Diego Souza: 'O Vasco é o clube que aprendi a ter um carinho grande e no qual vivi momentos felizes'

Segunda-feira, 13/03/2017 - 04:26
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Benfica, Al-Ittihad e Metalist foram clubes em que Diego Souza mostrou seu talento no exterior. No Brasil, brilhou no Fluminense, Flamengo, Vasco, Grêmio, Palmeiras, Atlético-MG e Cruzeiro. Nada, porém, que se compare ao prazer de defender o Sport Recife, clube no qual sua carreira ganhou nova dimensão e pelo qual foi reconduzido, aos 31 anos, à seleção brasileira. Sincero, ele não foge da dividida e, sem se importar com os críticos à sua convocação, celebra o chamado de Tite para os jogos contra Uruguai e Paraguai pelas Eliminatórias. Confiante, diz que pretende realizar o sonho de jogar a Copa do Mundo da Rússia em 2018, frisa que o campeão brasileiro de 1987 é o rubro-negro pernambucano e pede que o futebol nordestino seja mais valorizado. Diego Souza em estado bruto.

O DIA: Você foi bem no Jogo da Amizade, contra a Colômbia, e chamado por Tite para os duelos pelas Eliminatórias. Como avalia este momento?

Diego Souza: De muita felicidade. Devo ao Sport isso que está acontecendo. Sinceramente, Seleção era algo que não passava pela minha cabeça nos últimos tempos, mas a boa temporada do ano passado reacendeu esse sonho.

O DIA: O que fazer para se firmar na Seleção?

Diego Souza: Trabalhar no nível máximo. Estou muito feliz por esse chamado do Tite, mas agora o trabalho será redobrado para me manter no grupo.

O DIA: O peso da Amarelinha já abreviou a carreira de muitos jogadores na Seleção. Esta camisa pesa muito?

Diego Souza: Pesa muito para todo jogador. Vestir a camisa de uma Seleção cinco vezes campeã do mundo é uma responsabilidade gigantesca. Mas um orgulho muito grande. Tite conversa com todos para que tenham a real dimensão do que isso representa. Mesmo para jogadores mais experientes como eu, que já estiveram ali dentro, é sempre uma emoção muito grande.

O DIA: Como se sente ao saber que pode estar a pouco mais de um ano de jogar uma Copa do Mundo?

Diego Souza: Ainda falta muito, 2017 está só começando, o trabalho do Tite vem ganhando forma e eu e todos os jogadores precisamos mostrar no dia a dia que merecemos estar na Seleção. Mas, claro, se antes era um sonho distante, hoje posso dizer que é um sonho palpável. Vou me esforçar muito para realizá-lo.

O DIA: Alguns jornalistas fizeram críticas à sua convocação. Como você lida com isso?

Diego Souza: Críticas sempre vão existir. Não posso parar para ouvir tudo que falam elogiando ou criticando porque minha vida seria só isso. Eu busco o meu melhor e vou sempre trabalhar buscando cada vez mais.

O DIA: Muitos deles usam como argumento sua idade e o fato de que você só foi chamado porque Gabriel Jesus está lesionado. Isso te incomoda?

Diego Souza: O dia que eu for convocado para a Seleção e me incomodar é porque tem algo errado. O Gabriel Jesus é mais um novo talento que o futebol brasileiro revelou. É um menino de personalidade, que não sente a pressão de jogos importantes. Ficamos tristes com a lesão dele e estamos na torcida para que se recupere logo.

O DIA: Você foi chamado para atuar como atacante. Aceitaria ser deslocado para o meio de campo?

Diego Souza: Comecei minha carreira como volante, fui adiantado para a meia e já joguei como atacante. O que quero é estar na Seleção, até como goleiro, como fui no Sport (risos).

O DIA: Sem preferência então?

Diego Souza: Me sinto mais à vontade como meia, mas vou para a Seleção para ajudar. Se o Tite entender que eu ajudo mais como centroavante, irei com muita vontade de jogar e de ser útil.

O DIA: Você é um dos destaques do Sport, mas atua em um clube do Nordeste. Acredita haver discriminação em relação aos jogadores que atuam fora do eixo RJ-SP-MG-RS?

Diego Souza: O futebol nordestino deveria ser muito mais valorizado, pois tem jogadores de muita qualidade e experiência. Espero que minha convocação sirva para abrir os olhos da imprensa e de todos para o futebol do Norte e do Nordeste.

O DIA: Você se considera um jogador polêmico?

Diego Souza: Não. Sou um jogador transparente, que se incomoda quando vê que algumas coisas não acontecem da maneira como deveriam.

O DIA: Sua saída do Fluminense, em março de 2016, foi surpreendente, pois você trocou o Tricolor pelo Sport após pouco mais de três meses nas Laranjeiras. O que o levou a isso?

Diego Souza: Vivi momentos muito felizes no Sport e, naquele momento, achei que o certo seria retornar ao clube. A gente tem que procurar a felicidade para fazer o trabalho da melhor forma possível. Sou feliz demais no Sport, clube que me deu novamente a alegria de jogar futebol.

O DIA: Aliás, você vestiu, literalmente, a camisa do Sport. Qual o motivo de tamanha identificação com o Leão?

Diego Souza: Desde o meu primeiro dia no Sport, fui muito bem recebido. A cidade de Recife é bem parecida com o meu Rio de Janeiro, e isso também ajudou na minha adaptação. Sou feliz aqui. Quero ganhar títulos e conquistar coisas importantes por esse clube. Acredito que estamos no caminho certo e confiante de que 2017 será bom para mim e muito bom para o Sport.

O DIA: Em Recife, você se tornou o ‘Embaixador de 87’ e comprou a briga com o Flamengo em relação ao campeão brasileiro de 1987. Por que tanto engajamento nesta causa?

Diego Souza: É um privilégio vestir uma camisa que representa tanto para o Sport. Tenho uma responsabilidade grande de representar bem o clube e me sinto honrado de fazer isso usando uma camisa com um número que está na história.

O DIA: Quem, afinal, é o campeão brasileiro de 1987?

Diego Souza: O Sport, claro.

O DIA: Não teme ficar mal visto pela torcida do Flamengo?

Diego Souza: Entro em campo para defender o clube que paga meu salário. Sou profissional e fazer gols, defender a camisa do Sport e representar esse clube faz parte do meu trabalho.

O DIA: Como avalia sua passagem pelo Flamengo?

Diego Souza: Poderia ter sido diferente. Tenho certeza de que poderia ter ajudado mais o clube, se tivesse tido mais tempo lá.

O DIA: Você também defendeu Fluminense e Vasco. O que estes clubes representam na sua carreira?

Diego Souza: O Fluminense me lançou no futebol e vou ser eternamente grato. O Vasco é o clube que aprendi a ter um carinho grande e no qual vivi momentos felizes. Ganhamos a Copa do Brasil com um time muito bom e ficamos perto de um título brasileiro. O Vasco estará para sempre em minhas melhores memórias.

O DIA: Como avalia o nível atual do futebol carioca?

Diego Souza: Tem evoluído nos últimos anos. Os presidentes dos quatro grandes do Rio têm colocado as coisas na linha. Torço para que isso continue.

O DIA: E a polêmica sobre torcida única?

Diego Souza: O futebol é um espetáculo para duas torcidas no estádio. A violência existe, mas precisa ser banida dentro e fora dos estádios. Não podemos conviver com isso hoje. É preciso ter fiscalização, controle e punir os vândalos que causam mal para o esporte.

O DIA: Você se considera o maior ídolo de um clube em atividade no Brasil atualmente?

Diego Souza: Difícil dizer isso. Cada clube tem os seus ídolos e todos devem ser respeitados. A história do Sport conta para nós sobre muitos ídolos e estou trabalhando todo dia para entrar nessa galeria.

O DIA: Já pensou em quando parar de jogar?

Diego Souza: Não tracei uma data específica para me aposentar.



Fonte: O Dia