Ele deixou o Ceará no topo da tabela ao lado do Corinthians, antes da Copa, para tirar o Vasco da penúltima colocação depois do Mundial. Se fosse um clube, estaria em segundo, com o mesmo número de pontos do líder Fluminense (28). Passou 17 rodadas sem vencer no campeonato de 2006, mas agora é o único invicto após 13 partidas do torneio atual.
Paulo César Gusmão, 48, prefere exaltar os atletas com quem trabalhou para 'explicar' porque ainda não conheceu a derrota neste Brasileiro. E, na contramão da nova seleção de Mano Menezes, privilegiar um sistema mais defensivo.
"Cara, qualquer resultado no futebol depende muito da entrega dos jogadores. Depende muito. Em primeiro lugar, tive a felicidade encontrar esses dois grupos, que realmente fazem a coisa que você combinou com eles, assimilam a forma do trabalho. Em segundo lugar, você vai acompanhando bem a competição, vendo alguns protocolos que têm de cumprir para ir bem nela. O Ceará, quando eu saí, tinha tomado só um gol em sete jogos, e de pênalti, contra o Santos, na Vila Belmiro. Hoje, o Vasco só tomou dois em seis rodadas", diz à Folha.com.
Segundo PC, a regra é acertar inicialmente atrás, para depois ir ajeitando a frente do time. "É muito isso de assimilar essa participação grande dos atacantes e meias na marcação. Sem a bola, todo mundo deve participar de uma marcação forte", receita, sem ilusão da invencibilidade. "Uma série de fatores tem contribuído, mas a gente sabe que se trata de uma competição longa e uma hora os resultados ruins vão ocorrer".
CONVOCADO
O 'renascimento' na carreira do treinador, auxiliar de Oswaldo de Oliveira no título mundial do Corinthians, em 2000, e que já estava desde 2007 afastado dos principais centros do país, acontece depois de quatro temporadas em que viveu situação exatamente contrária.
Na oportunidade, foi demitido do Cruzeiro por ficar cinco partidas sem ganhar, fechou em seguida com o São Caetano e caiu após quatro tropeços e, contratado na sequência pelo Fluminense, precisou aguardar oito confrontos para finalmente quebrar aquele jejum de vitórias. "Coisas do futebol", acredita.
Outro ponto destacado é a íntima relação que possui com o Vasco. "Também já fui jogador e treinador de goleiros, tenho uma relação de vida, né, cara. Então, quando houve o convite, nem pensei duas vezes. Não foi nem um convite, foi uma convocação. Primeiro, para voltar ao meu clube. Segundo, porque, com o momento que estava passando, me senti obrigado a ajudar".
Encerrado o triunfo por 1 a 0 sobre o Vitória, no último domingo, a torcida não escondeu o alívio com a chegada à 11ª posição, quatro pontos acima do grupo dos rebaixados. "Olê... olê, olê, olê... PC, PC", gritaram nas arquibancadas. A euforia já toma conta de São Januário. Mas ele prega cautela sobre até onde a equipe pode ir.
"O primeiro objetivo era sair da zona de rebaixamento. Agora, é sair desse rebolo, porque está muito embolado, e ficar o mais próximo possível do G4. O Vasco é um time de tradição, de grandes conquistas, mas os objetivos vão ficar claros a cada rodada", responde.
A contratação de nomes como Carlos Alberto, Felipe e Zé Roberto é minimizada por Gusmão. "Foram reforços importantes, até pela identificação com o clube, porém quem tirou o Vasco [da zona de degola] foi o grupo antigo, juntamente com os garotos dos juniores. Agora, esses jogadores vão dar a qualidade necessária para essa caminhada".
O próximo compromisso é neste domingo, às 16h, contra o Grêmio Prudente, em São Paulo. Um dos desfalques é o capitão Carlos Alberto, expulso ante os baianos por ironizar o árbitro. "Vai ser tomada uma posição junto à direção, mas internamente, de acordo com a atitude. Mas vamos superar isso."
Fonte: Folha online