Jordi tem só 23 anos, mas já viveu de tudo um pouco no Vasco. Já tem dois acessos para a primeira divisão no currículo, títulos, mas também quedas e muita cobrança. Desde muito jovem, o goleiro teve de aprender a lidar com tudo isso em um dos momentos mais conturbados da história do Vasco.
Ainda jovem, com 16 anos, chegou em São Januário para as categorias de base. Chegou exatamente em 03 de janeiro, e guarda a data na memória até hoje. Jogou um ano no juvenil e três anos nos juniores até chegar na equipe principal do Cruz-Maltino.
Acessos e queda
No dia nove de setembro de 2014, teve a oportunidade de atuar pela primeira vez como profissional. Foi no jogo contra a Luverdense, pela rodada 21 da Série B daquele ano. Jordi foi bem, não levou gol, e o Vasco venceu por 2 a 0.
"Eu fiz minha estreia em 2014 com o "Papai" Joel Santana. Graças a Deus ele me deu todo o apoio naquela época. Eu ainda não tinha feito nenhuma partida, estava no final da temporada e o Vasco estava precisando subir, precisava das vitórias. Graças a Deus, de quatro partidas que eu fiz, eu tive três vitórias e fui muito bem", lembra, em conversa com a reportagem de oGol.
Dos quatro jogos de Jordi, o Vasco venceu sem sofrer gols a Luverdense, a Portuguesa e o Boa Esporte. Na última rodada, com o time já garantido na Série A, Jordi levou um gol na derrota para o Avaí.
2015 já foi mais complicado para Jordi e para o Vasco. "Foi o ano do rebaixamento, um ano muito difícil para mim". O goleiro fez dez partidas no Campeonato Brasileiro que acabou rebaixando novamente o clube, sofrendo 20 gols. A pressão naquele momento foi enorme.
"Eu já vivenciei duas quedas, sendo que uma delas eu não tive participação, que foi a de 2013. A de 2015 eu tive participação. Mas é nos momentos difíceis que a gente cresce, que a gente aprende. A gente aprende a lidar mais com pressão, com a situação. Graças a Deus com esses momentos que eu passei eu cresci muito mais", garante.
O goleiro, apesar de jovem, mostrou cabeça para se manter focado e, em 2016, viver possivelmente seu melhor ano na carreira. Novamente campeão carioca, se mostrou importante em novo acesso do clube na Série B, fazendo mais partidas do que na Série A de 2015, 12, e sofrendo bem menos gols, 13.
"Ter me firmado como segundo goleiro foi um obstáculo muito grande. Até mesmo por ser da casa, por assumir grandes pressões em jogos importantíssimos. Ano passado (2016) não foi diferente. Na Série B, em situação um pouco difícil no final. Faltando quatro jogos para acabar, eu peguei os últimos dois, Luverdense e Bragantino. Ali é um momento que você não pode errar, é um momento delicado. Graças a Deus eu consegui lidar com a situação, fiz boas partidas e venho me firmando aos poucos, aprendendo bastante", afirmou.
Concorrência com Martín
Apesar de ser considerado reserva de Martín Silva, Jordi comemora o fato de ter um número elevado de partidas (33 oficiais) por uma grande equipe, sabendo lidar com a pressão nos momentos difíceis.
"Apesar de ter concorrência, ano passado eu fiz bastantes jogos. Como segundo goleiro, tem dois anos e meio que eu venho jogando sempre que o Martín está fora. Eu tenho em torno de quase 40 partidas (33 oficiais). Então um goleiro da minha idade ter essa quantidade de jogos sendo mais positivo que negativo, isso é muito bom. A pressão quando você entra em campo. A maioria das pessoas não quer saber da sua idade, do que você passa fora, eles querem resultado. Tem que saber lidar muito com isso, tem que se dedicar muito", analisa.
Jordi não vê com demérito ser reserva de Martín Silva. Muito pelo contrário. Para o uruguaio, tem só elogios e garante boa relação fora de campo.
"Tenho que agradecer muito a Deus por estar trabalhando com o Martín Silva. Por ter essa honra de trabalhar com um goleiro excepcional como ele. Nessa carreira eu cresci muito com muitas orientações, meu parceiro, um cara que me dou muito bem. Uma das pessoas que mais enche o saco dele sou eu, por ser uma pessoa um pouco fechada às vezes. Mas nossa amizade é sadia, nós brincamos, nós somos profissionais, treinamos muito, eu aprendo com ele e ele aprende comigo", comenta.
Futuro em São Januário
Pelo bom clima e pela experiência que vem ganhando em São Januário, Jordi não pensa em deixar o Vasco. Pretende fazer carreira no clube e pensa no futuro.
"Eu tenho minha casa aqui, tenho crescido muito. Como um segundo goleiro de um clube grande como o Vasco, eu tenho um reconhecimento muito grande. Nada disso teria acontecido se o Vasco não tivesse aberto as portas para mim da maneira que abriu. Até o momento, penso em jogar mais, ganhar mais experiência, para quando o Vasco precisar de mim eu estar preparado. Se um dia o Martín for vendido, ou seja lá o que for, eu estar preparado para suprir a necessidade de ausência do Martín", projeta.
Em 2017, voltará a trabalhar com Cristóvão Borges, figura que lembra muito pela forma de se expressar. O goleiro vê como positiva a chegada do treinador.
"Eu tive a oportunidade de trabalhar com o Cristóvão tanto em 2011 como em 2012. Eu ainda era jovem, da base, mas tinha a transição da base para o profissional. Conheci bem ele. Sempre me orientava bastante. É um cara que é profissional, dedicado, e que é de grupo. Não só ele, como o Jorginho também é um excepcional treinador, teve uma excelente passagem pelo Vasco. Aprendi muitas coisas com ele e espero aprender mais ainda com o Cristóvão, um cara que vem para fazer a diferença como sempre fez", disse.
Jordi espera jogar mais em 2017, mas pensa além. Quer fazer história no clube para deixar um legado. Quer ser lembrado pelos torcedores no futuro e deixar sua marca em São Januário. .
"O maior sonho do atleta é sempre chegar ao alto rendimento. Lógico que a seleção brasileira é um sonho, mas títulos, conquistas, vitórias. Fazer história, deixar um legado. Isso eu acho que é o mais importante, é um grande sonho. É um objetivo que eu traço na minha vida: fazer a diferença, ter uma passagem em que um dia todos vão poder lembrar. Dizer que eu pude fazer a diferença, que eu pude ajudar muitas pessoas".
Confira mais trechos da entrevista:
Lembra quando chegou no Vasco?
"Eu cheguei no Vasco dia 3 de janeiro de 2010. Eu vim do Volta Redonda fazer uma experiência, passei na experiência e me firmei no juvenil".
Quando começou sua relação com o clube?
"Minha relação com o Vasco começou quando eu cheguei aqui. Eu estava mais ligado no Volta Redonda mesmo, mas jogava muitas vezes contra o Vasco no Carioca na categoria, sempre tive o sonho de vir para cá, até comentei com meu pai. E, graças a Deus, esse sonho se realizou".
Como foi sua trajetória na base?
"Joguei quatro anos na base até chegar ao profissional. Três anos de júnior e um ano de juvenil".
Como é a relação dos goleiros no Vasco?
Até mesmo com o Gabrel Félix, nós três nos damos muito bem. Ano passado o rendimento dos goleiros foi muito bom e isso é muito importante. O Martín Silva não tenho o que dizer com relação a pessoa, ainda mais profissional. Sabemos que ele é excepional em tudo o que ele faz.
Qual seria o 2017 perfeito para Jordi?
"É difícil falar. A gente sempre quer jogar, e o que a gente não deseja nunca é a lesão de um goleiro. Então as oportunidades que aparecer, eu espero esse ano dar o meu melhor, ser melhor que na temporada passada. Nos treinamentos crescer mais, e, sempre que eu entrar, poder sempre ajudar a equipe, fazer a diferença... Espero poder fazer a mesma quantidade ou um pouco mais de jogos do que ano passado. Isso é muito bom para o goleiro reserva. Melhorar a cada dia. Graças a Deus isso tem acontecido. Esse retorno já das férias tem sido muito bom, tenho sentido uma evolução muito grande. O trabalho tem sido muito bem feito com o Caprres, com o Fábio, preparador físico, o Fábio Tepedino, isso tem sido importante para minha evolução".
Fonte: Ogol.com.br