A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) convocou para esta terça-feira um arbitral que poderá mudar a fórmula de competição em 2017. A proposta é de um Campeonato Carioca com 12 clubes em sua fase principal. Haveria uma fase preliminar, sem os quatro grandes, disputada pelos dois clubes que subiram para a Série A neste ano - Nova Iguaçu e Campos - e os quatro últimos colocados antes dos rebaixados América e Friburguense, ou seja, Tigres (11º), Portuguesa (12º), Cabofriense (13º) e Bonsucesso (14º). Dessa disputa sairiam dois clubes para se juntarem aos 10 demais na fase principal. O torneio preliminar, porém, é visto como uma "seletiva" para o Carioca e há resistência.
Somente dois clubes foram rebaixados neste ano - América e Friburguense - e o regulamento vigente é de dezembro de 2015. Pelo Estatuto do Torcedor, lei federal, só pode haver mudança após dois anos. Por isso, a entidade fez uma consulta formal ao Conselho Nacional do Esporte (CNE) e a nova fórmula será levada à votação. Embora a Ferj não tenha recebido uma reposta oficial do órgão, o GloboEsporte.com já chegou à cúpula da entidade com a informação de que a solicitação será aprovada.
Consultada, a Ferj disse que só comentará esse tema após o arbitral. De acordo com alguns dos dirigentes consultados, não houve uma explicação ou comunicação oficial da Ferj explicando de que forma será feita a mudança. A fase preliminar do Carioca tem previsão de início para 11 de janeiro, uma quarta-feira, mas a data ainda não está fechada e pode mudar.
O diretor-executivo do Flamengo, Fred Luz, representante do clube na Ferj, disse que "acha que tudo que fere regulamentos e leis gera insegurança" e que ainda precisa de mais informações para formar uma opinião sobre a proposta.
- Não tenho opinião sobre isso, pedi para o meu pessoal pegar os regulamentos, estudar e nos passar para que possamos dar a nossa posição. As posições do Flamengo são sempre legalistas, a gente acha que tudo que fere regulamentos e leis gera insegurança. Mas, na verdade, não estou inteirado ainda. Ainda tenho que receber da federação o que vai acontecer para nos posicionarmos.
Já o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, afirmou que vai esperar o arbitral para dar qualquer declaração:
- Não tenho como antecipar, o assunto vai ser tratado amanhã no Arbitral, onde o Botafogo se manifestará. Não tenho nenhuma manifestação prévia.
O Campos, que conseguiu acesso à Série A, preferiu não se pronunciar sobre a mudança nas regras. O presidente do Bonsucesso, José Ferreira Simões, 14º colocado neste ano, disse considerar que o modelo transforma essa primeira fase em uma espécie de "seletiva" para o Carioca, o que não estava previsto e prejudica o seu clube que, pelo regulamento vigente, disputaria a Série A com os principais clubes do estado - o que significa mais dinheiro e visibilidade. Se não classificar entre os seis, o Bonsucesso estaria rebaixado sem sequer disputar a Série A. O dirigente, por isso, disse que deve ser contrário à mudança.
- Vão apresentar amanhã (terça), mas não sei como vai ser apresentado. No ano passado, todo mundo entrou disputando um campeonato já definido para o outro ano. O regulamento é de 2015, pelo Estatuto do Torcedor não poderia mudar. Mas não sei como vai fazer. Eles não querem falar, mas isso é uma seletiva. Ficam os dois que estão subindo, mais o 11º, 12º. 13º e 14º, e não está escrito em lugar nenhum que seria assim. Quanto a gente entrou para disputar o campeonato, desceriam dois e subiriam dois. O Campos e o Nova Iguaçu disputaram para entrar na primeira direto... Eu, sinceramente, não vou votar a favor não. Isso está prejudicando a gente. Votação, o que vou fazer? Vou perder mesmo. Mas pelo menos a gente tem uma posição. Não tem nada contra ninguém, nem nada, mas está prejudicando demais - lamentou Simões.
Jorge Varella, presidente do Bangu, sétimo colocado em 2016, considerou prematuro analisar a proposta agora já que não recebeu qualquer informação oficial a respeito. Mas confirmou que já há comentários nos bastidores sobre a nova fórmula. Mostrou receio também em relação ao Estatuto do Torcedor, mas ressaltou que se for levado à votação é porque houve algum tipo de acerto legal.
- Até o momento ninguém nos chamou e disse que vai ser assim, então é prematuro fazer qualquer tipo de comentário. Tem de ser analisado pelo seguinte ângulo, se fossem 12 clubes, teriam caído seis. A detentora (Globo) dos direitos do campeonato vem há três anos dizendo que quer que sejam 12. Eu acredito que isso uma alternativa que o presidente da Ferj está criando, porque senão já teriam caído seis. Eu não sei de que forma essas colocações vão ser feitas, o que será apresentado para discussão. Vamos ver o que vai acontecer.
Fonte: GloboEsporte.com