O jogador recebe a falta, cai sobre o braço, grita de dor e sabe, exatamente naquela hora, que seus próximos dias, ou até meses, serão longe dos gramados. O drama protagonizado nesta sexta-feira por Didier Drogba está longe de ser inédito. Assim como o atacante da Costa do Marfim, que sofreu uma fratura no cotovelo direito durante o amistoso contra o Japão e vive o suspense do corte da Copa do Mundo a 11 dias da estreia, muitos brasileiros já passaram pela agonia de machucar o mesmo local antes de partidas importantes. Recuperados e de volta ao campo, nomes como Rodrigo Pimpão (Vasco), Edmílson (Zaragoza), Rodrigo (Grêmio) e Harlei (Goiás) dão esperança ao maior ídolo do segundo adversário do Brasil no Mundial.
Lesão no cotovelo é comum entre jogadores de futebol. Assim como Drogba, Rodrigo Pimpão e Edmílson também sofreram com contusões no mesmo local
Um exemplo bastante parecido com o de Drogba é o de Rodrigo Pimpão. Em outubro de 2009, o atacante do Vasco entrou no segundo tempo do jogo contra o Fortaleza e, ao disputar uma bola na área, caiu sobre o corpo, deslocando o osso do cotovelo. A imagem forte do jogador segurando o braço chocou a torcida no Castelão. Mas, segundo ele, o que mais doeu foi saber que ficaria fora da partida decisiva contra o Juventude, quando o time da Colina confirmou o retorno à série A do Campeonato Brasileiro.
- Fiquei muito chateado por não poder ajudar a equipe em um momento tão importante. Você fica treinando o ano inteiro, esperando por aquela hora da decisão, e aí não pode jogar? É muito frustrante. Deixa qualquer um abalado, mas não pode abaixar a cabeça. Consegui me recuperar antes do tempo, graças ao meu esforço – disse Pimpão, que apenas voltou ao time na pré-temporada 2010, mas ficou sem treinar por um mês e meio.
Frustrante também foi a palavra usada pelo zagueiro Rodrigo. Hoje no Grêmio, o jogador lembrou de quando foi obrigado a colocar uma placa cirúrgica no braço direito para curar uma fratura perto do cotovelo. Era o seu primeiro jogo como titular do Flamengo e ele ficou menos de 30 minutos em campo contra o Volta Redonda pelo Campeonato Carioca de 2008.
- Tudo o que você imagina em relação a coisas negativas eu pensei naquela hora. “Por que foi acontecer comigo?” Só isso que eu falava. Tinha acabado de ser contratado como reforço do Flamengo para a Libertadores. Mas, dos seis meses que ficaria emprestado ao clube, cinco fiquei parado, e não disputei a competição. Foi um balde de água fria, com direito a gelo. Você cria um monte de expectativa e vai tudo por água abaixo. Nem imagino o que o Drogba está sentindo. Mas ele tem que entender que depois você fica bom e a vida segue. Fui para o São Paulo e conquistei o título brasileiro lá – lembrou.
Assim como Rodrigo, Edmílson também tenta enviar uma mensagem positiva para o atacante da Costa do Marfim. Quando atuava pelo Palmeiras em 2009, o volante precisou passar por uma cirurgia e ficou parado por 90 dias após sofrer uma grave fratura no cotovelo direito em uma partida contra o Sport pela Taça Libertadores. Apesar disso, voltou aos gramados e foi contratado pelo Zaragoza, da Espanha.
- A minha lesão foi grave. Rompi ligamentos e tive de colocar uma prótese para estabilizar. Quando você se machuca, já sabe mais ou menos a gravidade. Eu sabia que tinha que operar. Mas, se você me perguntar o caso do Drogba, acho que ele pode voltar com uma cirurgia simples se a lesão for apenas na parte óssea. Depende como foi o movimento – analisa Edmílson.
Lesão é mais comum em goleiros
No mesmo momento em que Drogba espera o resultado de seu exame na Suíça, Harlei comemora em Goiás. O goleiro do Esmeraldino contrariou as previsões dos médicos de afastamento por três meses e voltou a treinar apenas três semanas após fazer uma artroscopia no cotovelo esquerdo, no início de maio. Recuperado, o arqueiro acredita que o mesmo acontecerá com o atacante da Costa do Marfim, a tempo da Copa do Mundo.
- Posso dizer que é uma contusão muito dolorida e mais comum em goleiros. Mas, se tratando de jogador de linha, ele pode jogar com uma imobilização no local. A questão é saber a gravidade da contusão e se ele sente dor mesmo sem mexer. No meu caso, por exemplo, eu só sentia quando treinava em excesso – garantiu Harlei, que começou a treinar com bola 19 dias após a operação.
Além dos jogadores que voltaram aos gramados e continuaram atuando depois das lesões, Drogba pode tirar sua inspiração para a recuperação de um outro atacante que brilhou em Copas do Mundo. Em 1995, Romário sofreu uma séria contusão no cotovelo esquerdo e virou dúvida para a decisão da Taça Guanabara contra o Botafogo. Mas no auge de sua carreira, apenas um ano após a conquista do Mundial, o diagnóstico de luxação não parou o baixinho. Com uma proteção especial no braço, ele entrou em campo e marcou três gols na conquista do título rubro-negro.
Fonte: GloboEsporte.com