- Arerê, o Vasco vai ficar na Série B!
A zombaria cantada pela torcida do Criciúma após a vitória do time catarinense sobre o Vasco parecia ser o grito que trazia à tona, de forma definitiva, uma preocupação que dificilmente passaria pela cabeça de um cruz-maltino no início da partida. Uma ficha que caía. Pode o Gigante da Colina permanecer na Série B?
Do otimismo antes do jogo à preocupação do fim, o Vasco viveu uma gangorra de emoções no sábado, no estádio Heriberto Hülse. Um clima que se estendeu à delegação, que deixou Criciúma em silêncio, em claro clima de abatimento, no caminho de volta ao Rio de Janeiro – apenas o técnico Jorginho conversou com a imprensa.
A confiança
Bastava uma vitória para o Vasco garantir o acesso à Série A. E o otimismo era geral antes do jogo. O setor destinado aos torcedores cruz-maltinos ficou cheio. Havia catarinenses fiéis ao clube e até cariocas que fizeram loucuras para ver de perto o retorno do time à elite. Os estudantes Rafael e Derik, por exemplo, saíram de Seropédica, cidade na Baixada Fluminense, e de carona em carona chegaram a Criciúma, numa viagem de 24 horas.
Dois a um. Dois a zero. Vitória, não importa o placar. As apostas no resultado eram todas favoráveis ao Vasco. Todas colocavam o time na Série A. E a letrinha que indicava a elite apareceu na arquibancada, nas mãos de um menino, que a brandia orgulhoso, como se fosse questão de horas.
O ônibus com o time chegou sob festa. Fogos de artifício, gritos de apoio. Deu tempo até para pedir a contratação de Riascos ao diretor de futebol do clube, Isaías Tinoco, no momento em que o dirigente pisou no gramado.
O silêncio
Bastou a bola rolar, e o clima mudou. O Vasco não se acertava, e a torcida, que chegou a ser maioria momentos antes do jogo, ficou tensa. Calou-se. Tentou em alguns momentos retomar a empolgação, mas o que via em campo não a inspirava. Dentro das quatro linhas, os jogadores conversavam, até discutiam, sentiam que havia algo a ser corrigido.
Ironia: o Vasco tomou o gol depois de sobreviver ao momento mais crítico e desorganizado no gramado. Na arquibancada, descontração só quando o zagueiro Nathan, do Criciúma, deu um chutão, e a bola foi parar em mãos vascaínas, que ameaçaram guardá-la, mas cederam aos pedidos vizinhos para devolvê-la ao gramado.
Antes do apito final, a torcida do Criciúma começou a zombaria. Primeiro, gritou olé para cada passe trocado de seu time. Depois, soltou o grito que deve gelar a espinha de cada vascaíno. Pode o Vasco ficar na Série B?
Não deu para saber a resposta dos jogadores. Depois do protocolo de entrevistas na saída de campo, não foi mais possível conversar com eles. O técnico Jorginho apareceu para uma coletiva, enquanto ordens da diretoria indicavam que não era permitido sequer fazer imagens dos atletas entrando cabisbaixos no ônibus. Passaram um a um, sem ter muito para onde olhar, sem falar.
No fim, os torcedores quebraram o protocolo. Ao verem Andrezinho, o último a entrar no ônibus, sair do vestiário, eles correram em disparada para tirar fotos com o meia. Haja selfies e autógrafos. Depois, ficaram no canto, enquanto o veículo manobrava para deixar o Heriberto Hülse. Também silenciosos, eram a prova de que o amor persiste. A ficha do risco de permanência pode ter caído, mas, naquela ausência de palavras, mostraram aos jogadores que acreditam.
Fonte: GloboEsporte.com