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Ramon Menezes, hoje no Vitória, relembra o título da Libertadores 98


Terça-feira, 03/08/2010 - 09:02

Domingo, 9 horas da manhã. Os jogadores do Vitória que foram poupados da partida contra o Botafogo fazem um treino leve. Entre eles, Ramon. Com 38 anos, o atleta não tem privilégios no clube, apesar de ser chamado de “Reizinho da Toca” e de ser o maior artilheiro da história do Barradão, com 43 gols. Pelo contrário. Nesse mesmo dia, o jogador espera a atividade acabar e vai para um dos campos suplementares para treinar cobranças de bola parada. Ramon fica uma hora a mais que seus colegas treinando. Debaixo de chuva, ele não para até achar que se aprimorou o suficiente. Sabe que de seus pés pode sair o título mais importante da história do Vitória.

Nesta quarta, quando entrar em campo para encarar o Santos, o jogador não vai em busca apenas de mais uma conquista para sua extensa galeria de troféus. Perto de encerrar a carreira, o jogador vai tentar ganhar mais uma motivação para seguir no futebol: disputar a Libertadores pelo clube baiano, onde é idolatrado.

- Desde 2008, quando voltei ao Vitória, meu maior objetivo era ver o time na Libertadores e eu estou tendo de essa oportunidade agora. Quem sabe a gente consegue? Seria uma motivação não só para mim, mas para todos os jogadores. Me motivaria para continuar jogando.

A conquista do torneio continental, em 1998, pelo Vasco, é o título mais importante da carreira do jogador, que inclui ainda uma Copa do Brasil (93, pelo Cruzeiro), um Brasileiro (em 97, pelo Vasco) e títulos estaduais na Bahia, em Minas e no Rio de Janeiro. Contudo, uma coisa ficou faltando.

- É lógico que fica uma frustração por não ter disputado uma Copa do Mundo . Minha participação na Copa das Confederações em 2001 foi boa. Mas eu tive a falta de sorte de trocar o treinador (Leão saiu e Felipão assumiu). Mas a carreira continuou. Tive meu papel importante nos clubes em que passei. Copa do Mundo é o auge, mas enfim. Outras coisas fizeram recompensar.

Confira a entrevista completa com o jogador:

Você tem muitos títulos conquistados em sua carreira. Mas esse, caso seja conquistado, seria especial? Porque?

Seria super especial. Seria um título muito importante, marcante, pela atual fase da minha carreira. Conquistaria um caneco pelo clube que eu tenho carinho e admiração muito grandes. Um clube que só teve uma oportunidade de conquistar um titulo nacional (em 93, quando foi vice-campeão brasieliro). Isso tudo marca muito.

Como você, que é o mais experiente, vê o time neste momento? Os jogadores ficaram abatidos com a derrota por 2 a 0?

A gente ficou muito triste porque sabemos que o time joga de outra maneira. A gente já sabia das dificuldades de jogar lá. O Santos é um grande time. Tem jogadores em excelente fase. Ficamos muito tristes porque não conseguimos agredir. Mas passou, vamos ter uma nova chance. Aqui, no Barradão, somos muito fortes. As equipes que vêm aqui sentem.

A torcida do Vitória te chama de Reizinho da Toca e até já houve uma coroação. Como encara isso?

Isso é o combustível para que eu possa continuar jogando. Trabalhei muito para que isso acontecesse. As coisas não acontecem à toa. Já tinha identificação com a torcida na minha primeira passagem aqui. Estou em um clube em que conheço todos, do roupeiro ao segurança. Tenho prazer de sair de casa para vir jogar, trabalhar.

Você é o maior artilheiro da história do Barradão. O que isso significa para você?

Significa trabalho, entrega, dedicação. Uma série de coisas. Para mim, é um prazer vestir essa camisa.

Seu primeiro jogo pelo Vitória foi em 94. Lembra desse duelo?

Lembro, lembro sim. Fiz três gols na estreia, em um amistoso. Não lembro quem era o adversário.

Você tinha acabado de chegar do Bahia. Esse jogo ajudou para cair nas graças da torcida? Houve alguma resistência?

Não, nenhuma. Joguei muito pouco tempo pelo Bahia. Não deu nem tempo de ter identificação com a torcida deles.

Caso o Vitória conquiste a Copa do Brasil, irá disputar a Libertadores. Com 38 anos, você teria motivação para ser o maestro da equipe no torneio continental?

O jogador sempre tem objetivos e metas. Desde 2008, quando voltei ao Vitória, meu maior objetivo era ver o time na Libertadores e eu estou tendo de essa oportunidade agora. Quem sabe a gente consegue? Seria uma motivação não só para mim, mas para todos os jogadores. Me motivaria para continuar jogando.

O seu contrato vai até o fim do ano. Já parou para pensar em aposentadoria?

Não gosto de projetar. Coloco objetivos e vou atrás deles. Cada jogo tem um sabor especial. E vou jogando enquanto tiver saúde e estiver correspondendo dentro de campo.

Voltando a falar de Libertadores...Você conquistou o torneio pelo Vasco, em 98. Que lembranças guarda desse momento?

Uma competição inesquecível. Um título que me fez entrar para a historia do clube. Quem não gostaria de ser campeão da Libertadores? A gente não começou tão bem, mas o time conseguiu reverter e se fortaleceu.

Foi seu título mais importante da carreira?

Foi, foi sim.

Qual o seu jogo mais marcante?

Na Libertadores, o jogo mais importante foi contra o River. Para mim, o jogo mais importante foi contra a França, pela Seleção. Eu fiz um gol na semifinal da Copa das Confederações de 2001.

E pelo Vitória?

Tiveram vários. O jogo contra o Remo, em 94, por exemplo. O time poderia cair. Era um jogo decisivo. Eu fiz o gol. Ficou 1 a 0. Fiz 7 gols na repescagem em 7 jogos e evitamos a queda. Ali que eu comecei a ter sensação de ídolo. Em 95, os clássicos contra o Bahia marcaram muito também.

Fica uma frustração por nunca ter disputado uma Copa do Mundo?

É lógico que fica. Minha participação na Copa das Confederações em 2001 foi boa. Mas eu tive a falta de sorte de trocar o treinador (Leão saiu e Felipão assumiu). Mas a carreira continuou. Tive meu papel importante nos clubes em que passei. Copa do Mundo é o auge, mas enfim. Outras coisas fizeram recompensar.

O que pode dizer para a torcida do Vitória às vésperas da disputa desse título?

Para acreditar, como eles têm acreditado. Para nós, não acabou ainda. A gente tem chances. Se o time jogar bem, podemos conseguir.

Fonte: GloboEsporte.com