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Ex-nadadora do Vasco Ivi Monteiro relembra sua passagem pelo clube


Quarta-feira, 21/07/2010 - 08:22

Entrevistada: Ivi Monteiro

Quem é: Ex-atleta de natação do Vasco e da Seleção Brasileira

Data: 20/07/2010

SempreVasco - Quando você chegou ao Vasco? Comente um pouco sobre o seu início na natação vascaína.

Ivi Monteiro - Cheguei em 1999, à convite do Ricardo de Moura. Tinha 14 para 15 anos. Ele me conhecia desde quando comecei a nadar, aos 7 anos. Consegui conquistar vários títulos com o clube: Troféu Brasil, Troféu José Finkel, Sul-Americano, Estaduais. Participei do Pan-Americano de 2003. Fui a única representante da natação vascaína no Pan.

SempreVasco - Você citou o Ricardo de Moura. Ele era exigente? Qual a importância dele para o sucesso daquela equipe?

Ivi Monteiro - Ele era o coordenador. A presença dele foi de grande importância para o clube. Ele tinha muita experiência, por estar trabalhando há bastante tempo com a natação brasileira.

SempreVasco - Como era ser companheira de equipe desses monstros sagrados da natação brasileira como Fabíola Molina, Gustavo Borges, Luiz Lima, Carlos Jayme e Edvaldo Valério?

Ivi Monteiro - Eles, para mim, eram meus espelhos na natação. Eram alguns dos meus ídolos, principalmente a Fabíola e o Gustavo. Sentia-me realizada por estar ao lado dos melhores nadadores do Vasco e do Brasil, conhecidos mundialmente.

SempreVasco - No Troféu José Finkel 2000, o Brasileiro de inverno, você chegou em 2º nos 100m borboleta, atrás apenas da Inge de Bruijn, a melhor nadadora do mundo nessa prova. Como foi nadar ao lado de uma das melhores de todos os tempos?

Ivi Monteiro - Quando nadei ao lado da Inge, eu era uma menina. Foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha carreira como atleta. Foi um orgulho para mim, mas todas as minhas conquistas tiveram um grande sabor. Cada momento foi um momento. (Risos)

SempreVasco - E como foi substituir a Inge de Bruijn nos 100m borboleta?

Ivi Monteiro - Foi tudo. Pensava que iria ter um pouco mais de pressão das pessoas por estar substituindo uma das melhores nadadoras do mundo, mas foi apenas pensamentos meus mesmo. Percebi que todos naquele momento acreditavam em mim, acreditavam no meu potencial. Infelizmente, não fui uma Inge. Fui a Ivi Monteiro. (Risos)

SempreVasco - Qual foi seu melhor ano no Vasco?

Ivi Monteiro - Todos os anos tiveram importância na minha carreira, na minha vida, mas os melhores foram os do início do Projeto Olímpico. Tínhamos mais estrutura. Com o fim do projeto, tive mais dificuldades nessa parte de estrutura, e, até mesmo, fiquei sem receber nada. Mesmo assim, consegui uma das melhores conquistas: ir ao Pan de 2003, mesmo com todas essas dificuldades.

SempreVasco - Você participou dos Jogos Pan-Americanos, em 2003. Chegou em 5º na final dos 100m borboleta, a sua principal prova. Como é participar de um Pan-Americano? Como é a convivência com os melhores do continente?

Ivi Monteiro - Foi um sonho realizado. Não imaginava um dia poder participar. A convivência era de grande importância. Era mais experiência que eu acrescentava na minha carreira como atleta e até mesmo na minha vida. Sempre fui uma atleta tranquila para as competições. A minha expectativa para o Pan era que chegasse logo o dia da viagem. (Risos) Sempre procurava não me cobrar muito nas competições.

SempreVasco - Qual foi a sua competição inesquecível pelo Vasco? De qual título você mais se orgulha?

Ivi Monteiro - Todas tiveram uma grande importância. Duas competições que me marcaram foi quando tive a oportunidade de nadar ao lado da Inge de Bruijn [Troféu José Finkel 2000]. A outra foi em 2005, quando ninguém acreditava mais em mim. Estava desacreditada pelas pessoas. Consegui ser campeã no Brasileiro absoluto.

SempreVasco - Durante os anos pós-Projeto Olímpico, você foi a grande estrela da nossa natação. A pressão por resultados te atrapalhou um pouco?

Ivi Monteiro - Não, não, em momento algum. Sempre trabalhei muito bem o meu lado psicológico.

SempreVasco - Como era a estrutura disponibilizada pelo Vasco para receber e acolher seus atletas da natação antes e depois do Projeto Olímpico?

Ivi Monteiro - Todas as etapas dos treinamentos eram feitas em São Januário. Nós tínhamos a nossa disposição fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, psicólogos, preparadores físicos, massagistas. Esse departamento era somente para a natação. Quando acabou o Projeto Olímpico, acabou tudo. Quando eu precisava de médico, fisioterapeuta, tinha que ir no departamento médico do clube, lá no futebol. Nutricionista eu comecei a procurar uma particular, fora do clube. Com o fim do Projeto, foi tudo no sacrifício. No fim de 2006, tive um problema muito sério no ombro. Tive todo apoio do clube na minha recuperação, principalmente do médico e do fisioterapeuta da época, Dr. Alexandre e Dr. Marcos Minello.

SempreVasco - O Projeto Olímpico terminou em 2001, mas você optou por continuar no clube, e tornou-se a principal nadadora do Vasco nos anos seguintes. Por que essa opção de continuar no Vasco?

Ivi Monteiro - Infelizmente, esse projeto não durou por muito tempo. Fiquei muito triste com o fim, mas por ser vascaína, quis continuar no clube mesmo não tendo muito apoio. Fiquei mais por amor ao clube e pelo meu técnico da época. Mas chega uma hora que não tem como permanecer. Ficamos saturados sem apoio e procuramos um clube que a estrutura estivesse melhor.

SempreVasco - Há alguns anos a natação brasileira deixou de ser esporte amador, construindo ídolos e atraindo patrocinadores. Recentemente, no início da década, o Vasco confirmou essa tendência, investindo pesadamente para montar uma equipe de alto nível e também formar novos atletas. O que você acha do trabalho desenvolvido pelo Vasco na natação e de todo Projeto Olimpíco?

Ivi Monteiro - Foi um trabalho de grande importância e de ótimo investimento. A gente tinha uma estrutura excelente. Isso incentivava bastante os atletas e até mesmo os atletas da nova geração, que se espelhavam nos mais antigos. Pena que esse projeto não durou por muito tempo.

SempreVasco - Quem eram seus melhores amigos no clube?

Ivi Monteiro - Valesca Cruz, Luciana Ramos, Ricardo Silva, Joel Alves. Todos treinavam comigo. Ah, não posso deixar de citar o meu ex-técnico Wilkens, conhecido como Júnior. Até hoje, todos são meus grandes amigos. Tive um grande contato com a Fabíola [Molina] também.

SempreVasco - Era possível fazer amizade com as nadadoras nos torneios de natação?

Ivi Monteiro - Era sim. Por muito tempo tive contato com a Fabíola [Molina] e a Tatiana Lemos. Não eram minhas amigas conviventes, mas eram minhas companheiras de clube. Trocávamos idéias. Acabou que perdi um pouco de contato, pois de um tempo pra cá, me afastei um pouco dos torneios, mas sempre que estou nas competições temos oportunidades de conversarmos.

SempreVasco - Quem são seus ídolos na natação?

Ivi Monteiro - Fabíola Molina, Inge de Bruijn, Gustavo Borges e até mesmo o Xuxa [Fernando Scherer], mesmo ele não tendo nadado pelo Vasco.

SempreVasco - Você sempre foi considerada uma das musas da natação vascaína. Nas piscinas, procura sempre estar com um brinco, etc. Você é muito vaidosa?

Ivi Monteiro - (Risos) Não sei muito bem disso não. Musa? (Risos) Eu sou vaidosa sim. Passo até hidratante antes de nadar.

SempreVasco - Como é hoje a sua relação com o Vasco da Gama? Você acompanha o futebol vascaíno?

Ivi Monteiro - Sou vascaína até o fim, mas confesso que já fui mais viciada. (Risos) Hoje em dia não estou muito ligada, mas procuro saber notícias. Tenho o meu primo Karlos Vinicius, vascaíno fanático, e o meu amigo Pedro Ivo que sempre me contam tudo.

SempreVasco - Quais são os seus projetos atuais e para o futuro? Você ainda participa de algumas competições?

Ivi Monteiro - Pretendo terminar minha faculdade de educação física. Participo de algumas competições. Não estava treinando totalmente, mas estou tentando voltar aos poucos.

SempreVasco - Os pais desenvolvem enorme importância na carreira de um atleta, principalmente através do "pai trocínio". O Cesar Cielo, por exemplo, contou com a ajuda dos pais para ir treinar nos Estados Unidos. Qual a importância dos seus pais na sua?

Ivi Monteiro - Meus pais foram tudo. Sempre me incentiraram! No começo era na base ''pai trocínio'' também.

SempreVasco - Você teve a oportunidade de conviver e fazer parte da melhor equipe de natação da história do Vasco e até mesmo da história nacional. Você tem alguma boa lembrança daquela época para nos contar?

Ivi Monteiro - Quando fomos ao Maracanã, em 2000. Entramos em campo e demos a volta olímpica momentos antes de um Vasco x Flamengo. Foi emocionante e inesquecível.

SempreVasco - O Vasco em uma palavra.

Ivi Monteiro - Amor infinito.

SempreVasco - Deixe uma mensagem final para os fãs de natação e também os vascaínos que acompanham o SempreVasco.com.

Ivi Monteiro - Fico feliz em saber que tenho pessoas que me admiram e torcem por mim. Fico grata a todos! Muito obrigada à torcida vascaína. Saudações vascaínas!


Ivi Monteiro nos tempos de nadadora do Vasco


Ivi Monteiro num jogo do Vasco pelo Brasileiro da Série B em 2009


Fonte: Sempre Vasco