Os números mostram duas vertentes contrárias: o povo amazonense gosta e, ao mesmo tempo, não gosta de futebol. Estranho, né? No dia 24 de abril de 2016, 40.619 pagantes (44.419 presentes) ocuparam 100% da Arena da Amazônia – recorde de público no local – para assistir a vitória do Vasco por 2 a 0 sobre o Flamengo, pela semifinal do Campeonato Carioca. Seis meses depois, inacreditáveis cinco pessoas prestigiaram a vitória do Manaus FC por 2 a 0 sobre o Nacional Borbense, no estádio do Carlos Zamith, pela 13ª rodada do Campeonato Amazonense.
Nem mesmo se agrupar todos os torcedores que testemunharam as 45 partidas do futebol local, a Arena da Amazônia seria completamente ocupada: 9.397 pagantes, pouco mais de 20% da capacidade total do estádio. O maior público da competição foi na decisão entre Fast e Princesa, também na Arena, quando 1.574 fãs estiveram nas arquibancadas.
- É um problema histórico que está durando mais de três décadas. Não vai se recuperar da noite para o dia. Depende de resultados do futebol amazonense. Tudo que foi feito da forma que é feito, vale reflexão. Tudo que foi feito, não deu certo. Muita coisa colaborou para isso. Dentre as quais, a criação do clube dos 13, em 1987. Os grandes clubes ficaram imensos e os pequenos clubes ficaram muito distantes. E os times do Amazonas estão inclusos no segundo grupo – disse o presidente da Associação de Clubes Profissionais do Amazonas (ACPEA), Cláudio Nobre.
Além do clássico dos milhões, a Arena também recebeu o embate entre o Cruz-Maltino e o Fluminense, pela última rodada da Taça Guanabara. O alvinegro venceu por 1 a 0, diante de 28.191 pessoas. Apesar do público mediano, 69% das cadeiras foram ocupadas. Na opinião do diretor da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Ivan Guimarães, a disparidade entre as plateias é justificada pela falta de atratividade dos times locais.
- Esse ano foi um ano atípico, porque concorremos com várias competições paralelas (Campeonato Brasileiro, Sul Americana, Copa do Brasil). E outro problema é a falta de atratividade. Se o clube não tem resultado dentro de campo, não tem atração, o torcedor não vai ao estádio. Para o torcedor ir, ele tem que acreditar, o clube precisa mostrar melhoria - completou Ivan.
O curioso é que, desde que foi inaugurada, a Arena da Amazônia nunca havia sediado tantos confrontos – de graça (sem aluguel do campo) – válidos por competições locais. Disso, pode-se tirar uma informação: oferta teve, o que faltou foi a procura.
Fonte: GloboEsporte.com