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Pai de Felipe relembra a chegada do filho ao Vasco
Segunda-feira, 09/08/2010 - 14:21
O Vasco presenteou os pais vascaínos com uma vitória de raça sobre o Vitória-BA por 1 a 0, mesmo jogando um tempo inteiro com um jogador a menos. Mas para um pai em especial, esse dia foi ainda mais mágico.
Em entrevista coletiva, à Super Rádio Brasil, "Seu" Jorge Loureiro, vascaíno declarado e pai do meia Felipe, fala sobre a emoção que foi rever o filho atuando com a camisa do Vasco:
"É uma emoção muito grande. São vinte e tantos anos vindo com ele aqui dentro. Isso, esse retorno dele foi para mim muito emocionante. Eu vi ele chegando com o filho pela mão e eu me lembrei de que há vinte e tantos anos atrás eu vim da mesma maneira, trazendo ele pela mão para vir brincar aqui no Vasco, no futebol."
Felipe dava trabalho para acordar cedo?
"Ele veio para brincar no salão. O treino do salão era à tarde, começo de noite. Depois, com o tempo, ele veio para o campo, aí é que passaram a ser os treinamentos de manhã. Aí, acordar seis, seis e meia, para um rapaz era difícil. A gente tinha que ficar dando em cima, porque acordar cedo não é o forte de um jovem de quatorze, quinze anos."
Seu Jorge sente que a missão com Felipe está cumprida por ele ter brilhado n o Vasco?
"Eu, quando trouxe o Felipe, eu trouxe como sócio do Vasco, para brincar. Ele e os outros. Mas ele acabou ficando, com o passar dos tempos. A maior emoção foi vê-lo no time profissional do Vasco. Para mim, foi um sonho muito grande. Passaram-se os anos, ele saiu daqui. Fiquei um pouco chateado com a saída dele daqui. Ele poderia ter retornado ao Vasco, não retornou. Aí, se passaram alguns anos que eu evito. Ele foi para o Qatar, país maravilhoso, uma tranquilidade muito grande. Eu até pedi a ele para que não voltasse agora, que esperasse mais um tempo, mas ele achou que estava na hora de voltar, e ele voltou. Para a minha felicidade, ele voltou para o Vasco."
Como era o Felipe filho e estudante?
"No futebol muita gente diz assim: ‘Ah, fulano é analfabeto’, mas no futebol, muito poucos estudam. Eu chegava aqui sete horas, na divisão de base. Chegava aqui sete, sete e pouquinho. Eles saíam oito e meia, nove horas, num ônibus para Guapemirim, Magé, Mauá, todos esses lugares. Chegavam lá nove e meia, dez horas, treinavam até meio-dia, meio-dia e pouco. Depois é que ele vinha para São Januário. Chegava aqui duas e meia, três horas. Vai estudar quando? Por isso é que muitas crianças ficam pelo meio do caminho. Como filho, ele era moleque, brincalhão, como até hoje, ele sempre foi muito brincalhão, muito moleque. Só me deu trabalho nos estudos. Tinha que ser empurrado (risos)."
Nas peladas de rua, Felipe usava a camisa do Vasco, era vascaíno?
"Eu tenho três filhos do primeiro casamento. O Alexandre, por, influência das tias, foi a ovelha negra da família. Eu até costumo dizer que quando eu morrer, vou deixar uma parte das dívidas para ele (risos). O Rafael, que é o do meio, foi ser Vasco. O Felipe também era Vasco, mas só que o Felipe até hoje não é muito de torcer por futebol,. Ele gosta de jogar. Eu até ouvi uma declaração há pouco do Ronaldinho Gaúcho, que ele não ia assistir à copa, porque ele não gostava de ver futebol, ele gostava de jogar futebol. O Felipe é a mesma coisa. Mas eu acho que em vinte anos dentro de um clube, criam-se raízes."
Em termos profissionais, "Seu" Jorge ainda tem algum sonho para Felipe?
"Não. Só espero que ele encerre a carreira aqui no Vasco. É o meu grande desejo. Espero que isso aconteça. Tenho fé de que isso vai acontecer."
"Seu" Jorge ainda se emociona quando fala de Felipe?
"Lógico! Você fica contente com uma pessoa que é um vencedor. É um orgulho, não só para mim, como para todos os pais que têm um filho vencedor. Só um conselho para os pais: Não levem seus filhos para brincar no futebol, e não pensando que quando criança, que ele já vai ser um jogador de futebol. Eu não trouxe o Felipe para ser jogador de futebol. Eu trouxe ele para brincar, e ele foi se soltando aos poucos. Eu vejo alguns pais que botam o filho ma escolinha e acham que ele vai ser o Pelé. Não é assim. Isso até sobrecarrega a criança, dá uma responsabilidade. ‘Ele tem que ser jogador de futebol.’ Não é bem assim."
O que representa a camisa preta do Vasco com o número 6 que "Seu" Jorge está usando ?
"Essa camisa me representa muito. Essa camisa foi do Mundial. Naquele Mundial, o Vasco não foi feliz. Se o Vasco tivesse sido campeão, tenho certeza de que ele teria sido escolhido o melhor jogador em campo. Mas essa aqui eu guardo com um carinho muito especial. Apesar da derrota, que me deixou triste, mas essa camisa é muito especial para mim (com a voz embargada). Por isso é que eu hoje vim com ela. Por ser uma data especial."
Fonte: Supervasco