Foram três anos distantes, separados por uma divisão, barreira tão cruel e intransponível quanto o antigo Muro de Berlim. Foi um período de desencontros, em que o elevador de Vasco e de Botafogo insistiram em não parar no mesmo andar. Mas isso acabou, finalmente, e famílias amigas e rivais - como a do botafoguense Pedro e a do vascaíno Geraldo - poderão assistir lado a lado aos seus times se enfrentarem na Primeira Divisão em 2017.
O último clássico que viram juntos no Campeonato Brasileiro foi em 2013, quando o mundo não imaginava que Donald Trump pudesse ser eleito presidente dos Estados Unidos e, no Brasil, Dilma Roussef e impeachment não existiam na mesma frase. Passado aquele confronto, que terminou em 2 a 2, o Vasco disputou a Série B de 2014; no ano seguinte foi a vez do Botafogo; e, nesta temporada, o Vasco novamente frequentou a Segundona. A torcida agora é para que essa gangorra termine.
- É interessante ver os clubes do Rio fortes - destacou Pedro Paulo Pessoa Pinto, músico de 38 anos e pai de três filhos botafoguenses: - Precisamos ter os quatro grandes na Série A. O Rio sempre foi uma referência, precisa voltar a ser.
Que seja eterno esse reencontro: o Clássico da Amizade não pode ter divisão.
Rivalidade cresceu com finais de Estadual
Discursos amistosos são bonitos na teoria, mas a realidade é permeada por rivalidade. Isso porque, ao menos no Estadual, Vasco e Botafogo não estão distantes, muito pelo contrário. Nas últimas duas decisões, o time de São Januário levou a melhor sobre o adversário. Geraldo Medina Neves, de 59 anos, servidor público e pai de duas filhas, também vascaínas, quer saber de ampliar a freguesia para os gramados sob o comando da CBF.
- Vai ser bom voltar a enfrentar o Botafogo no Brasileiro, até porque ultimamente estamos vencendo esse clássico e todos os outros com frequência - provocou.
Brincadeiras à parte, seria bom que Vasco e Botafogo olhassem um para o outro para aprender com os erros e os acertos do rival. Gigantes do futebol brasileiro, não deveriam passar tanto tempo sem estarem juntos na elite. Um exemplo é a capacidade que o Alvinegro teve este ano de reverter a tempo o começo ruim na Primeira Divisão. Assim, transformou o medo do rebaixamento em classificação para a Libertadores.
- O segredo é ter dinheiro para investir, não tem jeito - opinou o torcedor alvinegro: - O Botafogo está se recuperando financeiramente, agora é contratar cinco ou seis jogadores de nível para colocar o time jogando bem.
O próprio Cruz-maltino tentou fazer o mesmo em 2015, mas não conseguiu. A reação e as contratações vieram tarde demais e a queda foi confirmada.
Até mesmo este ano, o retorno à Série A não foi com a pegada que se esperava. Para Geraldo, questões extracampo podem ter sido o motivo para a quantidade de sustos maior do que o recomendado a um gigante:
- Não sei se houve muita interferência do presidente, alguma coisa aconteceu. O time vinha muito bem na Série B, depois de ganhar o Estadual. Não era para cair de rendimento assim.
Alvinegro Pedro dá boas vindas para vascaíno Geraldo na Primeira Divisão |
Famílias são amigas, mas também têm rivalidade |
Fonte: Extra Online