São Januário, que completa 90 anos nesta 6ª-feira, já inspirou a criação de diversas músicas.
Marcelo Panoeiro criou a música "Camisas Negras", cuja frase "Aqui ergui meu templo para vencer" virou lema do selo comemorativo oficial do aniversário do estádio, para surpresa do próprio compositor:
"Fiquei surpreso, chegaram a me provocar perguntando se eu cobraria pela frase, mas eu jamais faria isto com o Vasco. O clube só merece a dedicação e o amor de cada vascaíno. Torço pelo Vasco como torço por um filho. E fiquei muito orgulhoso de ver essa homenagem, já vivi muita coisa boa em São Januário. Eu brinco que não tenho mérito nenhum na música. Na verdade eu só transcrevi a história do Vasco (risos). Eu queria fazer uma música de exaltação, em um momento em que as arquibancadas eram tomadas por cânticos de violência. Veio esta ideia da volta ao passado, a luta pela inclusão social no futebol... As coisas foram fluindo, e chegou São Januário, que materializa a resposta histórica a quem lutava para que o Vasco não existisse. Foi difícil, escrevia uma letra, voltava depois de alguns dias... Acho que mudei umas 20 vezes. Não domino a arte de escrever, sou engenheiro", revelou Panoeiro em entrevista ao Lance.
Já Pedro Otávio Bandeira, o "Pingo", da torcida Guerreiros do Almirante, criou a famosa versão de "Bebendo Vinho", de Wander Wildner, que ficou conhecida como "São Januário, Meu Caldeirão":
"Foi no começo da Guerreiros do Almirante. A gente estava começando a criar músicas, estava adaptando principalmente as que vêm de torcidas sul-americanas, quando veio esta ideia de fazer uma versão de uma música feita para o Grêmio (a paródia 'Vou Torcer Pro Grêmio Bebendo Vinho'). Comecei a escrever e, ainda na comunidade que a gente tinha no Orkut, divulguei a letra. Na época eu tinha 16, 17 anos, não imaginava que a repercussão ia ser tão grande. Um ou dois anos depois, a Rede Globo mostrou uma imagem da torcida cantando, tendo embaixo uma legenda da letra, isso ajudou muito. E até conheci o Juninho, que queria saber quem fez a música 'do gol Monumental'. Foi muito gratificante. Além desse orgulho do Vasco ser o único clube a ter um estádio próprio no Rio de Janeiro, e construído com seus recursos próprios, gosto desta maneira como é São Januário. Um estádio com ares de sul-americano, com torcida atrás do gol, que fica perturbando o adversário. Por isto, surgiu esta expressão 'caldeirão', que define tudo. E além disto é minha segunda casa, vascaíno sempre se sente bem aqui", revelou Otávio em entrevista ao Lance.
Ainda nos anos 40, o bonde que levava os torcedores à região do estádio rendeu o samba "O Bonde de São Januário", composto por Wilson Batista. O historiador do Centro de Memória do Vasco, Walmer Peres, falou sobre a canção:
"Tem uma ligação com o estádio. Aqui era uma área de trabalhadores, inclusive em São Januário. Então você tinha um fluxo de trabalhadores para essa região aqui de São Cristóvão para trabalhar aqui nas fábricas. Aqui sempre foi uma área de muitas fábricas e empresas. Essa música está ligada a questão do trabalho, do trabalhador pegar o Bonde de São Januário, que cortava aqui, para vir para toda essa região poder trabalhar", afirmou Walmer ao Lance.
Fonte: NETVASCO (texto), Reprodução Internet (foto)