Com o mercado atual dando chances a novos técnicos, como Fábio Carille, Rogério Ceni, Jair Ventura e Zé Ricardo, alguns treinadores com mais história e experiência, como Adilson Batista, Vanderlei Luxemburgo, Cuca, Celso Roth e Jorginho (ex-Vasco) continuam sem clube. Mas isso não significa que eles estão parados.
Nos últimos dias, o UOL Esporte conversou com eles para saber o que estão fazendo durante a disputa dos campeonatos estaduais. E eles foram quase unânimes ao dizer que estão 100% ligados em futebol e continuam se atualizando para estarem preparados quando aparecer uma nova oportunidade. A não ser em um caso ou outro, como o de Cuca, que aproveita mais para curtir a família e o momento de, no próximo mês, ser avô pela primeira vez. Confira:
Adílson Batista
Completa quase dois anos sem clube no próximo mês de julho, quando deixou o Joinville. Ficou perto de acertar com Sport e Ponte Preta nos últimos meses, mas não houve acordo.
"Estou acompanhando os campeonatos, os jogos... Eu viajei, fiz curso na CBF, tirei a Licença A, vou fazer o Pró, estive no Chile, no Uruguai, na Argentina, estou acompanhando. Cuidando das minhas coisas, curtindo a família, andando de bicicleta... [risos]
Está tudo tranquilo, graças a Deus. É que infelizmente Sport e Ponte Preta não deu certo. Até gostaria de ter acertado, mas não foi possível. Tiveram outras situações, mas não achei interessante e nem vou citar os clubes. Estamos acompanhando, observando...
Eu já errei demais na minha carreira. Então chega de pegar alguns clubes em que você chega já com elenco montado, enfim... Prefiro ter um pouco de paciência".
Celso Roth
Está sem clube desde novembro do ano passado. Foi demitido do Internacional na 35ª rodada da Série A após uma sequência ruim de resultados.
"Estou olhando jogo pra c... [risos]. São muitos jogos, então a gente está olhando... Voltei dos Estados Unidos faz mais ou menos um mês e estou me dedicando a olhar esses jogos, fazer a análise, análise não só tecnicamente dos times, mas também do que a imprensa fala, a avaliação da imprensa, o que eles pensam, como está a arbitragem... Isso é muito importante nesse momento que você para. Quando a gente dá uma parada assim, a gente tem que fazer a interação e procurar outras informações fora do país, aqui no país. Essas coisas são muito importantes para que a gente possa seguir na carreira da gente.
Hoje em dia a informação é muito rápida. A gente precisa não só ter a informação, mas decodificar a informação. Temos que estar muito atentos a esse tipo de coisa. Estive viajando pelos Estados Unidos, LA, tive em São Francisco vendo coisas no sentido de tecnologia, computador, essas coisas todas para que a gente possa também ter esse acesso rápido, e esse acesso rápido não é só informação do clube, do adversário, mas o acesso rápido à cabeça atual do jogador, porque mudou muito. Ele pode ter as suas dificuldades da alfabetização, mas certamente ele não tem dificuldade a mexer no celular ou no notebook. Ele aprende com a prática e com o colega de clube, ou amigo, ou até com a família, esposa... A gente tem que saber disso, porque hoje o jogador é muito bem informado. Ele tem um acesso rápido a tudo que está acontecendo, então o treinador também tem que estar atento a esse tipo de coisa.
Quando se fala em curso, se fala em seis, sete [meses], um ano. Nenhum brasileiro vai lá ficar esse tempo todo. O que treinador brasileiro tem que fazer, deve fazer e não fazia, e eu achei interessante esse aspecto da Copa do Mundo, é interagir com os colegas da Europa. Eu já tive várias vezes na Europa, já conversei muitas vezes com os treinadores de lá, com o Capello, todos eles, Coverciano, perto de Firenze, onde a Itália tem a sua concentração e funciona a Faculdade de Treinadores da Itália, eu estive conversando com eles e o grande problema do treinador brasileiro nunca deu a atenção para ter uma interação com os treinadores europeus. Pós Copa do Mundo, o treinador brasileiro começou a procurar isso, porque pela primeira vez sofreu um revés histórico. Tem um lado negativo de o nosso futebol ter tido uma queda violenta, mas tem o lado positivo que os profissionais começaram a procurar não cursos, mas uma interação, ver o que está acontecendo, indo lá para acompanhar, seja uma semana, duas, três, troca informações com treinadores e procura adaptar ao seu método de trabalho no Brasil que, é bom? É bom, claro que é. Tanto que nós estamos vendo, de novo, a seleção brasileira está em outro momento. Mudou o treinador, o treinador também tem essa preocupação e as coisas estão acontecendo naturalmente.
Os regionais são um ponto bem interessante no ano dos treinadores. Se contrata um treinador, e dá um tempo para trabalhar, e o regional é um ponto decisivo. Conseguiu fazer trabalho, não conseguiu, existe uma avaliação natural da direção do clube. Primeiro turno do Brasileiro, mesma coisa. Copa do Brasil, mesma coisa. Não conseguiu seguir adiante na Copa do Brasil, ponto de interrogação no seu trabalho. Eu desejo que o clube venha falar comigo e me dê uma situação de trabalho clara, simples, objetiva, direta, e tempo para fazer um trabalho".
Cuca
Cuca oficializou sua saída do Palmeiras depois do título brasileiro do ano passado, alegando questões pessoais. Futuro vovô, agora aproveita o momento para curtir a família,
"Eu estou em paz, graças a Deus. Estou aqui devargazinho, fora do ar, não estou fazendo muita questão de aparecer, não, ficar mais escondidinho, mais mineirinho [risos]. Agora nem é hora de falar, está todo mundo envolvido aí com os times e a gente ficar falando agora é ruim para todos, então agora eu estou tranquilo. Eu não sei se volto este ano, as minhas coisas estão andando, a minha filha vai ganhar neném, estamos cuidando aqui, tudo certinho, vovô Cuca. É uma menina, a primeira neta vai se chamar Eloá, é para daqui a um mês, então estou aqui cuidando do pessoal. Estou contente e com a minha família".
Jorginho
Jorginho deixou o comando do Vasco no fim do ano passado após levar o time de volta para a Série A. Desde então não acertou com outro clube.
Tenho visto todos os jogos. Carioca, Paulista, Mineiro, Gaúcho... Tudo. Estou procurando me aprimorar cada vez mais vendo jogadores, algumas tendências táticas e também me dedicando muito ao meu trabalho social, ao "Bola pra Frente". Este ano tem sido muito difícil, empresas com muitas dificuldades. Estamos procurando novos parceiros para que a gente possa estar muito bem diante de uma crise muito grande. Estou feliz com esse tempo que estou me dedicando ao Bola Pra Frente, mas sempre ligado no que está acontecendo no futebol, vendo Champions, Copa Uefa, tudo realmente para que eu possa estar muito bem atualizado.
Marcelo Oliveira
O último trabalho de Marcelo Oliveira foi no Atlético-MG. Foi demitido em novembro do ano passado após a derrota por 3 a 1 para o Grêmio no primeiro jogo da final da Copa do Brasil.
Atualmente, Marcelo Oliveira tem aproveitado o tempo para, além de curtir a família em Belo Horizonte, fazer alguns exercícios físicos na academia, especialmente por conta de um problema no joelho - ele conta inclusive com um personal trainer.
Vanderlei Luxemburgo
Luxa está sem clube desde junho do ano passado, quando foi demitido do Tianjin Quanjian, da China.
A relação entre ele e o ex-time, porém, ainda é mantida, tendo em vista que, recentemente, ele passou 20 dias no país asiático, onde foi homenageado pelo ex-clube. "Eu fui na China, convidado pelo Xu Yu Hui, pelo presidente do clube. Fizeram uma homenagem para mim pelo time ter ido para a primeira divisão. Foi legal a reaproximação, mas fica uma possibilidade aberta para o futuro. O mais importante foi ele reconhecer que eu fiz um grande trabalho e que o time subiu por causa da base que eu criei", disse o treinador. No Brasil, Luxa admite que chegou a ser sondado por alguns clubes, mas nenhum projeto o agradou.
Fonte: UOL