Casaca divulga nota sobre reestruturação financeira do Vasco e especulações de fim de ano

Sexta-feira, 30/12/2016 - 07:15
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O pagador (de promessas alheias)

Em tempo de contratações no clube e inúmeras especulações descabidas, o Vasco permanece em busca de atletas que possam reforçar o time para 2017.

Ao mesmo tempo, a direção dá uma enxugada no elenco, deixando claro não contar com jogadores que ficaram aquém do esperado no ano passado, ao longo de grande parte da temporada.

Dentre as especulações há alguns devaneios impossíveis de concretização, os quais a oposição do Vasco em mídias sociais e nos espaços próprios incitam serem os reforços que “valeriam à pena”.

Mas por qual razão fazem isso? São idiotas, vivem no mundo da lua? Longe disso! Eles querem que Eurico Miranda faça exatamente da maneira como fizeram. Contrate, não pague e a conta bata nele próprio, mais à frente.

Quando estiveram no Vasco, na linha de frente ou auxiliar, esses grupos – que hoje se multiplicam em nomes, slogans e tabelas de Excell para no fim todos se juntarem contra Eurico Miranda – fizeram exatamente isso. Gastaram sem lastro, foram fazendo experiências caras até 2011, quando montaram um time competitivo, tendo-o perdido durante a temporada de 2012. Para quem ficou a conta? Para a tia?

E qual era o discursinho lamurioso deles, uma vez no poder. “Temos jogadores de 2000 para pagar”. “O problema nosso é o pagamento aos atletas olímpicos”. Distorciam a situação com gosto, entendendo ser o torcedor do Vasco dado a pastar na grama verdinha que essa turma encomendava para os cruzmaltinos, sem pagar é claro o fornecedor. Isso também ficou por conta do Eurico saldar.

Como é sabido por muitos que acompanham um pouco mais atentamente o clube, as execuções trabalhistas (oriundas da década de 90 até os primeiros anos do século XXI) estavam sendo impedidas pelo fato de o Vasco ter acertado um acordo em 2004 com a Justiça do Trabalho para fazer um pagamento mensal e um mínimo anual, a fim de satisfazer credores.

O clube, em dezembro de 2007, assinou outro acordo, mais benéfico que o anterior e também mais brando no pagamento, se comparado ao exigido nos casos de Fluminense e Botafogo (Ato 837/07).

A gestão subsequente assumiu o clube em julho de 2008 e no dia 14 de agosto ratificou a participação do Vasco no Ato, nas mesmas condições as quais o clube estava submetido, desde dezembro de 2007. Ela, portanto, não faria novidade alguma. Apenas continuaria a executar pagamentos mensais da mesma forma como o clube procedia há cerca de quatro anos. Assumiu o Vasco sabedora disso e prometendo no discurso uma fila de investidores para o clube.

http://www.casaca.com.br/home/2010/08/03/os-irresponsaveis-pelas-penhoras/

Fora isso o Vasco, até junho de 2008, mantinha acordos com pessoas físicas e jurídicas, com parcelas pagas mensalmente, antes da troca de gestão (Antônio Lopes, Hélio Rubens, Edmundo, Romário, Donizete, Simi {Futsal}, Giovane Gávio {Vôlei}, Torben Grael {Iatismo}, Marcelo Ferreira {Iatismo}, Vasco-Barra…), além de outras dívidas constarem em balanço e os credores saberem da disposição do clube em pagá-los.

Mas o que os novos gestores fizeram?

Além de abolir o pagamento de vários compromissos antes firmados descumpriram o acordo no TRT e foram excluídos do Ato Trabalhista em julho de 2010. E assim permaneceu a situação por meses a fio. Com isso as consequências da irresponsabilidade foram vistas. Vários credores tentando sair da fila e alguns conseguiram executar o clube em função disso.

A gestão MUV/Dinamite/Amarela continuava contratando, como se não houvesse amanhã. Sim, não pagava a parcela do ato, mas trazia no mesmo mês Jadson Vieira, Douglas, Fellipe Bastos, Felipe, Éder Luís, Zé Roberto, além de renovar com Carlos Alberto por mais três anos.

Pagaram Romário? Não. Pagaram Edmundo? Não. Pagaram os atletas do basquete? Não. Pagaram impostos? Não. Honraram os acordos que já haviam sido estabelecidos antes? Não. Honraram o acordo, que punha o Vasco no Ato Trabalhista, sem poder ser penhorado em função disso? Não. Pagaram a água? Não. Pagaram a maioria dos fornecedores? Não. Pagaram acordos que eles próprios fizeram? Não. Deram calote.

Mas, por outro lado, pagaram fundos de investidores? Sim. Deixaram dezenas de confissões de dívida para a gestão seguinte? Sim. Por que não deixaram acordos regiamente pagos até a gestão de Eurico Miranda assumir? Porque acordavam com o credor, pagavam uma ou duas parcelas e depois largavam. Este credor ficava satisfeito, porque o valor devido pelo clube aumentava, com multas contratuais, juros, etc…, a gestão profissional daquele chamado “novo Vasco” da mesma forma, porque além de deixar de pagar mais uma coisa já havia jogado para o público que firmara acordo com ex-atleta A ou B, e era por isso que não conseguia pagar seus compromissos, como água, salários, corte da grama, aluguel de campos, fornecedores, gasolina do posto, conserto de ônibus e kombis, por isso não podia ter Remo forte, não podia ter Basquete adulto, não podia ter ar condicionados em todas as salas do Colégio Vasco da Gama, por isso fornecia arroz com salsicha para atletas da base em refeições, por isso não conseguia pagar taxas comezinhas, por isso teve que abandonar o patrimônio.

Há um caso, então, que só rindo para não chorar. Além de não terem continuado, logo no primeiro mês de gestão, o pagamento mensal feito a Romário, que já chegava a 48 parcelas (quatro anos), uma vez acionados na Justiça pelo ex-atleta (Romário cobrava todo o valor devido pela quebra contratual a partir de julho de 2008 e não foi até o fim em sua exigência, por interferência direta do atual presidente do Vasco, Eurico Miranda, à época oposição no clube), ainda deram um percentual pela economia, após o acordo feito, àqueles que aconselharam a manutenção do descumprimento do devido ao credor, ao longo dos anos, porque o valor não era devido, segundo eles próprios, advogados, assim entendiam.

E quanto às pendências na área cível? O Vasco tinha algumas poucas em fase de execução, como por exemplo no caso da Cambuci, briga que durava mais de 10 anos, iniciada após o clube rescindir unilateralmente o contrato com a Penalty, por questionamentos quanto à qualidade dos produtos. Mas este problema, por exemplo, foi resolvido pela gestão MUV/Dinamite/Amarela com novo acordo junto à empresa para que voltasse a fornecer material ao clube. Logo no anúncio, outro que fazia os incautos imaginarem estar o clube vivendo um conto de fadas com Bob Dinamite e os revolucionários do MUV, foi dito que o contrato traria ao Vasco 64 milhões de reais em quatro anos. Isso mesmo. Sessenta e quatro milhões.

Observem também que o discurso dos novos gestores enquanto oposição era muito focado no fato de o clube não ter um patrocínio e por consequência não ter como fazer isso ou aquilo. Pois bem, o Vasco saiu de um patrocínio máster de 3,6 milhões, celebrado pela gestão de Eurico Miranda em fevereiro de 2008, para outro conseguido com ajuda do governador Sérgio Cabral Filho, de 14 milhões de reais, em 2009. Mas diferentemente do que fazia até junho de 2008, não conseguiu manter salários em dia, foi em 2009 despejado do Vasco-Barra, atrasou salários, deixou de cumprir acordos, parou de pagar impostos e os acordos anteriormente feitos com a Receita Federal (regiamente pagos pela gestão anterior àquela até junho de 2008, após inclusão do Vasco na Timemania em novembro de 2007).

Mas o negócio era o futebol. Vamos montar times e que se dane o avião porque quando outro assumir o clube ele é quem será o piloto e não eu.

E o Vasco teve um belo time após um gastadouro desenfreado entre 2009 e 2011, usando os créditos de que dispunha, patrocínios, direitos televisivos, vendas de atletas da base, realizando uma série de negócios, satisfazendo através deles fundos criados e devidamente pagos em 2012, após o clube ter no espaço de 12 meses recebido 60 milhões de reais extras da Rede Globo (junho de 2011 e junho de 2012), mais cerca de 12 milhões de reais com negociação de atletas, mas mesmo assim permanecido com salários atrasados, sem água poucos meses depois, sem time no fim da temporada e com várias ações trabalhistas ajuizadas contra ele.

No final de 2014, enquanto a nova gestão pagava 14 milhões para obter as certidões que a gestão caloteira não tinha mais condições de arrumar, o Cruzeiro negociava para pagar por Arrascaeta, craque uruguaio, 12 milhões de reais por seus direitos econômicos.

Entre o final de 2014 e meados de 2015 o Vasco sanou todas as dívidas deixadas pela gestão anterior com relação ao não pagamento de atletas (salários e direitos de imagem) e funcionários. Algo em torno de 12 milhões. Poderia o Vasco ter investido para trazer, por exemplo, Lucas Pratto no início do ano seguinte por 10,9 milhões de reais, com tranquilidade.

No período de 2015 e 2016, enquanto o Vasco pagava por ordem da FIFA cerca de 21 milhões de reais por atletas, os quais a gestão anterior comprou, mas não honrou, o Palmeiras contratou Dudu, do Dínamo de Kiev-RUS, pagando pelos direitos econômicos 18,7 milhões de reais.

Em agosto de 2008 a nova gestão antecipou pela primeira vez cotas de TV em sua gestão, pois o pagamento quase integral das despesas do clube no mês de julho havia sido garantido com a primeira parcela da venda de Phillippe Coutinho para a Internazionale-ITA, absorvida toda pela ainda incipiente turma da Oportunidade de Ouro. O Vasco tinha o direito de antecipar cotas concernentes ao segundo trimestre de 2009 para frente, num contrato que terminaria em 2011 apenas. Na época o clube recebia cerca de 30 milhões ano da TV.

Quando Eurico Miranda chegou ao Vasco, em dezembro de 2014, o clube não tinha o direito de receber nada referente ao ano de 2015 e 2016 da TV, pois tudo já havia sido antecipado ou estava comprometido por dívidas deixadas pela gestão anterior. O valor das cotas de TV dos dois anos girava em torno de 130 milhões. Caso a situação fosse rigorosamente igual a deixada pelo próprio Eurico em 2008, o Vasco teria tido disponíveis ao longo de 2015 e 2016, cerca de 80 milhões de reais. Se todo esse valor fosse absorvido pelo futebol, a folha salarial do clube poderia aumentar em cerca de 3 milhões de reais entre salários e encargos. Quantos atletas de maior quilate poderíamos ter no elenco desde o ano passado?

Do plantel cruzmaltino, Campeão da Copa do Brasil e Vice-Campeão Brasileiro em 2011, por conta do apito inimigo, havia simplesmente nove atletas os quais o Vasco ainda deve e ficou para Eurico pagar a conta. Fernando Prass, Fágner, Dedé, Rômulo, Fellipe Bastos, Felipe, Juninho (muitos salários mínimos), Diego Souza e Éder Luís.

É recorrente o torcedor lembrar daquele time e dizer que o Eurico não montou outro igual, desde 2003 (o de 2002 com Helton, Leonardo Moura, Géder, João Carlos, Alex Oliveira; Donizete, Jamir, Léo Lima, Felipe; Euller, Romário era um time melhor que o de 2011 indiscutivelmente em cinco posições e com Felipe nove anos mais novo, embora nada tenha ganho naquela temporada, até o fim do primeiro semestre, quando se desfez).

De fato, enquanto ele, Eurico, equacionava o clube, por opção, entre 2004 e junho de 2008, mantendo o Vasco na disputa por títulos estaduais, nacionais e até mesmo com uma boa participação numa competição internacional – 2004 (Campeão da Taça Rio e finalista do Estadual), 2006 (finalista da Copa do Brasil e melhor do Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro), 2007 (19 rodadas na zona da Libertadores e sexto colocado na Copa Sul-Americana), 2008 (Semifinalista da Copa do Brasil, com derrota nos pênaltis para aquele queria o campeão daquela edição) – mas com sérias limitações orçamentárias, a gestão seguinte o fizera cair em 2008 – após pegá-lo em nono, com salários em dia, 108 rodadas sem frequentar a zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro e já tendo figurado na zona da Libertadores numa delas naquele mesmo ano – e danara a gastar desmedidamente entre 2009 e 2011 para conseguir enfim montar um time competitivo e comprometer o Vasco financeiramente menos de um ano depois disso, já completamente destroçado institucionalmente.

Eurico Miranda não assumiu o Vasco em dezembro de 2014 com queixas, mas sim com muito trabalho. Prometeu reestruturar o clube e está fazendo isso; disse que o Vasco nunca cairia de divisão com ele à frente, mas também afirmaria por certo que jamais o clube seria garfado numa competição em 14 pontos (trata-se, de um recorde, de fato); proporcionou mais dois títulos estaduais para a torcida vascaína (agora são 16 no currículo entre os oficiais, desde Estaduais), que no século, até 2014, havia visto o Vasco ganhar apenas um; obteve um feito que ficará registrado na história do clube em sua gestão – maior sequência de jogos oficiais invictos de todos os tempos; fez ressurgir das cinzas o Basquete adulto; manteve em todos os meses de sua gestão, mesmo numa situação catastrófica encontrada, salários em dia; reforçará o Vasco para a temporada de 2017, investindo mais no futebol, mas também ciente do compromisso institucional firmado por ele, como diretriz de governança.

Aos do contra, especulem, esperneiem, distorçam, mintam.

Aos desinformados, informem-se melhor.

Aos vascaínos de raiz, sabedores da situação encontrada ao final de 2014, tenham certeza que no Vasco trabalha-se todos os dias para reverter o quadro – algo já feito em parte – com o objetivo de ver o clube mais forte, mais independente, mais sólido financeiramente, mais vitorioso e mais vezes campeão.

Casaca!

Fonte: Casaca