Basquete: Gestora da Arena da Barra conversa com o Vasco e outros clubes para mais jogos no ginásio

Segunda-feira, 30/01/2017 - 13:08
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Arrendada pela iniciativa privada desde o fim dos Jogos Pan-Americanos de 2007, a Arena da Barra transformou-se em um palco multiuso. É uma das casas do UFC no Rio de Janeiro, recebeu por duas vezes o NBA Global Games, a final do Intercontinental de basquete com o título do Flamengo e até decisões do Novo Basquete Brasil. Nos últimos anos, porém, é cada vez menor a presença dos clubes cariocas no único ginásio de grande porte da cidade, já que o Maracanãzinho segue com o imbróglio envolvendo o Governo do Rio e a Odebrecht, e as arenas olímpicas ainda não foram disponibilizadas. A agenda do local, contudo, segue cheia. São shows, eventos comerciais e até formaturas. Mas a GL Events, empresa francesa responsável pela gestão do espaço, pretende receber mais vezes o basquete de Flamengo e Vasco, e os times de vôlei do Rio de Janeiro e Fluminense. Para isso, negocia condições especiais com os clubes.

- Tudo que pudermos acomodar dentro do calendário da arena será tentado. Para isso, estamos conversando com todos os clubes do Rio de Janeiro. Com o Flamengo, o Vasco, o Fluminense e o Rio de Janeiro. Queremos mais jogos de vôlei e basquete na agenda da arena, que é cheia de outras ações também. Para isso, estamos estudando negociações especiais e diminuindo literalmente a nossa margem de lucro, para que a arena possa se tornar viável para os clubes - explicou a diretora regional da GL Events, Milena Palumbo.

O grande "vilão" da Arena da Barra é justamente o seu maior diferencial. O local é climatizado e por isso traz um grande conforto para o torcedor, principalmente no Verão do Rio de Janeiro. A GL não abre valores, mas o custo por hora do ar condicionado fica na casa de R$ 12 mil, fora os valores de equipe nos dias de jogos, limpeza, manutenção predial, hidráulica, funcionários e os custos do aluguel do equipamento para as equipes jogarem lá. Todo o somatório, conforme o GloboEsporte.com mostrou em matéria anterior, podem chegar a quase R$ 150 mil.

- O grande vilão de tudo se chama energia elétrica. Posso até fazer um valor extremamente baixo, mas sem climatização. Ao mesmo tempo que é o grande vilão, é o diferencial. O nosso esforço é a energia elétrica. Estamos estudando com o pessoal do vôlei e do basquete diminuição nos horários do ar condicionado e diminuição de custo nosso. Os nossos custos de energia elétrica em relação ao redor do mundo, onde temos outros 41 centros, é 50% maior. Lá fora são pavilhões e arenas com calefação até. Fazer isso é caro e mesmo assim estamos com preço muito mais caro - conta Milena.

A ideia da GL é trabalhar a logística dos eventos para que a operação possa ficar mais em conta para todos os interessados em jogar lá. A empresa percebe uma grande oportunidade de mercado com o número de condomínios e torcedores que moram ao redor da arena, mas que hoje não podem consumir eventos esportivos dentro de uma agenda constante.

- A ideia é ter início, meio e fim do jogo com período menor, para gastar menos com o ar condicionado. Estamos abrindo os custos de operação para mostrar que não temos nenhum ganho nisso e sim apenas custos de operação. Estamos tirando margem de lucro para que se torne viável. Podemos ter a abertura do portão mais próximo do horário do jogo. Estamos vendo qual logística pode ser feita para minimizar isso - esclarece a diretora, dizendo que o basquete do Flamengo pode desembarcar na arena em fevereiro e o vôlei do Rio de Janeiro em março.

FLAMENGO ESPERA JOGAR NA ARENA COM FREQUÊNCIA

Diretor executivo de esportes olímpicos do Flamengo, Marcelo Vido confirma a negociação com a GL Events. Ele chegou a tentar mandar os jogos contra Franca e Bauru, ambos na semana passada, na Arena da Barra, já com essas negociações especiais. A ideia do clube é trazer mais conforto aos torcedores e explorar os arredores da Arena da Barra, bom mercado na visão dele. Só que o Flamengo não trará qualquer partida para o local. Vai avaliar bem.

- Começamos a conversar no começo do ano, depois dos Jogos Olímpicos. Temos sentido uma receptividade grande para rever preços e ter um calendário, até para a comunidade do entorno saber que teremos jogos aqui. Temos jogos que não tem como trazer. O apelo de público é pequeno. Pensamos contra Franca e Bauru, mas no começo do ano as coisas não andam. Daqui para frente, nos próximos jogos, vamos conversar com eles para viabilizar. Mesmo sendo um pouco mais caro, damos conforto ao torcedor e criamos a dinâmica dos torcedores do entorno. Nós sempre tivemos a intenção de jogar aqui, mas os preços eram proibitivos. Agora estamos estudando melhor - disse Marcelo Vido.

Vice-presidente de esportes de quadra do Vasco, Fernando Lima também espera que o Vasco possa jogar mais vezes na Arena da Barra, principalmente em duelos importantes.

- É claro que temos esse interesse. Conversamos sempre com a Arena e queremos que o Vasco jogue mais vezes aqui. Mas precisamos que sejam valores razoáveis e possíveis - explicou o diretor, que ficou no prejuízo com o jogo diante do Flamengo com os portões fechados pelo NBB, mas teve um abatimento da GL Events no preço final por conta disso.

A GL Events, porém, não fará qualquer adequação para a separação de torcidas, o que o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios pediu para que Flamengo e Vasco pudessem jogar com duas torcidas na Arena da Barra. Para Milena, o local não foi construído pensando nessa hostilidade.

- Nossa arena não foi construída e adaptada para receber torcidas organizadas. Não é um equipamento preparado para uma hostilidade entre duas torcidas que precisam ficar separadas. Ficamos na espera da orientação do Gepe. Eles fazem exigências que não podemos cumprir. Não temos barreiras físicas nos níveis de andares, nos níveis 1, 2 e 3. Isso não estamos preparados e nem vamos fazer. Não é nossa intenção ter esse tipo de precaução e risco. Se for uma separação temporária dentro do ginásio, não tem problema. Estamos totalmente abertos, sem problemas com as torcidas organizadas, mas não faremos nenhum investimento permanente para ter torcidas organizadas - frisa Milena, confirmando que a escola aluguel uma área ociosa da arena para uma escola particular que em fevereiro começa suas atividades e usará a quadra da Arena da Barra para as aulas de educação física.



Fonte: GloboEsporte.com