Mauro Galvão é um dos maiores zagueiros de toda a história do nosso futebol, e ao longo de sua carreira conseguiu fazer sucesso e virar ídolo em clubes rivais, como Internacional, Grêmio, Botafogo e Vasco.
Nas equipes cariocas, Mauro é idolatrado por conquistas marcantes. Em 1989, foi ele o capitão que levantou a taça do Campeonato Carioca após 21 anos de jejum do Glorioso. No ano seguinte, ele viria a conquistar mais um estadual.
Já em 1997, chegou ao Vasco sob desconfianças por causa de sua idade (35 anos), mas jogou tão bem que foi cogitado até um retorno à Seleção Brasileira. Além disso, colecionou grandes troféus – inclusive a Taça Libertadores da América de 1998.
Por isso o ex-jogador é praticamente uma unanimidade entre botafoguenses e vascaínos. E em entrevista exclusiva, Mauro falou sobre os momentos antagônicos que vivem os clubes, arriscou um resultado para o clássico que será disputado neste domingo (19), no Estádio Nilton Santos, e revelou ficar dividido quando os rivais se enfrentam.
Além disso, Mauro revelou fé na recuperação vascaína ao longo da temporada, comparou o aguerrido Botafogo de 2017 com o de 1989 e elogiou os jovens zagueiros Luan e Marcelo – que, lesionados, não entrarão em campo às 18h30. Confira o bate-papo abaixo!
O Botafogo vive uma boa fase, o que não acontece com o Vasco. Isso pode influir no jogo?
“Não, acho que não. No futebol ficou mais do que provado, que a rivalidade de um clássico acaba fazendo com que os times acabem ficando em um mesmo nível, independente de um estar em um momento melhor do que o outro. Acho que o que mais pesa é que o time do Botafogo está mais centrado, jogando mais coletivamente. Os jogadores estão juntos há mais tempo; poucas mudanças, o mesmo treinador e ideia de ser um time mais guerreiro, lutador. Não é um time tecnicamente brilhante. O Vasco ainda está tentando formar um time, tem algumas dificuldades, perdeu o treinador agora e não conseguiu formar uma equipe. Está trazendo jogadores, testando, colocando, mas ainda não vejo um time formado”.
Se você tivesse que apostar resultado e placar para esse clássico de domingo, qual seria?
“Eu acredito que, como sempre, o resultado mais normal é o empate. Eu diria 1 a 1, para termos gols no jogo”.
A sua torcida está para qual lado?
“(Risos) É difícil, né? Eu joguei pelos dois, então acho que nesse caso aí o empate seria um bom resultado”.
Por que esse time do Vasco vem encontrando dificuldades desde o ano passado?
“Não sei, acho que o Vasco tem essa questão de trazer jogadores em meio à competição, e esses jogadores geralmente chegam fora de forma. Quando eles entram em forma o campeonato já está no final, e então demora um pouco. Acho que talvez o time do Vasco vá começar a render no Campeonato Brasileiro, porque aí vai ter mais tempo, os jogadores estarão mais bem adaptados. De qualquer maneira, você precisa ter uma base de time. E eu ainda não vejo no Vasco essa definição”.
Muitos dizem que o Vasco corre sérios riscos de ser rebaixado no Brasileirão. O que você acha?
“Eu não acho que seja para tanto assim. Acho que é importante você, agora, aproveitar esse campeonato carioca para arrumar o time, formar o time, ter um treinador que possa dar sequência no trabalho - e não ficar mudando a todo momento, porque não é uma coisa boa. O Cristóvão já chegou ao Vasco criticado, uma situação bem estranha e a gente se pergunta: ‘por que você traz um treinador que não tem a maioria da simpatia dos torcedores?’ Você vai de encontro a uma dificuldade..."
E como você está vendo esse time do Botafogo?
“Eu acho que o time do Botafogo lembra mais o time que eu joguei, em 89, porque tem essa característica de correr, lutar, se entregar.
Semelhanças entre o atual time com o que colocu um fim ao jejum de 21 anos?
Isso aí eu acho importante, porque o Botafogo não é um time que tem estrelas: tem bons jogadores que querem se firmar, mostrar que estão ali. Isso é uma coisa legal, todos querem mostrar que têm qualidade de jogar em um time grande como é o Botafogo”.
Qual atacante do Botafogo e qual do Vasco o Mauro Galvão zagueiro ficaria mais de olho, neste domingo?
“Do Botafogo, o Pimpão e o Roger estão em um momento muito bom. No Vasco, o Luis Fabiano é sempre um jogador que merece atenção. Não sei quem seria ali o companheiro dele... acho que o Nenê, né?”
Qual é sua opinião sobre o Marcelo (21 anos, do Botafogo) e Luan (23 anos, do Vasco)?
“O Marcelo acho que está muito bem, está jogando em uma função que não é a dele (lateral), mas acho que para a formação dele isso vai ser bom. É claro que logo depois ele vai voltar para a zaga, quando ele tiver oportunidade. Mas está sendo bom para ele aprimorar outras situações de jogo, sair com a bola. O Luan é um jogador mais de posicionamento, de leitura de jogo, e o Marcelo é um jogador com mais vigor, mais rápido. Eu até acho que os dois, juntos, formariam uma bela zaga”.
Fonte: Goal.com