Luis Fabiano precisou de três meses para conseguir deixar o Tianjin Quanjian. Desde o anúncio de sua saída, em novembro de 2016, até assinar o desligamento do clube chinês, na última quinta-feira, o atacante passou por um período complicado. Nas quatro semanas em que esteve na China, treinou em temperaturas negativas e suportou reuniões infrutíferas. O Vasco, com quem estava apalavrado, acompanhou de longe a negociação, com contatos frequentes.
O Fabuloso encaminhou seu acerto com o Cruz-Maltino no início do ano, antes de viajar novamente à China para tratar de sua rescisão. Ele fez exames médicos em São Paulo e iniciou buscas por moradia no Rio de Janeiro. Mas sabia que poderia demorar para definir seu futuro.
Quando chegou à China, no início de janeiro, o atacante ainda não tinha claro seu destino. Em novembro do ano passado, o Tianjin Quanjian o avisou que não estava nos planos do clube para 2017. Por isso, o jogador anunciou na época que estava de saída.
Entretanto, os dirigentes chineses não confirmaram o combinado. Havia a possibilidade de o Fabuloso ser reintegrado ao elenco. Mas ele era tratado como a última opção: o Tianjin estava no mercado em busca de um atacante de nome. Cavani, James Rodríguez, Kalinic e outros foram tentados sem sucesso – somente com a contratação de Alexandre Pato, o caminho ficou aberto para a saída de Luis Fabiano.
Sem estrutura para treinar
Neste tempo, porém, o jogador ficou desamparado. Na primeira semana, treinou na academia do Tianjin com seu preparador físico pessoal, Eduardo Moreno. Mas com um detalhe: sem aquecimento para um frio que atingia temperaturas negativas.
- O clube liberou a academia, mas disse que não podia ligar o aquecimento, porque era muito caro. Íamos treinar numa academia com -2ºC. Um gelo. Na segunda semana, fomos para uma academia particular. Havia dias em que a academia não abria, e tínhamos que correr na rua. A gente estava largado – afirmou Eduardo.
As condições precárias de treinamento cobraram seu preço. Por causa do frio, Luis Fabiano pegou uma forte gripe. Ficou cinco dias sem treinar. Ao mesmo tempo, via as negociações se arrastarem: os dirigentes não compareciam às reuniões nem atendiam às chamadas. O Fabuloso ficou irritado.
Negociação complicada
Um caso emblemático foi o ano novo chinês. Os dirigentes do Tianjin alegaram que o clube ficaria fechado durante a semana de comemorações. Mas foi justamente nesta época que eles agilizaram a contratação de Pato. A impressão era de que os chineses queriam ganhar tempo na negociação.
Por vezes, o atacante ficou tão afetado com a demora nas conversas que não treinou. Para passar o tempo e se distrair, fazia compras no shopping e visitava cidades próximas.
- A gente ia ao shopping, a restaurantes. Andávamos de kart, jogávamos videogame. Pegamos o trem-bala para ir a Pequim. Fomos à Muralha da China. Na semana do ano novo chinês, fomos para Xangai, que tinha um hotel bom para treinar – completou Eduardo.
Advogado agiliza acerto
A situação só evoluiu com a chegada de Breno Tannuri, advogado de Luis Fabiano. Ele desembarcou na China na última quinta-feira. Com ele, um trunfo: dada a postura dos chineses, o atacante poderia buscar rescindir unilateralmente seu contrato na Fifa.
Só a partir daí, o Tianjin mostrou-se mais disposto a negociar. A questão, antes, era financeira. Luis Fabiano tinha direito a receber premiações de 2016 e os valores do contrato automaticamente renovado para 2017. Os chineses, nas primeiras reuniões, se propuseram a pagar cerca de 30% do total.
- Foi a famosa tortura chinesa in loco – resumiu uma pessoa ligada a Luis Fabiano.
Durante todo o tempo, dirigentes do Vasco estiveram em contato frequente com o empresário de Fabuloso, José Fuentes. Em São Januário, o otimismo pelo acerto era grande, a ponto de o presidente cruz-maltino, Eurico Miranda, garantir em entrevista, que o Fabuloso seria jogador vascaíno caso voltasse ao Brasil.
Na reta final das negociações, porém, um clube tentou atravessar este acerto. O Internacional também entrou em contato com pessoas ligadas a Luis Fabiano, com uma proposta maior que a do Vasco. Pesou, porém, o que estava apalavrado, e o final foi feliz para o Cruz-Maltino.
Fonte: GloboEsporte.com