Romarinho, hoje no Macaé: 'O coração vai bater mais forte quando for contra o Vasco'

Quinta-feira, 22/12/2016 - 23:28
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Além dos craques dos clubes de maior investimento, o Campeonato Carioca terá atrações também nas equipes menores. Loco Abreu, por exemplo, vai vestir a camisa do Bangu. No Macaé, uma das apostas para fazer uma boa campanha é o atacante Romarinho, de 23 anos, que retorna ao Brasil depois de um período de um ano no Zweigen Kanazawa, da Segunda Divisão do Japão. Assim como o time do Norte-Fluminense, ele espera dar trabalho para os grandes e dar um passo à frente na carreira com as próprias forças, sem o peso de ser sempre "o filho do Romário".

No Japão, Romarinho se viu mais longe da influência do pai ídolo mundial e gostou da experiência.

- Lá eu era só o Romarinho. Claro que conheciam meu pai, o mundo todo conhece, inclusive no Japão, mas lá era só Romarinho. Aqui no Brasil sei que tem essa cobrança, essa comparação. Estou acostumado. Mas sei que lá sempre correu tudo com as minhas próprias pernas, porque meu pai nunca jogou lá e quem me levou foi meu empresário (Márcio Bittencourt) - disse o atacante.

Depois de passar as festas de fim de ano no Caribe, Romarinho se apresenta ao Macaé no dia 2 de janeiro, já livre dos problemas físicos que o atrapalharam em sua reta final no Zweigen Kanazawa.

Confira a entrevista completa com o camisa 17:

EXPERIÊNCIA NA SEGUNDA DIVISÃO DO JAPÃO

Foi uma mudança completa, tudo diferente do que eu já tinha vivido. Pelo povo, pelo futebol... acho que foi a melhor escolha que eu fiz ter ido para lá, ter ficado um tempo fora, ter aprendido muita coisa. Tudo que eu vivi lá foi bom para mim. Mas agora estou feliz de voltar para o Brasil depois dessa experiência, que me marcou. Espero voltar para lá um dia.

IDIOMA JAPONÊS

Eu consigo conversar um pouco... Dá para entender um pouco, mas chegar em uma mesa e falar com o pessoal não consigo. Mas sai um japonês um pouquinho (risos).

AUTOAVALIAÇÃO DO PERÍODO NO JAPÃO

Para qualquer jogador, ainda mais novo, que vai para fora, para o Japão, demora para se adaptar. Demorei um mês, dois meses, e no terceiro acertei meu posicionamento. Eu mudei de posição, joguei no meio de campo. Aqui eu jogava aberto no ataque, e lá nosso time não jogava dessa forma. Depois que me adaptei, comecei a ter problema de lesões. Mas consegui fazer alguns jogos e recebi elogios dos japoneses. Não tive uma sequência muito grande. Agora voltei ao Brasil para me recuperar totalmente, jogar e aparecer novamente. Fiz um trabalho de fisioterapia e agora acho que estou 100%.

VIDA SOLITÁRIA DO OUTRO LADO DO MUNDO

Morei sozinho até o meio do ano. Depois minha mãe foi e ficou três meses comigo e me deu muita força no momento das lesões. Estava bem chateado e precisei dela do meu lado. Consegui me virar.

"SÓ ROMARINHO"

Lá eu era só o Romarinho. Claro que conheciam meu pai, o mundo todo conhece, inclusive o Japão, mas lá era só Romarinho. Aqui no Brasil sei que tem essa cobrança, essa comparação. Estou acostumado. Mas sei que lá sempre correu tudo com as minhas próprias pernas, porque meu pai nunca jogou lá e quem me levou foi meu empresário. Sei que essa comparação sempre vai existir, e estou acostumado com isso desde pequeno e sei lidar de uma boa forma.

DESAFIO NO MACAÉ

Dia 2 de janeiro tenho que me apresentar em Macaé para começar a treinar. Desde que voltei do Japão tenho treinado diariamente com o meu fisioterapeuta, o Rato. Na praia, academia, no campo... não parei. Já comecei minha pré-temporada. Tenho certeza de que vai ser um campeonato bastante acirrado, porque os times vão chegar muito fortes. Estou na expectativa de ter um bom começo de ano. Tem bastante gente falando bem da estrutura do clube. Já joguei no estádio e sei como o Macaé é grande também. Estão fazendo boas contratações e montando uma equipe para brigar em cima, para conseguir alguma coisa. Estou confiante. Jogar contra Flamengo, Vasco, Botafogo... isso dá uma vontade a mais também. Vai ser legal o campeonato.

CARIOCA, UMA GRANDE VITRINE

Meu contrato é apenas para o Carioca. São poucos jogos, é uma competição rápida, mas contra grandes times. Tenho certeza de que se eu for bem e fizer a diferença, coisas boas vão aparecer. Ou até permanecer para a Série C. Mas penso em coisas grandes também, porque foi muito boa minha experiência fora do país.

Acho que vai ser muito bom. Todos os jogos serão transmitidos, então todo mundo vai poder acompanhar. Tem grandes jogadores. Vai ser uma honra poder enfrentá-los e ganhar (risos).

SONHO DE CARREIRA

Gosto muito da Europa. Moraria lá. Acho que tenho o estilo do Campeonato Português e do Campeonato Espanhol. Um dia eu gostaria de jogar.

VOLTA AO MARACANÃ/REENCONTRO COM VASCO

O coração vai bater mais forte quando for contra o Vasco. Estou ansioso a voltar a jogar no Maraca, sentir o calor do torcedor brasileiro, que é muito diferente. Estou doido para começar logo.

RELAÇÃO MANTIDA COM O VASCO

Tenho grandes amigos ainda. Fui recentemente na pelada do Nenê, que foi um irmão que eu fiz. Tem o Julio Cesar e o Diguinho, que estou sempre falando... Luan e o Henrique, com quem jogo desde pequeno. Fiz grandes amizades que vou carregar sempre. O Vasco foi minha vida, foram seis anos lá dentro. Aprendi muita coisa lá. Amadureci fora do Brasil agora, mas minha escola de vida foi toda lá. Foi muito bom.

POSIÇÃO NOVA DESEMPENHADA NO JAPÃO

Eu tive que jogar no meio de campo porque o time jogava com dois centroavantes e quatro meias. Tive que jogar mais aberto e marcar muito. Precisei aprender muito na parte tática, porque eles cobram muito nos treinos e jogos. Se não treinar bem, ficam de cara feia para você. É preciso dar o máximo. Os japoneses chegam uma hora antes da hora do treino e já vão para o campo bater bola. Quando acaba ainda tem gente correndo. Me assustei com isso no começo. Eu antes não fazia, acabava o treino e ia para o vestiário. Depois aprendi que era bom para mim e comecei a fazer os mesmos trabalhos que eles faziam. Eu não tinha essa cabeça. Quanto mais eu treinar, mais vou evoluir. Senti muita diferença no jogo. Lá é tudo bem certinho na parte tática, e como tempo fui aprendendo a língua e isso me facilitou também. Meu problema foram as lesões. Se não fosse isso seria perfeito.

NÃO QUERIAM QUE FOSSE "ESTlLO ROMÁRIO", UM MATADOR?

Meu pai não jogou no Japão, nunca teve nada no Japão. Ele não teve nada a ver com a minha ida para lá, quem viu tudo foram os meus empresários. Viram meus jogos pelo Vasco no fim do ano, quando eu pegava pegava a bola e ia para dentro. Isso que eles queriam. O técnico me pedia isso, porque eles trocam muitos passes. Acho que eu era o diferencial do time. Meu forte é pelos lados, não sou um artilheiro. Se sobrar eu faço, mas prefiro criar as jogadas de gol.

"CORNETAGEM" PATERNA

Meu pai é meu maior corneteiro (risos). Jogando pelada com ele ou vendo meus jogos, ele só me critica. Não dá uma moralzinha. Só dá moral com os outros, na minha frente ele só critica. Mas isso é bom para eu ver meus erros. Desde que eu sou moleque jogo com ele nas peladas e só levo esporro. Mas é para eu parar de errar coisas bobas. E não tem como não escutar o meu pai, né? Mas ele me dá muita força e gosto dos conselhos. Com a experiência dele não tem o que reclamar.

PAI, ÍDOLO

Ele é ídolo no mundo todo, é o meu maior ídolo também, lógico. Mas agora ele tem a carreira política dele, e eu já estou há quatro anos no profissional. Ele me respeita muito. Temos essa distância, eu respeito o espaço dele, e ele o meu. Caminho com as minhas próprias pernas, com a ajuda dos meus empresários. Lógico que vou sempre escutar o que ele tem para me falar. Graças a Deus pude mostrar meu futebol onde passei e espero continuar assim. É um orgulho ter ele como pai, mas ainda bem que ele respeita meu espaço.



Fonte: GloboEsporte.com