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PC admite inspiração na seleção espanhola para armar o Vasco


Sexta-feira, 06/08/2010 - 10:23

As raízes do Vasco são portuguesas. Mas foi da Espanha que veio a inspiração para levar o time à frente.

Com um dos piores ataques do Brasileiro (11 gols), o técnico Paulo César Gusmão armou um time ofensivo no treino de ontem, no esquema 4-2-3-1, utilizado pela Fúria, campeã na África do Sul, e poderá levá-lo a campo pela primeira vez no domingo, contra o Vitória, em São Januário. Em vez de Iniesta, Xavi, Villa e Fernando Torres, os galácticos de São Januário serão Felipe, Zé Roberto, Éder Luís e Carlos Alberto, como centroavante.

— Armei assim para olhar os quatro juntos. Quando aproximei mais o Felipe do Zé Roberto, os gols começaram a sair. Sempre vou ter dois na frente, mas o Carlos Alberto é a referência. E o Felipe, o meia de ligação. É parecido com a Espanha — disse PC.

No mesmo dia que PC armou o esquema ofensivo, que virou moda ao ser utilizado também pela Alemanha e Holanda, e foi adotado pelo Santos, campeão da Copa do Brasil sobre o próprio Vitória, o Vasco lançou a parceria com uma cervejaria, que vai reformar o vestiário ou a sala de musculação do clube, e serviu a bebida aos convidados. Era o mesmo que fazia a Espanha em seu centro de treinamento na África do Sul, quando era possível comer presunto e beber cerveja, enquanto o treinador Vicente del Bosque comandava o treino. A torcida mal pode esperar para sentir os efeitos proporcionados pelo quarteto de jogadores.

— É uma formação leve, boa. Não haverá problemas — disse Felipe.

Quase não haverá problemas, porque Carlos Alberto, mais baixo do que a maioria dos centroavantes, corre o risco de não ser encontrado.

PC teria Nunes, que não treinou ontem, como opção. Élton negocia transferência para o Sporting Braga, de Portugal. Mas o capitão tem mostrado nos treinos que vai recuperar sua vaga. Nem que tenha que atuar fora de sua posição de origem.

— Ficamos sem um ponto de referência, porque o Carlos Alberto, mesmo na frente, não é atacante. Mas é um excelente jogador. Já o Nunes está acostumado. Oriento o Carlos Alberto, que, às vezes, sai da posição. Digo para ele: “Não volta. Fica que a gente fecha o meio” — explicou Felipe.

Zé Roberto em dia de repórter Mesmo com o cabelo trançado e pintado nas cores do clube, se Carlos Alberto sumir pelo alto, a solução será a bola rasteira, cruzada pelos laterais Fágner ou Carlinhos, que começaram entre os titulares. O time: Fernando Prass, Fágner, Dedé, Fernando e Carlinhos; Rafael Carioca e Nílton; Felipe, Zé Roberto e Éder Luís; Carlos Alberto.

— O Carlos Alberto pode não ser muito alto, mas me dá uma referência pelo chão — declarou Fágner.

O esquema de campeão, no entanto, não significa que a porteira para uma goleada será aberta. A Espanha venceu a Copa com placares de 1 a 0 desde a vitória sobre Portugal, nas oitavas de final. Derrotou Paraguai, Alemanha e Holanda pela diferença mínima e chegou ao título máximo do futebol com mais posse de bola que qualquer outra seleção, porque a bola passava de pé em pé.

— Não adianta querer jogar sozinho, porque a individualidade dá armas ao adversário. Os bons têm que jogar e ajudar na marcação. Grandes nomes são respeitados, mas só se fizermos nossa parte — disse Felipe.

A parte que cabe a Felipe é a principal.

É dele a função de fazer a bola chegar no ataque. Apesar do discurso coletivo, o jogador ficou conhecido por seus dribles e jogadas individuais.

— Eu vou jogar mais recuado e o Zé Roberto estará mais à frente. Será importante todos se dedicarem para funcionar bem — declarou Felipe, que fará a sua primeira partida em São Januário desde a sua volta: — Foram vários momentos inesquecíveis, sempre com a presença da torcida, como na comemoração do título da Libertadores, em 1998, quando o gramado foi invadido. A torcida tem que comparecer, porque o ambiente é muito bom.

Fúria em São Januário é apenas uma menção à Espanha. Mesmo próximo da zona de rebaixamento, o Vasco vive dias de esperança. Ontem, enquanto Felipe dava entrevista com a camisa 19 do time de polo da Itália, Zé Roberto e Nunes entraram na sala de imprensa. Felipe ironizou, perguntando se eles queriam fazer perguntas.

Zé Roberto pegou o microfone: — Onde você comprou a camisa? Felipe respondeu: — O 10 é do Zé Roberto, o 9, do Nunes. É em homenagem a vocês.

Felipe foi chamado de Zambrotta, lateraldireito campeão do mundo com a Itália em 2006. Falta agora alguém chamálo de Iniesta, autor do gol do título espanhol, porque os (ralos) cabelos são iguais. Quem sabe domingo?

Fonte: O Globo