Juniores: Artilheiro da base do Vasco, Hugo Borges se espelha em Romário

Quarta-feira, 04/01/2017 - 12:56
comentários

O gol mais bonito da carreira de Hugo Borges foi, ironia do destino, contra o Vasco. Com a camisa do Fluminense, o atacante saiu de frente para o goleiro, deu um drible da vaca e completou para o gol vazio. Comemorou sem jeito. Alguns meses depois, estava vestindo novamente a camisa cruz-maltina, prestes a conquistar o Campeonato Carioca sub-15.

- Foi o gol mais bonito que eu fiz. Estilo Romário. Comemorei de coração partido, meio sem graça. Mas faz parte do trabalho. Disputei a Taça Guanabara pelo Fluminense, e na Taça Rio eu já estava no Vasco. E fomos campeões cariocas – contou o centroavante de 19 anos.

O período pelo Fluminense foi curto. Hugo chegou ao Vasco em 2005, com apenas cinco anos. Iniciou no futsal, foi para o campo, mas, insatisfeito, resolveu ir para o Tricolor em 2010. Voltou a São Januário em 2013 e, desde então, deslanchou: foi o artilheiro geral do clube em 2015 e 2016, com 26 e 27 gols, respectivamente. No total, 53 gols em dois anos (veja alguns deles no vídeo acima).

O talento para fazer gols credencia Hugo Borges a sonhar com uma vaga nos profissionais. Mas há um detalhe a ser corrigido antes:

- Já falei para ele: artilheiro não pode só fazer gol bonito, o gol feio vai na tabela como artilheiro. Se hoje ele tem 27 gols num ano, era para ter 30, 35, porque às vezes ele tenta fazer um gol mais bonito do que a jogada necessita e acaba perdendo. É nisso que estou batendo em cima dele agora, porque ele tem que se tornar um artilheiro de verdade, que a torcida do Vasco espera. Hugo é um artilheiro nato, um homem dentro da área que tem raciocínio muito rápido – disse o técnico do sub-20 vascaíno, Marcus Alexandre.

- Às vezes é um drible a mais que eu dou, de frente para o goleiro dou uma cavada. Confio muito na qualidade técnica e acabo me excedendo nisso, perdendo o gol porque pensei que ia dar, que o goleiro ia cair. Às vezes tenho que ser aquele atacante cabeçudo, que enche o pé – admitiu Hugo, que no Fluminense chegou a jogar como volante e meia antes de retornar à posição de origem.

Fã de Romário e viciado em futebol

A referência a Romário ao lembrar do gol mais bonito que fez não é à toa. Hugo tem o Baixinho como principal ídolo no futebol. Vê vídeos do ex-atacante na Internet e tenta aprender algo. Marcus Alexandre, inclusive, o colocou para usar a camisa 11 na Copinha.

- O cara era muito frio para finalizar. Atacante para fazer gol igual a ele é difícil ter. Hoje não tem, né? Era um cara iluminado mesmo. Estou sempre vendo vídeo dele na Internet, porque aprendo bastante.

Hugo nasceu e foi criado em Duque de Caxias. Desenvolveu a habilidade jogando bola na rua, até que seu pai, Anderson, o levou para uma escolinha do Vasco, com seis anos. Logo depois, foi aprovado numa peneira e rumou para São Januário. Desde então, sua vida é o futebol. Em casa, não liga para séries ou filmes: quer ver programas esportivos ou jogar videogame.

- Não gosto de ver filme, não tenho paciência. Fico vendo só esporte. Quando ligo a televisão e não tem esporte, jogo Fifa (jogo de futebol para videogame). É futebol o dia todo.

Copinha e expectativa no profissional

Hugo está em São Paulo para a disputa da Copa São Paulo de Juniores. Será seu segundo ano o torneio – em 2016, fez quatro gols em quatro jogos. É visto pelo técnico Marcus Alexandre como a referência do elenco, justamente pela experiência – é o único do elenco que já foi relacionado para um jogo do profissional.

A oportunidade aconteceu contra o Luverdense, pela Série B, num jogo fora de casa em que nenhum titular foi relacionado, e os garotos ganharam chance. Hugo não saiu do banco. Um amigo seu, Douglas, também teve a primeira chance naquela partida, mas só assistiu ao jogo – logo em seguida, porém, viraria titular absoluto e exemplo para o atacante.

- Fiquei bastante ansioso. O clima é diferente. Estádio cheio. Ficou um gostinho de quero mais. Quem não quer entrar? Já vi como é. Poderia ter sentido esse gostinho, dar um tapa na bola, ter oportunidade de fazer um gol. O Douglas acabou virando um exemplo para todos nós, porque estava próximo da gente. Recebeu oportunidade, foi bem num jogo, no outro foi titular e fez gol. Aí, se firmou.

A esperança de Hugo é seguir os passos do amigo Douglas em 2017. Primeiro, terá a Copinha. Ainda não tem qualquer informação se terá alguma chance entre os profissionais. Por enquanto, busca se preparar para a oportunidade. Fazendo gol bonito ou não.

- Tenho que seguir trabalhando. Os gols com certeza vão me ajudar numa oportunidade, mas vai do treinador que estiver comandando no profissional. Ver se acha que deve me dar uma chance. Preciso estar preparado para que eu possa agarrar a chance da melhor maneira possível e realizar o sonho de estar no profissional do Vasco – finalizou.



Fonte: GloboEsporte.com