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Confira relato do debate promovido pela Cruzada Vascaína


Quinta-feira, 15/07/2010 - 06:14

Depois de quatro encontros especiais falando de Vasco, mais uma vez a Cruzada se reúne no seu habitual lugar de encontro, a Casa Vila da Feira e Terras de Santa Maria, na Tijuca. Nessa noite de terça-feira, se reuniram vascaínos de todas as vertentes políticas, com o único intuito de discutir sobre a paixão em comum de todos, o Club de Regatas Vasco da Gama. Nessa noite, não existiu o novo e o velho Vasco, mas sim o Vasco de todos nós, o único capaz de unir tantas pessoas em torno da mesma paixão.

Vale ressaltar a presença do Grande Benemérito, vice-presidente do departamento infanto-juvenil na gestão Eurico Miranda, José Mourão Gonçalves. O evento teve cobertura completa da TV Pequenos Vascaínos.

Como o tema escolhido da noite era finanças, lá estiveram especialistas da área, que representavam situação e oposição no clube, todos preocupados em entender e propor soluções para o complexo problema financeiro que assola o clube. Como debatedores estiveram o atual vice-presidente de finanças do clube, Nelson Rocha, os economistas, Isac Zagury, João Marcos Amorim, e o administrador Roberto Socorro. Por motivo de trabalho, não pôde estar presente o economista convidado, Vitor Santos.

A noite iniciou com a exposição do presidente da Cruzada, Leo Gonçalves, sócio emérito do Vasco e ex-diretor das categorias de base do clube. Leo tratou de expor a visão da Cruzada sobre o Vasco e o motivo de sua existência. Foi ressaltado o perfil da Cruzada como oposição construtiva que tem como intuito principal ajudar o clube no que for possível, seja com ajuda direta, seja com propostas e até com críticas construtivas, que visem o bem maior do nosso tão amado clube. Depois disso, ele citou as diversas ofertas de ajuda para o Vasco já feitas pela Cruzada, como:

* Sistema de gestão de documentos e fluxo de processos internos para otimizar a estrutura administrativa no Vasco
o Status: não aceito pela atual diretoria.

* Doação de cinco meses de alimentação para as divisões de base do Vasco
o Status: aceito pela atual diretoria.

* Aluguel de um ano, em conjunto com outros vascaínos, de um campo para treinamento das divisões de base do Vasco (situado em São João de Meriti)
o Status: aceito pela atual diretoria, porém não utilizado.

* Oferta de auxílio jurídico para o Club
o Status: aceito pela atual diretoria, porém não solicitado até o momento.

* Participação na formação do Dia da Cidadania Vascaína – inclusive com reuniões com gestores
o Status: membros do marketing da Cruzada Vascaína e o próprio presidente do movimento foram convidados e compareceram a reuniões com membros do marketing do Vasco para formar a ideia.

* Documento com sugestões de melhoria para o programa de sócios “O Vasco é Meu”
o Status: após reunião aberta do movimento sobre o tema, atendemos ao compromisso com o Vasco, e com as empresas Torcedor Afinidade e Novo Traço (gestoras terceirizadas do programa de sócios), para reunir ideias e sugestões de melhoria para o programa de sócios vigente. A ação contou não só com a proposta da Cruzada, mas também de diversos Vascaínos que têm contato conosco.

* Campanha Natal Vascaíno Solidário: ação social de Natal para atender às crianças das comunidades Barreira do Vasco e Tuiuti
o Status: aceito e realizado no fim do ano de 2009.

* Patrocínio de uma equipe na Copa do Mundo Vascaína 2010 organizada pelo Depto. Infanto-Juvenil
o Status: aceito.

* Sugestão para o Depto. de Marketing convidar o ex-jogador Pedrinho para entregar a camisa para o idolo Felipe.
o Status: aceito.

Após essa explanação, o presidente da Cruzada abriu o grupo a todos os associados do clube, colocando-se a disposição para tirar qualquer dúvida sobre o grupo, bem como debater e aceitar sugestões que visem o crescimento do Vasco. Foi também ressaltada a preparação que a Cruzada vem realizando, esmiuçando o Vasco detalhadamente, para que o grupo esteja totalmente preparado para administrar uma potência do tamanho do Vasco, caso ela seja escolhida pelos sócios.

Foi então dada a palavra ao atual vice-presidente de finanças do clube, Nelson Monteiro da Rocha. Nelson, com um vasto currículo na área de finanças, detalhou a forma como o clube foi encontrado, tecendo diversas críticas ao enorme endividamento do clube, aos patrocínios, ditos por ele como lesivos ao Vasco, como Habib’s e MRV (inclusive citando que a multa por rompimento de contrato com o Habib’s é igual ao dobro do valor total do contrato, o que segundo ele seria proibido pelo código civil). Nelson também ressaltou que a diretoria atual já teria pago 76 milhões de reais em dívidas além de renegociado cerca de 30 milhões. Outro ponto citado foi crescimento das receitas correntes do clube e avaliou o decréscimo do patrimônio líquido negativo em cerca de vinte milhões de reais. Em um determinado momento Nelson ressaltou o bom trabalho das divisões de base do Vasco atualmente, contrapondo, segundo ele a uma base destroçada, que existia anteriormente.

Alguns projetos importantes foram colocados, como a parceria com o Vasco de Sines, de Portugal, e a idéia de transformar o Vasco em um grande clube mundialmente em cerca de vinte anos. Também foi dito que a diretoria tem meta de ampliar o atual orçamento (92 milhões) para cerca de 200 milhões em três anos.

Encerrada a participação de Nelson, a palavra foi passada para Isac Zagury, experiente economista do mercado, com mestrado em economia e ex-Vice-Presidente Financeiro do BNDES, Isac falou de sua experiência atual na presidência da Associação de Amigos do Vasco. Foi detalhado então o quadro de endividamento do Vasco e graves os problemas que isso acarreta para o clube.

Na sequencia, foi a vez do Presidente da Comissão de Estudos Financeiros da Cruzada Vascaína, João Marcos Amorim expor algumas contradições e problemas encontrados no balanço de 2009 de nosso clube. Marcos colocou a pouquíssima receita executada do orçamento até então, se mostrando preocupado com a não obtenção de verbas da Eletrobrás, receitas com mangas da camisa, com o calção, bem como verbas oriundas da lei de incentivo ao esporte, que estavam previstas no orçamento do vasco e que ainda não foram executadas. O economista destacou, com preocupação, que o atraso na entrada dessas receitas pode estar obrigando o Vasco ir ao mercado arrumar dinheiro a um alto custo (juros) o que comprometeria ainda mais o exercício financeiro de 2010. Ele citou ainda, como problemático, o não pagamento de tributos devidos pelo clube, bem como a antecipação de receitas, que gerariam grandes dívidas ao Vasco por multas por atraso e juros.

Passada a explanação de João Marcos, foi a vez de Roberto Socorro, Diretor Administrativo da Cruzada Vascaína. Roberto ressaltou o futebol como o produto que é, sua importância e modo de exploração. Segundo ele, um clube não pode ser administrado como uma empresa, pois a paixão envolvida impede que decisões racionais sejam tomadas, seja pela paixão do administrador, seja pela pressão da torcida exigindo resultados imediatos, o que acaba gerando decisões equivocadas. Citou diversos exemplos de clubes que se tornaram empresas e acabaram quebrando com o passar do tempo.

Outro ponto citado foi a exposição do futebol na mídia. O futebol acaba sendo exibido em um horário não nobre da rede, o que prejudica na negociação de contratos de patrocínios O que sito continuidade também foi destacado, assim como identificação com o clube. Roberto criticou o fato de a gestão Dinamite ter tido sete treinadores até então. Também foi criticada a ausência de uma adequada política financeira em alguns momentos, como na contratação do zagueiro André, que de desempregado passou a ganhar 12 mil reais de salário. Na visão de Roberto Socorro um clube como o Vasco, que passa por grave crise financeira, deve evitar o desperdício a todo o momento e essa contratação foi um exemplo de situação em que o financeiro foi deixado de lado em prol de uma exigência do departamento de futebol.

Feitas então as explanações, foi aberta a rodada de perguntas, começando pelo Presidente da Cruzada Leo Gonçalves, que citou as diversas vendas de jogadores da base como um exemplo de que não havia destroçamento na base anterior. Leo colocou que a geração de 40 milhões de receitas com vendas de ativos da base, algo muito superior ao patrocínio da Eletrobrás, foi substancial e fundamental para sobrevivência do Vasco na gestão atual. Nelson respondeu que falava de muitos jogadores ligados a empresários, que teriam saído com a troca de diretorias e não especificamente a qualidade dos mesmos, sendo retrucado por Léo que só oito na verdade saíram.

Uma segunda pergunta se referiu ao patrocínio do Habib’s. Baseando-se nas informações do próprio Nelson Rocha em sua apresentação, o Vasco receberia apenas R$ 25 mil mensais desse fornecedor, enquanto o mercado ofereceria R$ 400 mil por esse espaço num clube como o Vasco. Dessa forma, multiplicando-se essa diferença por 24 meses, chegaríamos a um “prejuízo” estimado de 9 milhões de reais. Como a multa, segundo o próprio VP Financeiro do Vasco seria de R$ 3 milhões, Leo Gonçalves questionou o motivo de dois anos depois o contrato ter sido rescindido unilateralmente. Nelson ressaltou que a diretoria tentava uma saída amigável, porém admitiu que o tempo de espera foi longo demais, sendo que o ideal, na visão dele, seria uma espera de seis meses apenas.

Depois foi a vez do diretor jurídico da Cruzada, Rodolfo Langsdorff, que perguntou sobre a possível exclusão do Vasco do acordo trabalhista com o TRT. Nelson respondeu que há negociações ainda no sentido de evitar que isso ocorra.

O membro da Cruzada, Carlos Leão, perguntou então sobre a auditoria feita pela KPMG. De acordo com Nelson a auditoria contratada contemplou apenas a fase de adequação. Segundo informado por Nelson Rocha, o balanço apresentado pela gestão anterior era incompleto e o Vasco precisa ter um raio x verdadeiro da situação do clube. Para isso foi contratada uma empresa de renome no mercado, com o objetivo de descobrir então a verdadeira dimensão da situação financeira do clube. Uma segunda auditoria foi proposta, para tentar averiguar possíveis desvios cometidos pela gestão anterior, mas até devido ao seu alto custo financeiro, optaram por não fazer. Mas foi lembrado pelo Nelson, que isso não quer dizer que eles não possam fazê-la ainda.

Na sequencia, Annibal Canizio demonstrando grande preocupação com o seu xodó, divisões de base, perguntando se teria alguém junto a VP Financeira defendendo o aumento de recursos para esse setor do clube visto que na opinião de Canizio, o investimento efetuado tem sido muito baixo com pais reclamando muito sobre as condições atuais da base. Nelson alegou que o clube atravessava uma grave crise financeira mas que ele enxerga na base a principal fonte de recursos a curto prazo e evitará cortes de investimento nesse setor.

Subindo da base para os profissionais, João Marcos Amorim perguntou a Nelson Rocha como o Vasco arrumou dinheiro para as contratações de Felipe e Zé Roberto visto que as receitas previstas no orçamento não se concretizaram no primeiro semestre. O VP Financeiro não quis revelar a mágica mas alegou que o fato dos jogadores possuírem passe livre e terem aceitado diluir as luvas durante o tempo de contrato facilitou muito a negociação.

No final, devido ao fato da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria ter que fechar visto que já eram quase 23:30, uma hora além do término esperado do debate, Leo avisou que teria que encerrar o evento porém não sem antes perguntar se havia previsão de obtenção das certidões negativas de débito, no que foi respondido pelo Nelson que não. Nelson também ressaltou que há muitas ações em andamento que não podem ser detalhadas pois o sigilo é fundamental para a obtenção de sucesso.

Como muitas perguntas ficaram pendentes, ficou então combinado de que o VP Financeiro Nelson Rocha responderia as perguntas restantes e a Cruzada daria então publicidade às respostas.

No final, um entusiasmado e forte grito de Casaca foi puxado por Leo com todos de pé e felizes. A certeza dos presentes ao sair foi uma só, mais um passo foi construído por um Vasco único, unido e vencedor, como é a própria essência do nosso clube.


Fonte: Assessoria de Imprensa da Cruzada Vascaína