Os jogadores do Vasco sentiram na pele as dificuldades de enfrentar um time colombiano no auge do narcotráfico. Em 1990, foram a Medellín para a disputa das quartas de final da Copa Libertadores, contra o Atlético Nacional. Na chegada à cidade, soldados fortemente armados escoltaram a delegação até o hotel. E até mesmo lá a intimidação continuou.
— Faltou água no meu quarto. Tentei ir à recepção, mas um segurança na porta me impediu — lembra o ex-goleiro Acácio.
No caminho para o vestiário do Atanásio Girardot, cães farejavam as bolsas carregadas pelos atletas.
— Havia uma escolta muito grande, e os soldados ficavam no vestiário. Não adiantava pedir para saírem — conta o ex-atacante Sorato.
Os atletas cruz-maltinos estranharam algumas decisões da arbitragem naquele jogo, vencido pelo Nacional por 2 a 0. Diante da suspeita de que o cartel havia subornado a arbitragem — com direito a ameaças de morte —, o Vasco conseguiu anular a partida. A confirmação veio somente no ano seguinte, quando o árbitro uruguaio Daniel Cardellino admitiu à Conmebol as ameaças e uma oferta de 20 mil dólares (hoje, cerca de R$ 70 mil).
O novo jogo foi disputado em Santiago, no Chile. Com um grande time, os colombianos venceram novamente: 1 a 0. O Nacional foi eliminado na fase semifinal pelo Olimpia, do Paraguai, que terminou campeão.
Fonte: Extra