jovem. Está com 25 anos. E ainda tenta controlar o temperamento. A enorme vontade de vencer fez o jogador ganhar a fama de indisciplinado. Com a camisa cruzmaltina, são 24 cartões amarelos e quatro vermelhos em 59 jogos. Mais do que qualquer zagueiro ou volante que tenha atuado pelo clube neste mesmo período. A última expulsão por reclamação, contra o Vitória, fez o técnico Paulo César Gusmão admitir que era necessário uma conversa.
- Tem coisas que você difere o homem do menino. Como homem, eu não tenho problema para falar de nenhum assunto. É assim que você mostra maturidade. Foi um erro, aconteceu e nós conversamos. O pessoal falou: “o PC ficou chateado”. E ele precisa ficar, ele é o treinador. No dia seguinte, me abraçou, me beijou. Ele cobra, mas sabe dar carinho. No papo, o PC disse: “o grupo te ama porque correu daquele jeito por você”. Eu vou recompensar quando eu tiver a chance de jogar. Ele falou isso na frente dos companheiros. Achei que o árbitro exagerou, mas eu tenho que me controlar e não reclamar.
Líder e símbolo do time na volta à Série A do Campeonato Brasileiro, o meia não se cansa de afirmar nas conversas com amigos e jornalistas que é o Carlos Alberto do Vasco. O passado tricolor, adversário deste domingo, no Maracanã, ficou no passado. Não desdenha de seu passado no Fluminense e de suas passagens por Botafogo, São Paulo, Corinthians, Werder Bremen-ALE e Porto. Mas São Januário é a sua casa, onde se sente feliz.
Você comentou outro dia que o momento mais difícil que viveu na carreira foi na Alemanha. O ano de 2010, por conta da sequência de lesões, também está sendo complicado?
Ficar lesionado é sempre complicado. Você precisa se superar, passar por aquelas questões de ser paciente com o seu corpo. Às vezes, eu quero voltar, mas os médicos falam para eu esperar, para eu ter calma. Eu sofro muito se eu não estiver trabalhando. Preciso trabalhar isso na minha cabeça porque eu não consigo. Fiquei muito tempo sem jogar. Ano passado, participei da maioria dos jogos. Esse ano, eu voltava de uma lesão e tinha outra. Tratava uma situação e não voltava porque a musculatura estava desequilibrada. Sofri muito com isso.
Ouviu insinuações de que era chinelinho?
Isso eu já sei que é assim, mas é sempre bom relatar. As pessoas têm memória curta das coisas que você faz. Vira pó do dia para a noite. Quem me conhece e trabalha comigo sabe que eu gosto de treinar quando estou bem, sempre treinei muito. Ouvi meios de comunicação dizendo que eu estava de chinelinho. Teve um dia que eu fui para o campo ver o treino. Fico tão ansioso para voltar que só o fato de ver os companheiros treinando já me dá um conforto. Fui para o campo de chinelo e vi o treino sentado ao lado do campo. Escreveram que eu estava de chinelinho. Os meus amigos brincam: “essa é a parte dura da história. A boa a gente já sabe”. Hoje estou bem mais tranqüilo para isso, estou mais flexível para ouvir. Por tudo o que já aconteceu na minha vida, estou ouvindo ainda mais. Tem o ônus e o bônus.
O ambiente no vestiário é semelhante ao de 2009, muito elogiado no clube?
O ambiente no Vasco sempre foi ótimo. A diferença do time do ano passado para esse é que temos muito mais qualidade. Não menosprezando a equipe do ano passado, que foi importante para a reconstrução do clube. Tínhamos uma equipe competitiva, mas faltavam jogadores como o Felipe, o Zé Roberto e o Eder Luís. Caras que vão dar um toque mais refinado à equipe. Vejo o Vasco completo na questão de jogo, de ambiente. Temos um time competitivo, forte fisicamente e com qualidade. É difícil unir duas coisas que o futebol precisa: força e qualidade técnica. Vejo o Vasco bem servido nessa temporada.
E o relacionamento entre as estrelas do Vasco?
Essa preocupação é de fora. Nós não temos essa preocupação. O Felipe é um cara vivido, o Zé é a mesma coisa. São caras inteligentes e articulados. É fácil lidar com pessoas assim. A gente ri, se diverte, almoça junto. Quando dá, um vai na casa do outro. Nem com o adversário tem essa rivalidade. Claro que tem a vontade de ganhar o jogo, mas quando a partida acaba, um vai lá e abraça o outro. E é assim. Temos um ambiente bacana e é lógico que a posturas do dia a dia e as vitórias vão ter propiciar uma melhorar ainda maior nisso tudo.
Fonte: GloboEsporte.com