No dia 3 de março de 1999, o Vasco conquistava o tri do Torneio Rio-SP de maneira incontestável, derrotando o Santos por 2 a 1 em pelo Morumbi, após ter vencido também a 1º partida.
Aquele Vasco do final dos anos 90 era uma locomotiva especialista em levantar taças, e que fez história no futebol brasileiro, conquistando o 4º título em apenas 15 meses, ou 1 a cada 4 meses.
Vamos relembrar mais uma grande conquista da história cruzmaltina !
“O torcedor vascaíno pode esnobar “Está ficando chato.” Em pleno Morumbi. o Vasco deu ontem mais uma prova de que é o melhor time do Brasil: derrotou o Santos por 2 a 1, num jogo em que podia até perder por um gol de diferença, e conquistou, com sobras de talento, o Torneio Rio-São Paulo. Este é o terceiro Rio-SP conquistado pelo Vasco (os outros foram em 58 e 66) e o quarto título que o clube comemora desde dezembro de 1997 (Campeão Brasileiro de 97, Estadual e Libertadores de 98). Uma continha rápida para esclarecer as coisas: nos últimos 15 meses, foram quatro taças levantadas — uma a cada quatro meses, mais ou menos. Não é pouca coisa.
Foi uma vitória até previsível. Mas nem por isso menos gloriosa. No primeiro tempo, apesar de o Santos reter mais a bola, houve equilíbrio entre as equipes. Se o Santos se arriscava mais no ataque, o Vasco era mais eficiente: aos 10min. Luizão já sofrera um pênalti, não marcado pelo árbitro, e Juninho acertara uma bola na trave em cobrança de falta. O pequeno diabo Alessandro fazia o que queria com Nasa, mas não era o suficiente. Jogador nenhum ganha jogo sozinho, e esta lição os vascaínos já aprenderam há muito tempo.
Por isso, não era de se espantar a vontade com que Donizete, mesmo longe de seus melhores dias, partia para cima dos santistas. Ou a raça de Luizão que, mesmo fora de forma, se desdobrava entre defesa e ataque. O mesmo faziam Felipe, Juninho, Mauro Galvão. E quando o Santos percebeu isso, era tarde: Zé Maria, numa cobrança de falta, surpreendeu Zetti e os 32 mil santistas que estimam no Morumbi ontem: Vasco 1 a 0.
Alessandro ainda deu um sopro de esperança ao Santos, com um golaço-relâmpago aos 28s do segundo tempo. Mas precisava ainda de dois gols para pelo menos levar o jogo aos pênaltis. E não tinha, nem no campo nem no banco, jogadores que o levassem a isso. Já o Vasco tinha Vágner, que entrou no lugar de Donizete e novamente desequilibrou. Mas o jogo, e o Torneio eram de Juninho, o Deus da Raça vascaína. Aos 29min, ele recebeu bola de Luizão entrou na área e chutou com a convicção de quem sabe que joga no melhor time do Brasil. Quase eliminado do torneio por manobras de bastidores, o Vasco soube ganhar o titulo como manda o figurino: dentro de campo.” (Jornal do Brasil – 04/03/1999)
Ao Vasco bastava o empate, mas o campeão sul-americano mostrou ontem no Morumbi por que é considerado um dos melhores times do Brasil. Jogou com personalidade, não se assustou com a pressão do Santos e venceu por 2 a 1 com autoridade, conquistando o Rio-São Paulo com justiça. Pelo tricampeonato do torneio (o Vasco fora campeão em 58 e 66), os jogadores ganharam o ótimo prêmio de R$ 50 mil pelo título. Pelo segundo ano consecutivo, o futebol carioca conquistou o torneio: o Botafogo foi o campeão em 1998.
O jogo foi eletrizante como se espera de uma final. O Santos, naturalmente empurrado pela necessidade de fazer pelo menos dois gols, foi à frente. Mas quem esperava um Vasco atrás, em busca do empate que garantiria o título, se enganou. A primeira oportunidade, porém, foi do Santos. Logo aos dois minutos, Jorginho chutou com efeito, da entrada da área, e a bola passou raspando a trave direita. A resposta veio no ataque seguinte. Luizão recebeu na entrada da área e foi derrubado por Claudiomiro. O juiz Cláudio Cerdeira, porém, ignorou a falta.
Cerdeira marcaria, no entanto, uma aos nove, sobre Donizete. Juninho bateu com força e a bola foi na trave de Zetti. Em jogo aberto, logo o Santos estava em cima do Vasco. Aos 19 minutos, Anderson cobrou córner da direita e Claudiomiro cabeceou com grande perigo. Três minutos depois, Alessandro, novamente de cabeça, quase marcou. Do lado de fora, o técnico Leão se desesperava. Com a arbitragem, como de costume, e com Alessandro.
— O Alessandro precisa ir para esquerda e aproveitar o medo que eles estão dele. É preciso inteligência — disse o treinador.
Mas as jogadas não aconteciam. O Santos, aos poucos imprensou o Vasco, porém, não conseguiu criar muitas chances. Tinha o maior volume e não transformava isso em vantagem. Faltava ao Santos exatamente o que sobrava ao Vasco: uma boa estratégia para decidir.
Recuados, os cariocas esperavam o momento de contra-atacar. Ele surgiu aos 42 minutos, quando Juninho lançou Ramon livre. Ramon demorou a chutar e foi desarmado por Marcos Bazílio.
O Vasco já parecia satisfeito com o empate no primeiro tempo quando conseguiu uma inesperada vantagem. Zé Maria cobrou falta do lado esquerdo, a barreira abriu e Zetti foi surpreendido.
— O professor (Leão) pediu para a gente abrir o jogo. Vamos ver se no segundo tempo o obedecemos — disse Alessandro
Ele mesmo se encarregou de cumprir a promessa. Logo aos 30 segundos, Alessandro cortou dois vascaínos, chutou cruzado, empatou o jogo e incendiou o Morumbi. Melhor do que Leão planejara. Era hora de pressionar.
O Santos poderia ter virado o jogo aos seis, mas quando Camanducaia ia chutar, Viola o atrapalhou e bateu de pé direito, fraco, nas mãos de Carlos Germano. Aos 10, o goleiro fez difícil defesa em cruzamento de Alessandro. Muito mais do que no primeiro tempo, o Santos dominava.
O técnico Antônio Lopes percebeu que era hora de tomar uma atitude e pôs Vágner no lugar de Donizete. O titular saiu de cara feia, mas a mudança surtiu efeito. Aos poucos, o controle que o Santos tinha do jogo se transformou em descontrole emocional. Vágner, com seus dribles, irritava os santistas que apelavam mais do que de hábito para as faltas.
Leão cansou de Viola e, quando o substituía por Rodrigão, sofreu o golpe decisivo. Juninho escapou pela direita e deslocou Zetti, aos 29 minutos. Alessandro quase empatou aos 36, mas, mesmo que conseguisse, dificilmente o Santos conseguiria virar o jogo.
O título já tinha um dono. Era do Vasco.” (O Globo – 04/03/1999)
Ficha Técnica:
Torneio Rio-SP 1999 – Santos 1 x 2 Vasco da Gama
Data: Quarta-feira, 3 de março de 1999
Estádio: Morumbi
Renda: Não divulgada
Público: 32.495 pagantes
Árbitro: Cláudio Vinícius Cerdeira (RJ)
Cartões amarelos: Anderson-SAN, Argel-SAN, Zé Maria-VAS, Ramón-VAS e Vágner-VAS.
Gols: Zé Maria 45/1T; Alessandro 30 seg/2T e Juninho Pernambucano 29/2T.
Santos: Zetti, Anderson (Camanducaia no intervalo (Michel 26/2T)), Sandro, Argel, Gustavo Nery; Claudiomiro, Marcos Basílio, Caíco, Jorginho; Alessandro e Viola (Rodrigão 29/2T).Técnico: Emerson Leão
Vasco: Carlos Germano, Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão, Felipe; Nasa, Paulo Miranda, Juninho Pernambucano (Henrique 42/2T), Ramón; Donizete (Vágner 14/2T) e Luizão (Zezinho 37/2T). Técnico: Antônio Lopes
Fonte: História Cruzmaltina