Para despachar o arquirrival Flamengo na semifinal da Taça Rio, o Vasco aposta na raça de um volante que aprendeu na melhor escola argentina os segredos da marcação. Jean precisou apenas de dois meses em São Januário para mostrar à torcida que está disposto a dar o sangue pela Cruz de Malta. A cicatriz que ganhou na altura do olho direito, após disputa de bola no duelo com o Madureira, é o símbolo da entrega do maior ladrão de bolas do Carioca. Foram 26 desarmes em nove jogos. E o vascaíno não poderia ter mestre melhor. Veio do craque Verón as maiores lições nas duas temporadas em que ele atuou com o ídolo argentino no Estudiantes de La Plata, em 2012 e 2013.
“Ele me inspirou muito, não só pela qualidade técnica absurda, mas pelo profissionalismo. O Verón era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Fazia mais do que pediam nos treinos, na academia. Por mais que tivesse conquistado tudo na vida, não se acomodou. Foi este espírito vencedor que trouxe para minha vida”, revela o volante, que fez questão de entregar ao ídolo uma camisa do Vasco, quando ele veio ao Rio enfrentar o Botafogo pela Copa Libertadores da América.
A outra grande inspiração veio de casa. “Tive outro grande professor na minha vida que foi atleta, mas não jogou em clubes de expressão que é meu pai. Ele era zagueiro e também marcava em cima”, diz, orgulhoso.
Sob o incentivo do pai, seu Gilson, Jean trocou Taguatinga (DF), sua terra natal, para ganhar o mundo e um novo tutor. “O Alemão foi meu treinador no Iguaçu Agex. Ele deu esse ‘up’ na minha carreira, me profissionalizou. Devo muito a ele. Tive o prazer de tê-lo como mentor e aprendi muito”, afirma o volante, que também tem o velho craque do Botafogo, nos anos 1980, como inspiração.
Com tantas referências positivas, agora Jean quer eternizar sua passagem pelo Vasco com outra marca inesquecível: o tricampeonato carioca.
“Ainda não tenho nenhum título na carreira, está na hora. Vim para cá pensando no tricampeonato e na vaga na Libertadores. Isso me deixaria realizado”, revela o volante, que hoje vai realizar um sonho antigo.
“Sempre tive o sonho de jogar no Maracanã, mas nunca imaginei que seria um Flamengo e Vasco, um clássico desse tamanho, tudo isso é muito mágico”, admite.
Mas Jean tem outro sonho a realizar hoje à noite. “Fecho os olhos e imagino que marco um gol no finalzinho do segundo tempo. Tem que estar um a zero, a gente ganhando, e, se Deus quiser, para não ter muito drama e sacramentar, eu faço um gol de cabeça e saio correndo para a torcida, abraço os companheiros, essa coisa toda... Seria maravilhoso marcar um gol no Maracanã”, planeja Jean.
Fonte: O Dia (texto), Reprodução Internet (foto)